"Mesmo divergindo das ideias de um governo, jamais abandonarei meu público", escreveu o compositor
Na última sexta, 28, circulou na internet a carta que Roger Waters escreveu a Milton Nascimento, pedindo para que ele não se apresentasse em Israel, da mesma foram como já fez com tantos outros artistas. Mas o lendário músico brasileiro respondeu a essa súplica do ex-Pink Floyd com um texto digno de sua fama e de sua capacidade de transmitir mensagens de amor.
Logo no começo, ele já deixou claro que não vê sentido em ignorar Tel Aviv como um possível palco para poder tocar suas composições, "afinal de contas, todo artista deve ir onde o povo está, não é mesmo?".
Nascimento explicou também que o show foi organizado por uma empresa gerenciada por um brasileiro, e por isso, qualquer acusação de que ele está contribuindo para o "apartheid israelense", já se torna inválida:
"Este show NÃO tem qualquer incentivo do governo de Israel, muito menos do exército israelense. São meus fãs israelenses que me trouxeram até aqui, sendo que, grande parte destes fãs são brasileiros que vivem em Israel", escreveu.
O cantor usa de exemplo a situação vivida pelo nosso país atualmente, e como seria devastador se não existisse a música para mover ideias e combater retrocessos:
"Durante a ditadura militar brasileira eu jamais deixei de tocar no meu país. Então, por que eu deixaria de tocar agora? Por que deixaria de compartilhar experiências de amor e mudança enquanto acontece no Brasil um governo de extrema-direita?"
Mas possivelmente a parte da resposta que realmente explica de uma vez por todas porque essa história de boicotar shows em países que vivem situações políticas controversas não deve e nem pode continuar, segue destacada abaixo:
"Mesmo divergindo das ideias de um governo, jamais abandonarei meu público. Afinal, são as pessoas que importam e que podem transformar. Minha questão, a qual deixo aqui para reflexão de todos: por que um povo deve sofrer retaliação pelos atos políticos de seus governantes? As minorias contrárias devem continuar sem voz? Para mim, repito, o artista deve ir onde o povo está e hoje eu estou aqui para celebrar a paz e tudo que nos une
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