A dupla Radnor & Lee se apresenta em São Paulo neste sábado, 20, e no Rio de Janeiro no domingo, 21
Josh Radnor, que quase todo mundo conhece como o protagonista Ted Mosby, de How I Met Your Mother, teve um sonho. Ele sonhou com um coral de crianças cantando uma música. Assim que acordou, pegou o telefone, gravou a melodia e a enviou para o amigo de longa data, o músico e ator australiano Ben Lee. E assim nasceu “Wider Spaces”, a primeira música do primeiro disco Radnor & Lee, lançado em novembro do ano passado. A dupla, que tem o mesmo nome do disco, está em turnê e se apresenta em São Paulo neste sábado, 20, e no Rio de Janeiro no domingo, 21 (veja mais informações abaixo).
Vocês são amigos há dez anos e só agora resolveram montar uma banda. Como isso aconteceu?
Bem Lee É muito natural que amigos que são criadores se juntem. Então, mais cedo ou mais tarde teríamos a conversa: “você quer criar algo juntos?” E funcionou.
Como saiu a primeira música?
Josh Radnor. Foi a música “Wider Spaces”. Ben estava muito animado em me ajudar como músico e compositor. Eu tive um sonho quando estava em Nova York, em que um coral de crianças estava cantando essa melodia. E quando acordei estava ainda na minha cabeça, então cantei no meu iPhone e essa virou a nossa primeira música.
Na semana seguinte, nos reunimos e fizemos juntos “Be Like the Being”. Não foi difícil perceber que nós tínhamos uma vibração excelente juntos e havia essa coisa que sempre acontecia quando estávamos juntos musicalmente. E Ben, que já havia colaborado com muitas pessoas, me disse que não é sempre assim. Tentamos não analisar muito algo que estava funcionando.
Mas você não era um músico propriamente dito?
J.R.. Sempre fui muito fã de música, estava sempre ouvindo música e descobrindo novos artistas, e sou cantor. E sempre amei ir assistir a shows. Não havia percebido, até começar, que parte de mim, queria fazer música. Eu sou escritor, ator e contador de história, e esse era apenas outra forma de contar histórias que eu não sabia que queria aproveitar, até que comecei.
Você está aprendendo a tocar guitarra, certo? Como está?
J.R. Está muito bom! É ótimo que posso sempre perguntar para o Ben. Fiz uma série de televisão por quatro meses em Nova York [Rise] e tinha um professor toda semana e sempre que tenho dúvidas Ben me ajuda. Eu vou aprendendo no caminho. E a outra parte boa é que agora que estamos escrevendo as músicas temos dois guitarristas que sempre posso consultar. Outra coisa é que, quando começamos a tocar ao vivo, me incomodava muito não ter o que fazer com as mãos no palco. Ter um violão ajuda muito nessas horas.
Vocês consideram esse álbum como um disco triste sobre o fim de algum relacionamento?
J.R. Algumas das primeiras músicas que escrevi eram sim. Acho que esse disco é mais um reflexo das nossas personalidades. Somos honestos sobre as nossas lutas e de como a vida pode ser difícil, mas também falamos sobre a resiliência. Estamos sempre procurando uma maneira de mudar as coisas e procurando tirar o máximo das coisas, como sermos pessoas mais agradáveis. Essas são coisas que desejamos para nós. E isso reflete na nossa música.
B.L. Sim, a música é positiva, e mesmo quando falamos de coisas pesadas, falamos sobre mudança e crescimento.
Já estão compondo para o próximo disco? Qual deverá ser o clima?
B.L. Eu diria que a gente não tem um conceito claro, mas a impressão que tenho é de que estamos ficando mais fortes e levemente mais agressivos com a música. Não é, tipo, death metal. É algo como se exercitar mesmo, ficar em forma, mais forte, aguentar mais, e isso com certeza aparece na música.
J.R. Acho que quando olhamos para trás e vemos o primeiro álbum conseguimos sentir que estávamos usando muito o lado intelectual, agora queremos que seja mais do coração.
E quando o segundo disco deve sair?
B.L No fim dessa turnê vamos fazer um plano de como será nosso 2018, mas a ideia geral é fazer as coisas quando elas tiverem sentido. Não temos uma grande gravadora nos pressionando.
Por que folk music?
B.L É a música do povo. É música para se comunicar, dividir uma história, um sentimento. É da terra. E acho que nossa intenção é fazer esse tipo de música.
J.R É a magia de se reunir e ouvir pessoas contando histórias. Eu sinto que é isso que fazemos. Temos uma ideia, uma narrativa, e a dividimos com as pessoas.
B.L. E eu ainda não sei fazer rap. Mas, bem, ele está aprendendo violão, posso aprender rap.
Quais bandas vocês têm ouvido recentemente?
B.L. Eu gosto de um cara chamado Daniel Die, ele é muito bom.
J.R. Eu acabei de ler um livro que amei, Dreaming the Beatles: A Love Story of One Band and the Whole World, do Rob Sheffield. Eu tenho recomendado esse livro para todo mundo. E por causa dele fiz um mergulho profundo na carreira dos Beatles novamente. Percebi que não conhecia de verdade algumas músicas que ele cita no livro, e é estranho como toda a coleção dos Beatles ainda é viva, e vive dentro de nós. É uma coisa muito mística. Principalmente a evolução deles em apenas sete anos. Acredito que levar a composição mais a sério te leva a caminhos como os de Bob Dylan e os Beatles. Uma banda sobre a qual não falamos muito, mas que foi uma grande influência, é o Grateful Dead. Nós dois nos abrimos mais ao poder do que pode acontecer entre um artista e uma plateia por causa deles.
Como é para vocês tocar no Brasil?
B.L. De verdade, é como um sonho. Somos uma banda iniciante. Sei como How I Met Your Mother foi uma grande série aqui, mas foi grande em vários lugares. Não é proporcional a forma que os fãs de HIMYM abraçaram nossa música aqui, é extraordinário.
J.R. E eu não acho que nossos fãs sejam só fãs de HIMYM.
B.L. É muito misterioso.
J.R Os brasileiros são loucos por música. Nos shows, ninguém fica com os braços cruzados. Eles querem participar, cantar, aproveitar. Os brasileiros gostam de demonstrar que estão felizes.
Radnor & Lee
São Paulo
20 de janeiro, sábado, às 20h
Carioca Club - Rua Cardeal Arcoverde, 2899, Pinheiros
R$ 240
Rio de Janeiro
21 de janeiro, domingo, às 20h
Teatro Odisséia – Avenida Mem de Sá, 66, Centro
R$ 240