Cantor trabalhou em faixas inéditas ao lado de músicos como Will.i.am e Akon; "Este álbum precisa ser melhor do que Thriller", disse Ne-Yo
Michael Jackson estava com tudo engatilhado para lançar um álbum com colaborações de grandes nomes do hip hop e do pop, informou o jornal britânico The Guardian. Com isso, fica a expectiva de um disco póstumo para incentivar o já reaquecido catálogo do músico. O site da Amazon, por exemplo, mantém seu top 12 preenchido por discos de estúdio e coletâneas do astro. Michael Jackson faleceu na tarde da última quinta-feira, 25, vítima de uma parada cardíaca, em Los Angeles.
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Parcialmente gravado em Las Vegas, o disco tem composições de Akon, Ne-Yo e Will.i.am, do Black Eyed Peas. Jackson vinha trabalhando no disco há vários anos. O cantor apostava suas fichas no álbum para reaver o prestígio que, nos anos 80, lhe valeu o título de Rei do Pop.
Artista solo com maior poder de vendas - sua discografia vendeu em torno de 750 milhões de cópias ao longo de quase quatro décadas de carreira, afirmam fontes não oficiais -, Jackson foi abandonado pela gravadora Sony. De invencível, como em inglês sugere, Invencible, seu último álbum, de 2001, não teve nada: foi malhado pela crítica e vendeu "apenas" oito milhões de cópias mundo afora. Thriller, até hoje o maior sucesso da indústria fonográfica, vendeu no mínimo 50 milhões de cópias (embora estimativas apontem até 104 milhões de cópias) e ficou 37 semanas em primeiro lugar nas paradas norte-americanas.
Há dois anos, Akon falou sobre o disco ao site do Entertainment Weekly. "É incrível. Estamos tentando algo que ele nunca fez antes, e este é o desafio. Não há muito que Michael não tenha feito. Apenas esteja preparado."
O lançamento do álbum foi adiado por consecutivas vezes pelo músico que, aponta a imprensa internacional, dizia estar nervoso com a reação do público.
Em 2008, ao jornal britânico The Mirror, Ne-Yo (que já escreveu hits para Beyoncé) disse ter composto e enviado por e-mail diversas faixas para Jackson. "Este álbum precisa ser melhor do que Thriller. [Jackson] quer melodias matadoras. Ele me liga de volta para dizer, 'Eu realmente gosto da canção três; na quatro o gancho poderia mais ser mais forte. Na número um, mude o primeiro verso... Ok, tchau". Click. E aí eu refaço e ele gosta, 'ok, estão perfeitas. Mande-me mais."
"Michael está muito nervoso. (...) Ele sabe que as pessoas querem que ele falhe. É difícil quando todos os olhos recaem sobre ele. E há tanta competição de jovens por aí...", disse Ne-Yo.
Em 2007, Will.i.am afirmou que Jackson estava trás de novas tecnologias para o trabalho - em particular, redes sociais e download. O frontman do Black Eyed Peas, que já assinou hits para Justin Timberlake e 50 Cent, assegurou que o artista não tinha perdido poder de fogo. "Cara, ele ainda consegue cantar como um pássaro."
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, em 2007, Will.i.am disse que já existiam seis músicas prontas, e chamou de "ouro" um possível hit, "I'm Still the King".
"Até hoje, Michael Jackson é o maior nome da indústria nesse formato em que se gravava disco, lançava, botava na rádio, filmava um clipe, disco de platina", disse Will.i.am ao repórter Bruno Natal. "Ninguém se compara, nem ele mesmo. Agora a indústria está de cabeça pra baixo. É a melhor hora para se lançar, porque não se está mais competindo com aquele sistema. Não tinha YouTube, MySpace, celulares, ringtones, nada disso! Os objetivos são diferentes, mais diversos. É possível comparar o impacto."
Jackson tentou lançar o álbum pelo selo Two Seas, do xeique Abdulla Bin Hamad Bin Isa Al-Khalifa, príncipe do Bahrein (arquipélago no Golfo Pérsico no qual o artista residia no momento). O músico fechou o contrato em abril de 2006. Mas, em novembro do ano passado, o negócio desembocou em um processo: o xeique alegou que Jackson não cumpriu o combinado de realizar dois novos álbuns, uma autobiografia e uma turnê.
Ian Halperin, biógrafo do cantor (o livro ainda não chegou ao mercado) também apontou a existência de mais material inédito de Jackson. Até 100 canções, feitas para os três filhos do músico, foram anunciadas por Halperin antes da morte do biografado, segundo o The Guardian. "Ele quer deixá-las para suas crianças, um legado bastante pessoal para elas. Fui avisado que [Jackson] não as liberaria agora." Halperin causou frisson na imprensa no final de 2008, ao afirmar que Jackson sofria de uma doença terminal no pulmão. Na época, a notícia foi desmentida por representantes do cantor.