Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

O som lisérgico de 50 anos atrás voltou a fazer cabeças no Brasil e no mundo com bandas como Bike e Tame Impala

Nomes como Tame Impala e Boogarins resgatam a estética sessentista

Lucas Borges Publicado em 07/09/2015, às 11h11 - Atualizado às 11h25

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
<b>AMPLIANDO SONS</b><br>
Julito Cavalcante faz música psicodélica com o Bike - Divulgação
<b>AMPLIANDO SONS</b><br> Julito Cavalcante faz música psicodélica com o Bike - Divulgação

Cores berrantes, mente aberta, livre experimentação, viagens sonoras. Os loucos anos 1960 podem parecer coisa de um passado romântico. Mas a psicodelia está viva e hoje espalha-se ao gosto dos ventos em um mundo globalizado, hiperconectado pela internet.

Sobe o Som: 10 novos artistas nacionais que você deve conhecer.

A primeira irradiação da onda lisérgica tem origem bem definida. O falecido Jerry Garcia, líder do Grateful Dead, afirmou ter participado a partir de 1964 dos “acid tests”, experiências musicais movidas a substâncias alucinógenas realizadas em São Francisco, usando remessas de drogas testadas em universidades. Da Califórnia ainda sairia a música tecnológica e a moda viajaria ao Reino Unido para fazer a cabeça de grupos como Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd e outros, tomando diversos pontos do globo.

O “renascimento psicodélico” não tem pai definido: veio de várias iniciativas e bandas que surgiram nos últimos tempos. Dentre elas, a britânica MGMT (cujo primeiro hit, “Time to Pretend”, é de 2008) e a australiana Tame Impala. O fato é que a mistura de guitarras distorcidas, sintetizadores, reverbs e loops ganhou força novamente, arrebatando cada vez mais público.

Galeria: 15 discos nacionais lançados no primeiro semestre que você deve ouvir.

“Em todo lugar está rolando, tem bandas de vários países curtindo nossa música no SoundClound”, diz Julito Cavalcante, integrante dos grupos Macaco Bong e Bike. “Tem a Melody, da França, tem um pessoal da Nova Zelândia. Aqui no Brasil já havia Supercordas, Elefante Púrpura, Boogarins. Na Inglaterra, tem o Temples e outras várias. Nos Estados Unidos, dá para citar o Allah-Lahs.” Com o Bike, Cavalcante acaba de lançar o álbum 1943, homenagem ao ano em que o cientista suíço Albert Hofmann sintetizou o LSD, que foi testado durante um alegre passeio de bicicleta. O LSD hoje é proibido, mas estudos recentes nos Estados Unidos tentam avaliar possíveis benefícios da droga no tratamento de doenças como depressão.

“Há uma visível tendência ao resgate da música e da estética sessentista e setentista desde a década passada”, concordam Jimmy Pappon e Rodrigo Bourganos, do Bombay Groovy, que flerta com a música oriental. “Nosso finado baixista Danniel Costa dizia que isso acontece porque o mundo se tornou novamente muito careta e quadrado, trazendo a necessidade de uma nova perspectiva e o desenvolvimento de outros campos da percepção. Mais cores, texturas e possibilidades, uma sinestesia estética geral.”

Boogarins divulga capa, tracklist e vídeo do novo Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos.

Ninguém coloca isso em palavras de forma mais deliciosamente delirante do que um dos mestres do gênero no Brasil, Arnaldo Baptista, cofundador dos Mutantes. “[Psicodelia] é música hipersensível no sentido de expandir o alcance dos instrumentos musicais, do teclado alcançar violinos, pistões com mellotron, a [guitarra] Fender alcançar os médios profundos e assim por diante”, viaja.