Com a reedição de shows da cantora no Rio de Janeiro e no Festival de Montreux, público poderá ouvir versões raras na voz da cantora
A produção de Elis Regina foi tão intensa que as novidades parecem nunca ter fim. No ano em que se completam três décadas da morte da cantora, dois shows históricos chegarão às lojas em CD, com músicas nunca lançadas oficialmente. São eles Transversal do Tempo, gravado no teatro Ginástico, no Rio de Janeiro, em abril de 1978, e os dois shows que ela realizou no Festival de Montreux, na Suíça, em 1979.
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A organização do CD Transversal do Tempo, com o repertório do álbum Elis (1977), é do pesquisador musical Rodrigo Faour. A mixagem coube ao filho mais velho de Elis Regina, João Marcello Bôscoli. Ao todo, são 25 números, divididos em dois atos, incluindo as interpretações inéditas de “Maravilha”, de Chico Buarque e Francis Hime; “Gente”, de Caetano Veloso; “Amor à Natureza”, de Paulinho da Viola; e “Esta Tarde Vi Llover”, do mexicano Armando Manzanero.
“Há anos acalento o sonho de lançar o show Transversal do Tempo na íntegra, com suas 25 faixas. Originalmente, saiu um LP com 12. As demais sairiam num segundo volume, mas Elis acabou se desligando da gravadora Philips por desentendimentos com seu produtor à época, Roberto Menescal”, explica Faour. “Este material ficou guardado e finalmente o encontrei. Agora, com a ajuda da Alice Soares, gerente de projetos da Universal, pretendemos recolocar o show na praça até o segundo semestre.”
O pesquisador também foi o responsável pelas duas caixas de 12 CDs que serão lançadas pela Universal – Elis nos Anos 60 e Elis nos Anos 70. Desse projeto, ele destaca as entrevistas que fez com diversas personalidades que trabalharam com Elis Regina, além de takes alternativos de “Amor Até o Fim” e “Exaltação a Tiradentes”, um ensaio de Elis e Tom Jobim cantando “Águas de Março” e uma inédita, o samba-choro “Comigo é Assim”, feito em samba-jazz e lançado originalmente por Ademilde Fonseca.
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Marcelo Fróes, também pesquisador musical, é o responsável pelo relançamento, em dois CDs, dos shows realizados por Elis no Montreux Jazz Festival, em 1979, um durante a tarde e outro à noite. Batizados Um Dia, eles chegam às lojas no próximo dia 27. Nove dessas faixas ao vivo, retiradas na maioria da apresentação vespertina, chegaram a ser lançadas em LP em 1982, após a morte da cantora. Em vida, Elis não permitiu o lançamento desses registros. Entre as novidades, estão as versões nunca lançadas de “Corrida de Jangada”, de Edu Lobo e José Carlos Capinam, e “Triste”, de Tom Jobim.
“Eu encontrei os shows de Montreux ainda nos anos 90 e, desde então, tinha a noção de que poderiam render um CD duplo”, conta Fróes. Ele ainda revela mais uma novidade: “Montreux é sempre tudo filmado. Então, existe a possibilidade de render DVD, o que depende de negociação entre a Warner, a produtora de Montreux e, naturalmente, os herdeiros de Elis”.
Com relação ao fato de a própria Elis não gostar do registro desses shows, ele tem uma explicação. “Na época, a Warner vinha gravando e lançando LPs de seus artistas no festival. Por isso, os shows dela foram gravados, e entendo que, naquele momento, ela não tenha gostado a ponto de lançá-los como um novo disco. Ela era rápida e urgente em seus projetos, e naquele ano tinha outros planos. Isso não tira os méritos do registro como item histórico, ainda mais com o distanciamento. Tanto que, em 1982, quando André Midani resolveu lançar o LP inicial com nove faixas, César Camargo Mariano e os demais músicos concordaram.”
Nara Leão
O 19 de janeiro também marca o nascimento de outra grande voz da MPB. Se estivesse viva, Nara Leão, considerada rival de Elis Regina, faria 70 anos nesta data. Clique aqui para saber mais sobre a carreira de Nara, além de ver vídeos e fotos da artista.