Edgardo Martolio, autor do livro “Gloria Roubada: O Outro Lado das Copas”, comenta a derrota da Argentina para a Arábia Saudita em sua estreia na Copa do Mundo do Catar: 'nada pode ser melhor à seleção do que esta derrota'
NÃO ERA SAMPAOLI... essa é a primeira reflexão. A segunda é que confundimos processo COM preparação, isso dito após escutar que havia muitas Copas que a Argentina não chegava tão bem. Hoje fica demonstrado que o processo prévio foi bom, mas a preparação para a partida não foi; nem fisicamente, onde foram superados do início ao fim, nem taticamente, o que expôs a falta de um plano B. E isso que a Argentina ganhava de 1 x 0 aos 10 minutos de jogo...
Por outro lado, colocar Romero e Tagliafico, que não estavam 100%, foi um erro de soberba do treinador. Não estavam bem para jogar - a que se pese que Tagliafico ainda teve comportamento aceitável, o que não se pode dizer de Romero. Colocar Julián Alvarez e Enzo Fernandez como substituições também demonstrou que NÃO HAVIA tanta equipe para Scaloni como se dizia. Os dois chegaram ontem e hoje apareceraram como os salvadores. Por último, fica claro o que, para mim, sempre esteve: se Di María não funciona, não funciona a Argentina. Se fala de Messi, Messi, Messi, mas Messi é um artilheiro, não o que faz jogar um time.
Ainda é cedo e nada pode ser melhor à seleção do que esta derrota, para retomar a humildade e tentar de uma vez por todas o que fez Bilardo na Itália em 1990, quando estreou perdendo de 1 x 0 para o Camarões e chegou à final. Claro que não temos Goyoechea para defender pênaltis, e o famoso Dibu está um tanto ampliado - talvez o maior pecado para um goleiro...
Me pergunto sobre algo que tem a ver com o primeiro tempo: ninguém sabia como jogar para evitar os impedimentos, Arábia Saudita? E se sabiam não poderiam treinar um pouco em vez se contestar a cada vez que se caía em posição proibida? Há muita conversa no futebol, especialmente na Argentina, que hoje, defensivamente, pareceu preparada por Galtieri para defender as Ilhas Malvinas...
Ah, e não digam que a ausência de Celso é responsável por esse suposto papelão. Celso é medíocre, Enzo Fernández o supera amplamente, e não é sua culpa que Scaloni não o utiliza desde o início. Chega de desculpas, é hora de trabalhar para não repetir a Rússia 2018.
Edgardo Martolio é jornalista, escritor, autor do livro Gloria Roubada: O Outro Lado das Copas, editor e CEO da do Grupo Perfil, escreveu para a revista Rolling Stone e é colunista do site argentino Perfil. Antes trabalhou em rádio e TV no começo de carreira, além de jornais e revistas.