A Rolling Stone EUA fez uma lista com canções que honram o legado da resistência negra ao redor do mundo
Ao longo da história mundial, a música serviu como refúgio para aqueles que viveram sob opressão, da mesma forma que serviu como ferramenta de empoderamento.
A última edição da série Music at Home, da Rolling Stone EUA, traz 12 músicas que honram o legado da resistência negra ao redor do mundo para inspirar tanto os manifestantes dos próximos protestos contra o racismo e a violência policial quanto aqueles que doam dinheiro para instituições que apoiam o movimento.
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Se alguma coisa boa surgiu da onda de rap-rock dos anos 1990, essa coisa foi o Rage Against the Machine. No clássico de 1992, “Killing in the Name Of”, o líder da banda Zack de la Rochacanta sobre a força policial norte-americana moderna - notavelmente inspirada na patrulhas de escravos de 1800 - como se fosse um representante de um grupo supremacista, como a Ku Klux Klan.
“Alguns daqueles que estão no poder / São os mesmos que queimam cruzes”, la Rocha cospe com uma fúria inabalável que ressoa até hoje.
No disco visual Lemonade, Beyoncé convida mulheres negras para “entrar em formação”. A singular Queen Bey se junta ao vencedor do Pulitzer e rapper Kendrick Lamarem “Freedom”, um hino para o movimento negro capaz de preencher 100 estádios de futebol.
Não muito depois da morte precoce do co-fundador Phife Dawg, em 2016, o grupo de rap alternativo A Tribe Quest fez uma paródia ácida da missão de Donald Trump “Make America Great Again”, em tradução livre, “Faça os Estados Unidos grandioso novamente”.
Juntos, Phife e Q-Tip listam os norte-americanos os diversos americanos excluídos dessa missão, mas antagonizados ativamente por ele, entre eles afro-americanos, latinos, muçulmanos, trabalhadores pobres e a comunidade LGBTQ+. “Quando nós temos fome, nós comemos a mesma po*** de comida: O macarrão instantâneo”, diz Q-Tip.
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Organizadora de Chicago e voz brilhante do R&B, Jamila Woods teve o momento de revelação dela em 2016 com uma reflexão sobre a experiência da mulher negra sobre kiriarquia (termo para o golpe triplo da supremacia branca, patriarcado e capitalismo).
“Veja o que eles fizeram para minhas irmãs / No último século, na última semana / Eles fizeram ela odiar a própria pele / Trataram-na como um pecado”.
A luta pelas vidas negras vai muito além da fronteira dos Estados Unidos - e o falecido cantor colombiana de salsa Joe Arroyo dedicou a vida dele para dar visibilidade aos negros na América Latina.
Na agitação febril de “La Rebelión,” Arroyo conta a história de um homem escravizado que defende a mulher dele dos espanhóis em 1600.
Quando as pessoas pensam em resistência, elas pensam em tomar as ruas. A artista cubana e porto-riquenha Xenia Rubinos leva a resistência para dentro das cozinhas de Nova York - enfatizando que seja nas casa ou nos restaurantes, as pessoas de cor frequentemente passam a maior parte do tempo servindo as pessoa brancas, o patrões da elite.
“Brown - termo para pessoas de cor - passeia com seu bebê / Brown passeia com seu cachorro / Brown criou a América no lugar da mãe dela”, a cantora diz em “Mexican Chef”, um lembrete que, sem o trabalho minucioso das pessoas negras e de cor, os Estados Unidos ia deixar de existir.
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Liderada pela cantora britânica e somali Poly Styrene, a banda X-Ray Spex deixou a cena londrina de 1970 em chamas com chamados às armas contra o consumismo e a influência dele nos papéis de gênero.
“Algumas pessoa pensam que garotinhas precisam ser vistas e não ouvidas”, começa Poly. “Mas eu acho… Ah servidão! No seu c*!”.
Em “The Underside of Power,” o cantor e compositor Franklin James Fisher e a banda post-punk dele usam a tradição gospel do sul dos EUA e se apoiam no poder espiritual para enfrentar os opressores.
“Fique forte / A mudança está chegando”, Fisher grita, canalizando a alma de Sam Cooke e a visão de Fred Hampton. “Um dia a mudança virá”.
Janet Jackson passou a maior parte dos anos 1980 tentando provar o talento para pop longe dos irmãos - então, em 1989, ela se dedicou à conscientização do novo swing com o disco conceitual Rhythm Nation 1814.
“Somos a nação sem fronteiras geográficas, unidos por nossas crenças”, diz Jackson no incrível prelúdio da faixa-título, descrevendo os objetivos libertadores do próprio país imaginário. “Somos como indivíduos com a mesma opinião, compartilhando uma visão comum, se aproximando de um mundo livre das linhas de cores.
O vanguardista da Filadélfia Camae Ayewa se junta ao guitarrista Justin Broadrick para construir uma canção de luta de blues industrial. “Eles não querem me ver brilhar / Do começo ao final”, diz Ayewa. “5, 4, 3, 2 / Porque depois que eles vierem atrás de mim, eles irão atrás de você”.
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Provavelmente, é a postura mais radical que você vai ver de Williams na música - é difícil acreditar que esse mesmo cara cantou “Happy”. Mas de la Rocha parece estar em casa batendo na elite com Killer Mike e El-P: “A décima terceira emenda diz que a escravidão foi abolida / Veja todos esses senhores de escravos com seu dólar”.
Embora feito originalmente sob encomenda para o drama de Spike Lee, Faça a Coisa Certa, “Fight the Power”, do Public Enemy, continua sendo uma obra de protesto de destaque em 2020.
“Nossa liberdade de discurso é liberdade ou morte / Nós que lutar contra esses poderes”. Também está cheio de história da música negra, em menos de cinco minutos, a música usa samples de lendas como James Brown, Afrika Bambaataa, Trouble Funk, The Dramatics, Branford Marsalis e outros.
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