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O bloco do bate-cabeça

Devotos abrem comemorações de seus 20 anos com show apoteótico em PE

Carolina Requena, enviada ao Recife* Publicado em 03/02/2008, às 17h13 - Atualizado em 07/02/2008, às 19h25

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O bloco do bate-cabeça encontrou seu lugar no carnaval: o show dos Devotos no festival Rec Beat - Costa Neto/Divulgação
O bloco do bate-cabeça encontrou seu lugar no carnaval: o show dos Devotos no festival Rec Beat - Costa Neto/Divulgação

"Pela Paz em Todo Mundo", diz a camiseta do Cannibal. À frente do primeiro show das comemorações dos 20 anos do Devotos, o vocalista pede ao público do festival Rec Beat para "brincar sem violência. Todo mundo aqui deixou em casa alguém que ama muito vocês".

A platéia de rua vai seguir o conselho desta figura carismática durante os próximos 29 hinos do "punk rock hardcore", entoados com consistência por ele (também no baixo) e levados com vigor pelo guitarrista Neilton e o baterista Celo Brown; os onze últimos, com a presença inflamada de Clemente, vocalista do Inocentes (SP).

O bloco do palco é de peso, mas é a reação do incansável e colossal bloco do bate-cabeça que sela a beleza da noite. No turbilhão de socos, cotoveladas, cabeçadas e ponta-pés, a confirmação da arte lançada do palco: o público reage com murros e abraços à provocação sofisticada da banda, de mensagem positiva via música feroz: "Não use armas, use a vida", "Plantem flores" e "Ainda existe esperança".

Os Devotos subiram ao palco com um atraso acumulado pelos quatro shows que os antecederam (mais, aqui). Ninguém arredou pé. Pelo contrário, a avenida Cais da Alfêndega não parou de receber gente (a prefeitura estimou mais de 5 mil presentes) que vinha - ou não - de outros carnavais.

Alternativa aos maracatus, frevos e caboclinhos da tradição local desde quando surgiram na Zona Norte do Recife, os Devotos lembraram, na noite deste sábado: Punk rock / hardcore / sabe onde é que faz? / Lá no Alto Zé do Pinho / (coro na rua): É do caraaalho!

Pânico no Recife

"Só tem um motivo para estarmos aqui, e isso acontece sempre com as bandas: é a influência. No nosso caso, dos Inocentes", anunciou Cannibal, chamando Clemente ao palco.

A primeira música levada pela dupla foi "Pátria Amada" (de quem você é afinal / É do povo nas ruas ? / Ou do Congresso Nacional?). Da banda paulistana, o quarteto tocou, ainda, "Rotina", em que Cannibal e Clemente dividiram o refrão, e "Garotos do Subúrbio": Garotos do subúrbio / Garotos do subúrbio / Vocês, vocês não podem desistir de viver.

O Rec Beat continua neste domingo, 3. Mais notícias amanhã.

*Viagem a convite da prefeitura do Recife