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Nova série O Negócio mostra garotas de programa que investem no marketing

A estreia acontece neste domingo, 18, às 21h, na HBO Brasil

Stella Rodrigues Publicado em 18/08/2013, às 09h51 - Atualizado às 10h44

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<b>Vendendo bem</b>  Michelle, Rafaela e Juliana em O Negócio - Divulgação
<b>Vendendo bem</b> Michelle, Rafaela e Juliana em O Negócio - Divulgação

A premissa de O Negócio, nova série da HBO Brasil, é de modernizar a profissão mais antiga do mundo. Ou, conforme explica a atriz Michelle Batista, que vive Magali, uma das protagonistas, “sair do clichê sobre prostituição”. “Nada de vestidos colados, curtos, decotes enormes”, ela explica. “São meninas inteligentes, elegantes, educadas e bem vestidas, interessantes pelo conjunto.”

O Negócio conta a história de garotas de programa de luxo que começam a estudar conceitos de marketing para tomar de volta o controle sobre o próprio corpo/vida/carreira, se liberando da dependência e exploração de “agentes”. “As estratégias de marketing são o diferencial da série”, diz a atriz Rafaela Mandelli (Karin). “Quando recebemos a sinopse, nossa curiosidade era saber como os roteiristas iam conseguir juntar uma coisa com a outra. São ideias totalmente possíveis e em que ninguém tinha pensado. Ficou muito claro, as pessoas vão entender bem como esses mecanismos funcionam e se interessar em ver as coisas por esse ângulo”, diz. “Elas realmente fazem disso um negócio - são visionárias, empreendedoras e isso vira uma empresa como qualquer outra. ”

Já Juliana Schalch, intérprete de Luna, a narradora da trama, esclarece que não há uma sensação de culpa nas histórias contadas: “A série teve o cuidado, no roteiro, de lidar com a profissão sem entrar em nenhuma forma de psicologismo”, diz. “As personagens escolheram a profissão, o que faz com que seja abordada de outra maneira. Realmente, há uma distinção e as pessoas fazem confusão [entre prostituição e exploração sexual]. Teve uma preocupação de lidar com [o tema] com naturalidade. São personagens que poderiam ser qualquer mulher na rua. Elas lidam muito bem com a escolha profissional e não têm crises com isso. Elas não caírem nessa por alguma situação da vida, elas decidiram”, diz “É uma mulher tomando posse do que é seu. O sexo é dela, ela que comanda o programa e a vida dela. Cria estratégias para avançar na profissão que ela define como sendo a dela. A Karin é uma mulher que traça com determinação os passos dela, é segura de si e sabe que tem um grande poder nas mãos – e sabe utilizá-lo.”

A diferença já começou no tipo de pesquisa indicado às atrizes. “Como essas garotas de programa que a gente queria representar eram garotas absolutamente exclusiva, a orientação dos diretores era que a gente não fizesse esse tipo de laboratório, ir nas boates que elas trabalham, falar com elas. A ideia era que nosso laboratório fosse feito dentro da alta sociedade paulistana”, explica Michelle. “Tanto que gravamos em hotéis, restaurantes, os lugares mais balados de São Paulo. Foi algo bem diferente para nós fazermos como atrizes”, comenta. Ao todo, foram mais de 130 locações utilizadas na primeira temporada, que tem 13 episódios.

As três atrizes, contudo, têm plena consciência de que a realidade de suas personagens dentro da profissão, embora seja real, é exceção. Diante da existência de projetos de lei para regularizar a prostituição (questão que divide grupos de defesa dos direitos das mulheres), elas explicam que em nenhum momento a série serve como uma apologia a nada. A intenção é mostrar uma profissão que existe, abordar o tema de um ponto de vista diferente, não necessariamente melhor ou pior.

“Não é para [a prostituição] ser uma imposição por uma circunstância da vida, por causa de falta de dinheiro, estudo, doença etc.”, diz Michelle. “Quando é uma escolha individual, a gente não pode julgar. Cada um tem que ser capaz de discernir e saber o que quer para a vida. Mas a gente sabe que na prática isso não é uma coisa simples”, diz. “O mais importante aí é a educação mesmo. Quando você é consciente da sua capacidade de realização, você tem a capacidade de escolher o que você quer ou não para a vida”, complementa Juliana.

Das três, a personagem com o caminho mais interessante até a prostituição é Magali, que a princípio é mostrada na série como aquilo de Karin chama de “mercado informal”. “A Magali nunca tinha sido garota de programa. Era uma menina de uma família que tinha muito dinheiro, mas que perdeu essa condição financeira. E ela passou a viver no jogo de troca de favores: namora um dono de hotel para morar de graça lá, namora um dono de restaurante para comer de graça no melhor restaurante da cidade... ela vai construindo a vida dela se trocando por coisas materiais. Quando ela conhece a Karin e Luna, percebe que já vivia em uma relação muito próxima à que as meninas tinham com os homens, a única diferença é que ela não cobrava dinheiro, ganhava coisas.”

De qualquer forma, sexo e dinheiro são temas polêmicos dentro de quase todas as circunstâncias em que estão inseridos. Quando somados e transformados em uma carreira, não haveria de ser diferente. “Não sei se [sexo em troca de dinheiro] deve ser encarado com naturalidade, mas deve ser encarado como uma coisa real, que está aí todos os dias e não tem razão para fingir que não. Mais com respeito do que naturalidade, sem julgamento”, opina Rafaela, cuja personagem Karin deverá sentir tudo isso na pele mais do que as outras garotas na primeira temporada. Há amores no horizonte de Karin (“que não podem ser entregue ainda [risos]”. “E tem sim um conflito aí, é um que deve acontecer com bastante frequência nessa situação”, adianta.