Afilhada de Amy Winehouse, a jovem Dionne Bromfield relembra a madrinha, fala sobre Justin Bieber e brinca sobre sobre seus dotes de dançarina: "Eu posso sacudir um pouco o corpo, mas não sou a Beyoncé"
Mais do que menina prodígio com dois discos lançados aos 15 anos de idade, Dionne Bromfield foi testemunha ocular dos últimos dias da cantora Amy Winehouse, cuja morte completou seis meses na última segunda, 23, dia em que a jovem falou à Rolling Stone Brasil, em São Paulo à véspera do Summer Soul Festival. A última aparição de Amy, por ironia do destino, foi justamente no palco de um show de Dionne, sua afilhada. “Alguém no Reino Unido me disse isso outro dia: 'Estamos olhando por você para seguir os passos de Amy', e eu pensei comigo mesma: 'Eu não quero ter de seguir os passos dela'. Ninguém pode substituir Amy."
Apesar da pouca idade, a ingenuidade não parece fazer parte do vocabulário de Dionne, que durante a entrevista demonstra uma simpatia sincera, apesar de tímida. Solitária em sua estadia na cidade e acompanhada apenas de seu empresário, um homem alto e de poucas palavras, ela demonstra firmeza ao falar sobre a madrinha, ao mesmo tempo em que não consegue esconder os olhos marejados ao rasgar os elogios costumeiros, vindos de alguém que pode se considerar uma orfã do legado musical e pessoal de Amy. “Obviamente, se você perdesse alguém, ficaria triste. Foi inesperado, mas, infelizmente, você tem de superar essas coisas, apesar de elas nunca passarem”, reflete.
Há quatro anos, Dionne assinou seu primeiro contrato. Pela Lioness Records, gravadora criada por Amy, ela lançou os discos Introducing Dionne Bromfield (2009) e Good for the Soul (2010), álbuns repletos do gênero favorito de sua madrinha, o soul. O trabalho chocou pela maturidade da voz de Dionne e, mais do que tudo, pela capacidade de colocar sentimento em assuntos raros para uma menina de sua idade. “Mama Said”, primeiro single de sua carreira, entrou no Top 50 das paradas britânicas, algo notório para uma artista tão jovem. “É uma montanha-russa mesmo, não é? Eu tinha doze anos quando assinei um contrato, então já se passaram quatro anos”, conta. “Antes eu achava tudo tão estressante, porque eu tinha de conciliar com a escola e ainda tenho. Mas eu penso que eu estou fazendo o que uma pessoa da minha idade sonha em fazer. Sou uma menina de sorte."
Sua música preferida de Good for the Soul é "Foolin'". “Provavelmente porque foi a primeira que compus para o novo disco e, sempre que eu a canto, eu entro no clima”, conta Dionne. Ela aproveita o gancho para falar a respeito de seus contemporâneos, artistas pop como Justin Bieber e Rebecca Black. Ela não inclui os dois no mesmo nicho. “Rebecca Black é um assunto diferente! [risos]”, se diverte. “Eu não a conheço pessoalmente, mas tenho certeza que é uma menina adorável. Não gosto da música que ela faz, mas todos temos nossas opiniões. Com Justin Bieber, por outro lado, eu costumava ser uma grande belieber [nome dado aos fãs do cantor teen, um trocadilho com 'believer' (crente, em português)], mas é hora de sair dessa. Ele é brilhante, não é? Ele já fez tanto por essas jovens." Se ela ainda ouve Justin? "Sim, eu ouço! Ele lançou aquele disco de Natal agora."
Dionne está entusiasmada para conhecer a animação do público brasileiro. "Eu realmente espero que todos estejam prontos para dançar, e espero que o clima também esteja bom." Mencionando a dança algumas vezes na entrevista, ela é questionada se a dança seria sua segunda paixão. “Se eu soubesse dançar, seria sim! [risos] Mas, sabe, eu posso sacudir um pouco o corpo, mas não sou a Beyoncé, podemos dizer”, ela brinca.
Além do soul antigo de nomes como Betty Davis e Etta James, que morreu recentemente, Dionne ouve cantoras contemporâneas como Adele, Jessie J e, obviamente, nenhuma delas se compara a sua grande inspiração, Amy. “Eu vejo que Amy e Adele são bem parecidas de certa forma, mas muito diferentes em outra. Mas ninguém pode se equiparar a ela. Da maquiagem nos olhos à voz, ela era única."
Assista abaixo a um trecho da entrevista:
O primeiro show de Dionne Bromfield acontece em São Paulo, nesta terça, 24. O Summer Soul Festival também traz à capital paulista Florence + the Machine, Rox, Seu Jorge e Bruno Mars. Em seguida, o evento segue para o Rio de Janeiro (quarta, 25) e Florianópolis (sábado, 28, sem a presença de Dionne e Seu Jorge).