Apesar dos resultados de estudos internacionais, o governo defende o uso da substância no tratamento da doença
O Ministério da Saúde contrariou a decisão da OMS - Organização Mundial da Saúde - e manteve o uso da cloroquina para o tratamento dos casos de coronavírus. Mayra Pinheiro, secretária de gestão em trabalho na saúde, divulgou nesta segunda-feira, 25, o documento que permite a utilização da substância em todo território brasileiro para qualquer estágio da doença.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, a declaração segue a aprovação de Jair Bolsonaro para o uso do medicamento além dos casos graves de covid-19, na semana passada. Mayra afirmou que as autoridades estão “muito tranquilas e serenas” em relação à orientação tomada.
+++ LEIA MAIS: Bolsonaro quis mudar a bula da cloroquina, revela Mandetta
"Ela segue uma orientação feita pelo Conselho Federal de Medicina que dá autonomia para que os médicos possam prescrever essa medicação para os pacientes que assim desejarem. Isso é o que vamos repetir diariamente. Estamos muito tranquilos a despeito de qualquer entidade internacional cancelar seus estudos com a medicação”
Ao dizer que “não haverá qualquer modificação na nota que foi feita”, a secretária se refere ao estudo da OMS que foi interrompido por causa do risco de vida proporcionado aos pacientes envolvidos.
A pesquisa Solidarity acompanhou tratamentos de coronavírus com hidroxicloroquina, cloroquina, remdesivir, lopinavir com ritonavir e interferon beta-1a em 18 países durante os últimos dois meses.
Já a revista científica The Lancet analisou dados de 96 mil pessoas tratadas com hidroxicloroquina e cloroquina. Os resultados mostraram que o uso das substâncias aumentam as possibilidades de arritmia e morte.
+++LEIA MAIS: Moro fala à Time: ‘Não entrei no governo para servir a um mestre’
Segundo o jornal, apesar das pesquisas internacionais mencionadas serem consideradas as análises mais completas até o momento, Mayra afirmou que os estudos não servem como “referência em nenhum país do mundo” por tratarem apenas de “um banco de dados coletado em vários países”.
"Nesses estudos, a forma de seleção do pacientes, onde não havia uma dose padrão, uma duração padrão e medicação padrão para que possa ser considerado como ensaio clínico, nos faz refutar qualquer possibilidade de usar como referência para o Brasil recuar na sua orientação", disse a secretária.
Mayra também disse que o governo se baseou em 216 protocolos da Turquia, Estados Unidos e Índia para tomar a decisão do uso da cloroquina, além de conduzir pesquisas próprias, mas pode mudar o posicionamento de acordo com os resultados.
"Estamos conduzindo pesquisas, e o próprio ministério ajudará na condução de ensaios clínicos. E se constatarmos que não há uma comprovação, podemos recuar da nossa nota."
+++ VITOR KLEY | A TAL CANÇÃO PRA LUA | SESSION ROLLING STONE