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Monsters of Rock 2015: Gene Simmons, Lemmy Kilmister e Rob Halford contam como será a participação deles no evento

Festival acontece neste sábado, 25, e domingo, 26, Arena Anhembi, em São Paulo

Paulo Cavalcanti Publicado em 24/04/2015, às 15h50 - Atualizado às 17h31

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<b>Prontos para o Espetáculo<b/>
(Da esq. para a dir.) Gene Simmons, Eric Singer, Tommy Thayer e Paul Stanley  - Divulgação
<b>Prontos para o Espetáculo<b/> (Da esq. para a dir.) Gene Simmons, Eric Singer, Tommy Thayer e Paul Stanley - Divulgação

Não importa o que aconteça no Brasil, uma coisa jamais se abala: a devoção dos fãs do heavy metal pelo gênero. É possível delimitar o começo da era do metal no país há pouco mais de 30 anos – em janeiro de 1985, quando foi realizada a primeira edição do Rock in Rio. Foi o momento em que o ansioso público recebeu de braços abertos Iron Maiden, AC/DC, Ozzy Osbourne, Scorpions e muitos outros. Para o bem ou o para o mal, o neologismo metaleiro entrou para o nosso vernáculo.

O Slipknot encerrou a primeira noite do Monsters of Rock diante de 30 mil pessoas, em 2013.

Como uma espécie de justiça poética, a sexta edição brasileira do Monsters of Rock parece celebrar os 30 anos do amor verde-amarelo pelo rock pesado. O festival, que ocorrerá nos dias 25 e 26, sábado e domingo, na Arena Anhembi, em São Paulo, terá um line-up dos sonhos. Participarão Kiss, Ozzy Osbourne, Judas Priest (que fará shows nos dois dias), Manowar, Motörhead, Primal Fear e Accept, dentre outros. Falamos com três dos destaques da programação: o grandiloquente Gene Simmons (Kiss), o exuberante Rob Halford (Judas Priest) e o sempre direto Lemmy Kilmister (Motörhead), que contaram suas impressões sobre o evento.

Gene Simmons (Kiss)

O Kiss já veio inúmeras vezes ao Brasil. Qual é a sensação de tocar novamente para o público do país?

Sensacional, mesmo. O público brasileiro é especial, acho que é uma questão de temperamento e temperatura. O Brasil tem tudo muito quente. Música quente, público quente... é a temperatura de que o Kiss gosta. O Monsters vai ser um encontro de amigos. Você sabia que o Kiss tocou com o Judas no começo da carreira? Pensando bem, já devemos ter tocado com todos esses caras que estarão no festival. Mas o palco é o lugar mais sagrado para nós e damos tudo. Sem dançarinos ou bobagens para distrair. Só o melhor. E assim vai ser novamente.

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No ano passado, o Kiss finalmente entrou para o Hall da Fama do Rock and Roll, depois de muitos anos sendo esnobado pelos organizadores. Todos sabem que você e principalmente o Paul (Stanley) nunca deram muita bola para essa honraria, mas, agora que estão dentro, qual é a importância disso?

O Hall da Fama sempre foi algo de viés político dentro da indústria da música. E não nos envolvemos com esse tipo de bastidores. A ética do grupo sempre foi trabalhar arduamente para agradar aos fãs. Executivos [do mercado] não compram disco ou pagam ingresso. Os fãs queriam muito, eles pressionaram o Hall, mandaram cartas, fizeram campanhas. E se os fãs estão contentes, os integrantes da banda agora também estão.

Durante a cerimônia, você e o Paul se reuniram ao Peter Criss e ao Ace Frehley. Como foi estar novamente ao lado deles?

Foi uma sensação ótima, emocionante, e não estou sendo irônico. Eu sei que eles fizeram muita merda antes, mas mesmo com as pisadas na bola são parte do nosso legado e o fato de todos nós termos sido honrados juntos foi um grande acontecimento. Só acho que Tommy Thayer e Eric Singer, que há um bom tempo são membros do Kiss e peças-chave do nosso sucesso contínuo, também mereciam ter sido honrados. Por isso nos recusamos de antemão a tocar na cerimônia. Só subiríamos no palco com o Eric e o Tommy. Mas ok, faz parte do jogo.

