Músico estava internado no Hospital Albert Einsetin, em São Paulo, desde quinta-feira, 25, com um quadro de pneumonia
Morreu na noite deste domingo, 28, o músico, cantor, boêmio e zoólogo Paulo Vanzolini. Ele havia sido internado no Hospital Albert Einsetin, em São Paulo, desde quinta-feira, 25, dia em que completava 89 anos de idade.
A morte decorreu após complicações no seu sistema respiratório causadas por um quadro de pneumonia que o levou à Unidade de Tratamento Intensivo do hospital localizado na zona sul da cidade.
Como zoólogo, criou a chamada teoria dos refúgios, na década de 60, que defendia a ideia da criação de espécies através das grandes transformações climáticas desde os tempos da Era do Gelo que dominou o planeta. Ainda foi diretor do Museu de Zoologia da USP (Universidade de São Paulo).
Mas foi como boêmio e compositor que Vanzolini ganhou fama. Um exímio cronista da cidade, ele conhecia as ruas do centro como poucos, fazia um paralelo entre a solidão na cidade cheia, de noites frias e amores perdidos. Como é o caso da bela “Ronda”, que narra a busca de uma mulher por seu amado. “De noite eu rondo a cidade / A te procurar sem encontrar / No meio de olhares espio em todos os bares / Você não está / Volto pra casa abatida /Desencantada da vida”.
Em 2003, protagonizou o documentário Um Homem de Moral, de Ricardo Dias, cujo pai era amigo de Vanzolini. Lá, estão presentes depoimentos de Chico Buarque, amigo de infância, Inezita Barroso, entre outros, além de interpretações de Paulinho da Viola e Martinho da Vila.
Ele, que não sabia tocar instrumento algum, compôs ainda outros clássicos como “Volta por Cima”, “Boca da Noite” e “Praça Clóvis”. Dele, foram apenas quatro discos. Nesta discografia econômica, Vanzolini canta em apenas um álbum.
Isso, contudo, não o impediu de ter a carreira reconhecida, em março deste ano, ao ganhar o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) pelo conjunto da sua obra.
Naquele mesmo mês, o compositor participou de uma grande celebração musical no Teatro Oficina, em São Paulo, organizado pela Casa de Francisca. Eram 87 artistas, a maior parte deles, jovens de uma geração que reencontrou os sabores dos versos de Vanzolini, como Rômulo Froés, Kiko Dinucci, Criolo, Rodrigo Campos e Gui Amabis.
Paulo Vanzolini deixa a esposa, a cantora Ana Bernardo, e cinco filhos. O velório será na manhã desta segunda, 29, no mesmo Albert Einsten, apenas para amigos e familiares. O enterro será no Cemitério da Consolação.