Sacheen Littlefeather discursou no Oscar em 1973 e enfrentava um câncer de mama desde 2018
Sacheen Littlefeather, primeira atriz indígena a discursar no Oscar de 1973, morreu no último domingo (2) aos 75 anos de idade. Littlefeather enfrentava o câncer de mama desde 2018, diagnosticada já no estágio quatro como metástase e morreu na cidade de Novato, no norte da Califórnia, cercada por seus entes queridos.
Poucos meses antes de sua morte, Littlefeather recebeu um pedido formal de desculpas da Academia por ter sido vaiada ao subir no palco em 1973 para receber o prêmio por Marlon Brando. O ator conquistou o Oscar de Melhor Ator por seu papel em O Poderoso Chefão, mas recusou e pediu que Sacheen Littlefeather fosse à premiação em seu lugar em protesto.
[Brando] lamentavelmente não pode aceitar este prêmio tão generoso”, afirmou Littlefeather, em sua aparição no Oscarde 1973. “A razão para isso é o atual tratamento dos indígenas norte-americanos pela indústria cinematográfica e na televisão.”
Segundo o NME, aquela era a primeira vez que uma mulher nativa norte-americana subia ao palco da premiação da Academia. Após seu discurso — transmitido para 85 milhões de telespectadores —, no entanto, Sacheen Littlefeather, que é atriz e ativista pelos direitos dos povos originários, foi vaiada pela plateia do Oscar.
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Quase 50 anos depois, David Rubin redigiu uma carta de desculpas para a atriz, em retratação do triste episódio vivido por ela naquela noite. “A carga emocional que você viveu e o custo para sua própria carreira em nossa indústria são irreparáveis”, escreveu.
Você fez uma declaração poderosa que continua a nos lembrar da necessidade de respeito e a importância da dignidade humana”, afirmou Rubin. “O abuso que você sofreu por causa dessa declaração foi injustificado. Por muito tempo a coragem que você mostrou não foi reconhecida. Por isso, oferecemos nossas mais profundas desculpas e nossa sincera admiração.”
Littlefeather, então, respondeu ao pedido de desculpas em uma declaração pública. “Nós, indígenas, somos pessoas muito pacientes – faz apenas 50 anos!”, escreveu a atriz — em seguida, a mulher ainda falou sobre a promessa feita por Rubin de garantir que os contadores de histórias originárias sejam amplamente representados.