É verdade que vocês estão pensando em contratar substitutos para seguirem em frente com o Kiss no futuro?

Sim, isso não é invenção. O Kiss não vai parar nunca. Estes caras aqui que fundaram e deram vida à banda um dia vão parar. Mas a música e a imagem que criamos são maiores do que tudo. Mesmo quando eu e Paul não estivermos mais aqui, teremos outras pessoas de talento ocupando nossos lugares.

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Rob Halford (Judas Priest)

O Judas já esteve inúmeras vezes no Brasil, mas este Monsters parece que vai ter um sabor diferente para a banda.

Sim, ele vai ser especial para nós e para os fãs de rock pesado da América do Sul. Eu posso dizer que aqui na Europa existe uma grande expectativa em torno deste Monsters, por causa do line-up inédito e poderoso. Tem muita gente saindo daqui e viajando ao Brasil para assistir a todas essas grandes bandas. Quanto ao Judas, estamos totalmente à vontade, animados por voltar a São Paulo, onde já nos apresentamos várias vezes. Estaremos aí para tocar alto e pesado em dois dias seguidos; esse é o nosso compromisso de sempre com o público brasileiro.

Em 2014, o Judas lançou Redeemer of Souls, que foi muito bem recebido pelos fãs e até chegou ao Top 10 da parada norte-americana. O que esse disco representa para vocês?

Bem, não teve mistério para chegar até ele. Redeemer of Souls foi uma volta ao passado, aos anos 1980, ao básico – queríamos gravar algo rápido, fácil e imediato. Foi muito importante resgatar o som clássico do Judas. A entrada [em 2011] do [guitarrista] Richie Faulkner também nos deu mais gás. Enfim, foi um processo bem diferente de Nostradamus (2008), o álbum que tínhamos lançado antes de Redeemer of Souls.

Nostradamus foi sem dúvida uma experiência diferente.

Sim. Normalmente gostamos de coisas mais simples, mas é preciso variar. Nostradamus foi uma viagem conceitual, queríamos contar uma história. É um disco do qual particularmente gosto e acho que não foi totalmente explorado. Quem sabe um dia a gente possa tocá-lo na íntegra, em um contexto diferente do nossos shows normais, em um espaço menor e com orquestra e músicos convidados.

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Lemmy Kilmister (Motörhead)

Bom, já está se tornando praticamente uma tradição anual ter o Motörhead no Brasil.

Eu já estive aí tantas vezes... sei lá quantas, mas é sempre bom voltar. Vamos tocar as coisas antigas, algumas do disco Aftershock (2013). Não dá para fugir, as pessoas sempre esperam determinadas coisas

Você é uma verdadeira enciclopédia sobre a história do rock and roll. Sempre cita Chuck Berry, Little Richard, Duane Eddy e os outros nomes da década de 1950 como seus verdadeiros mentores.

Sem nenhuma modéstia, sou mesmo. Eu idolatro os pioneiros, porque eles eram a essência do rock e acho que é isso que eu toco – não é metal, não é hard, é rock. Gostaria muito de ir ao Brasil com o The Head Cat, meu projeto de rockabilly. Tenho intenção de gravar um novo disco com os caras, mas para isso eu preciso achar tempo e dinheiro.

O que você achou do documentário sobre você (Lemmy, de 2010)?

Eu achei honesto. Não sou exatamente apaixonado por esse tipo de coisa, esse negócio d querer transformar você em um personagem ou super-herói... Às vezes eu fi cava de saco cheio daquelas câmeras e daqueles caras atrás de mim, mas ok, sobrevivi. [Os fãs] gostaram e isso é o que importa.

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Em dezembro, você vai completar 70 anos. Qual o sentimento de chegar a essa marca?

Como cantavam Simon & Garfunkel, “como é terrivelmente estranho fazer 70 anos” [trecho da letra da canção “Old Friends”]. É uma sensação estranha, mas não posso fazer nada contra isso. Estou bem agora, o pior passou. Enquanto der, estarei viajando e em cima do palco. Por que eu desistiria de um emprego como este?