Pharoah Sanders foi uma figura chave no movimento do jazz espiritual, embora sempre tenha rejeitado rótulos
Pharoah Sanders, uma das figuras mais irreverentes e criativas do jazz, faleceu no início da manhã deste sábado, 24 de setembro, aos 81 anos. A informação foi anunciada pela gravadora do saxofonista, Luaka Bop através das redes sociais.
Conforme divulgado pela gravadora, Sanders faleceu pacificamente cercado por familiares e amigos amorosos em Los Angeles. A causa da morte não foi divulgada.
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Nascido Farrell Sanders em 13 de outubro de 1940 no Arkansas, ele originalmente aprendeu a tocar clarinete e bateria na igreja antes de pegar o saxofone alto no ensino médio. Sua decisão de mudar para o saxofone tenor, seu famoso instrumento, surgiu por necessidade, apontou o músico em entrevista ao The New Yorker em 2020.
Eu estava sempre tentando descobrir o que eu queria fazer como carreira. O que eu realmente queria fazer era tocar saxofone – esse era um dos instrumentos que eu realmente amava.
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Após o Ensino Médio, mudou-se para Oakland, na Califórnia, onde desfrutou pela primeira vez da liberdade de frequentar clubes racialmente mistos e teve um primeiro encontro com [John] Coltrane.
Mais tarde, foi para Nova York e lá, trabalhando como cozinheiro, conheceu Sun Ra. Posteriormente, Sun Ra e Coltrane recrutaram Sanders para sua banda. Com a morte de Coltrane, tornou-se líder da mesma.
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Com solos que passaram de estridentes a sedosos e melódicos, Sanders fez música indiana e africana, levando seu saxofone e o movimento do free jazz a limites inimagináveis. O músico também foi descrito como o padrinho do jazz espiritual, embora sempre tenha rejeitado rótulos.
Sanders praticamente atacava seu saxofone soprando excessivamente a boquilha, mordendo a palheta e até mesmo gritando na campana do instrumento. Ornette Coleman - possivelmente o mais importante pioneiro do free jazz - definiu Sanders como "provavelmente o melhor saxofonista tenor do mundo".
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Este discípulo de John Coltrane, que tocou solos agressivos no último álbum de Coltrane, Live in Japan(1966), era muitas vezes visto como uma espécie de sucessor de seu mestre, que morreu subitamente em 1967. No entanto, Sanders jamais desfrutou do sucesso comercial de Coltrane, Coleman, ou outros inovadores históricos do jazz.
Entre suas obras mais conhecidas está "The Creator Has a Master Plan", uma faixa de quase 33 minutos de seu álbum Karma (1969), na qual Sanders soa como se estivesse exorcizando demônios, antes de retornar a um estado celestial. O músico descreveu seu estilo musical como 'um som escuro' em entrevista ao jornal San Francisco Chronicle em 1196.
Muitos dos jovens têm um som brilhante, mas eu gosto de um som escuro com mais redondeza, mais profundidade e sentimento. Quero levar o público a uma jornada espiritual. Quero sacudi-lo, excitá-lo. Então eu os trago de volta com uma sensação de calma.