Em clima de homenagem, Peter Hook apresenta em São Paulo faixas de sua ex-banda
"Eu acho que se você quer manter a música viva, tem que tocá-la no palco", disse Peter Hook à Rolling Stone Brasil no início deste mês de junho. Com esse intuito, o baixista resgatou as sombrias canções do Joy Division em apresentação com clima de homenagem no Estúdio Emme, nesta quinta, 16, seguindo com a turnê Unknown Pleasures: A Celebration of Joy Division by Peter Hook & The Light - que traz no repertório principal as faixas o renomado álbum Unknown Pleasures, datado de 1979.
O show estava marcado para as 23h, mas só à meia-noite Hook e sua banda, a The Light (seu filho, Jack Bates, também no baixo; Nat Watson na guitarra; Andy Pool no teclado; Paul Kehoe na bateria) subiram ao palco, após a execução exaustiva de cerca de 20 minutos do documentário A Festa Nunca Termina (sobre o rock de Manchester) com cenas do Joy Division e New Order (formado pelos remanescentes do Joy Division, após o suicídio do cantor e compositor Ian Curtis, em 18 de maio de 1980). O áudio do que estava sendo apresentado no telão era ruim e o vídeo não tinha legenda. Após cerca de 15 minutos, já era possível ouvir pessoas pedindo aos gritos para que a apresentação começasse logo.
Como nos demais shows que vem fazendo desde o ano passado, Hook deu início com "No Love Lost", faixa lançada pela banda lá atrás, como single - "Leaders Of Men", "Glass" e "Digital" vieram na sequência. Unknown Pleasures, por sua vez, só começou a ser executado na íntegra na quinta música da noite, com, claro, "Disorder", que empolgou o público. Dali em diante, uma viagem pelo álbum, marco do pós-punk, foi conduzida por Hook, passando por todas as faixas (das mais intimistas às mais agitadas, em termos de melodia) - "Day Of The Lords", "Candidate", "Insight", "New Dawn Fades", "She's Lost Control", "Shadowplay", "Wilderness", "Interzone" e "I Remember Nothing" estiveram no repertório.
Jack Bates, também fisicamente semelhante ao seu genitor, auxilia (e muito) Hook na execução do baixo, já que este assume os vocais das letras que exprimem toda a angústia que Ian Curtis sentia pouco antes de sua morte. Não houve tentativa no palco de assumir a faceta do ex-frontman do Joy Division, mas o tom de voz de Peter Hook conseguiu segurar as canções, não as deixando muito diferentes das originais - o que agradou. Cheio de porte e valendo-se da aparente segurança adquirida a partir de anos de estrada, o baixista manteve-se sorridente durante a noite e brincou com os fãs que estavam grudados no palco. Com o término de "I Remember Nothing", que encerra Unknown Pleasures, a banda se retirou do recinto, retornando minutos mais tarde, com o bis.
No contraponto da última música, executaram, no bis, uma sequência matadora com "Ace Age", "Warsaw", "Transmission" e (para a alegria dos que só estavam lá para ouvi-la) "Love Will Tear Us Apart" - esta última arrancou até pulos de algumas pessoas que se encontravam na pista. Game almost over. Quando o relógio marcava 1h15 e tudo parecia terminado, os integrantes retornaram ao palco para a saideira com "Dead Souls".
Peter Hook & The Light tocam ainda nesta sexta, 17, em São Paulo, novamente no Estúdio Emme.