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Os 15 melhores álbuns de metal de 2025, segundo Rolling Stone

Castle Rat, Ghost, Halestorm, Deftones e outros 11 artistas lançaram discos que definiram o ano no heavy metal

ROLLING STONE EUA

Capas de Private Music, do Deftones, e Skeletá, do Ghost (Fotos: Divulgação)
Capas de Private Music, do Deftones, e Skeletá, do Ghost (Fotos: Divulgação)

Fãs de metal sempre encontraram transcendência, exaltação e libertação no gênero mais pesado da música — justamente onde todo o resto só ouve barulho. Às vezes, é preciso sentir que o som saindo das caixas de som está esmagando a sua alma para conseguir atravessar para o outro lado. Bandas como Deftones, Ghost, Castle Rat, Agriculture e Primitive Man entendem isso em um nível fundamental. É por isso que os discos desses grupos, junto de outros dez listados aqui, representam os melhores — e mais pesados — álbuns do gênero neste ano.

15º lugar: Dissonance Theory, Coroner

Ao lançar seu primeiro álbum em mais de 30 anos, Coroner tinha uma vantagem clara sobre muitas bandas “ressuscitadas”: o trio suíço de thrash já soava tão futurista em sua fase inicial, do fim dos anos 1980 até meados dos 1990, que havia pouco risco de parecer uma relíquia. Ainda assim, impressiona como Dissonance Theory se encaixa de forma tão natural em um cenário do metal do século XXI fortemente influenciado pela tecnicidade quase ciborgue do Meshuggah. Disparando faixas aceleradas como “Renewal” ou mergulhando em grooves dissonantes como “Transparent Eye” — músicas que remetem imediatamente a Mental Vortex (1991) e Grin (1993), respectivamente — o baixista e vocalista Ron Royce, o guitarrista Tommy T. Baron e o novo baterista Diego Rapacchietti recuperam a ferocidade gélida e as atmosferas inquietantes que fizeram do Coroner um favorito cult permanente. — Hank Shteamer

14º lugar: Lonely People With Power, Deafheaven

O álbum mais recente da infinitamente inventiva banda de metal Deafheaven resume perfeitamente sua mistura quase mágica de agressividade crua, letras pictóricas e melodias grudentas. Lonely People With Power é uma suíte ambiciosa e estranhamente bela, que oscila entre a solidão dolorida e a raiva introspectiva. Trata-se da culminação de uma década e meia de inovação — uma fusão de melodia e metal, dor e poesia. Alguns momentos exploram uma raiva tradicionalmente masculina, mas há também uma membrana de beleza que mantém todo o álbum coeso. — Brenna Ehrlich

13º lugar: Cycle of the Dying Sun (Dawn of Ashen Remains), Runemagick

Runemagick, projeto lacrimoso do vocalista e guitarrista Nicklas Rudolfsson, abriu um canto desolado do underground ainda em 1990. Desde então, a banda se manteve firme contra todas as tendências, trabalhando obstinadamente em nome da escuridão, da morte e do doom. Seu solene 14º álbum, Cycle of the Dying Sun (Dawn of Ashen Realms), é uma carta de amor empoeirada aos velhos tempos — especificamente ao fim dos anos 1990, quando híbridos de death-doom como My Dying Bride e Mourning Beloveth travavam uma disputa global com o Runemagick para ver quem soava mais miserável. Aqui, Rudolfsson brinca com o andamento e faz escolhas estilísticas interessantes (difícil não gostar de uma “voz xamânica em transe”), mas, no fim das contas, o novo disco soa antigo no melhor sentido possível: pesado, humano e tão opressivo quanto uma maldição. — Kim Kelly

12º lugar: Jhyappa, Chepang

O quarteto nepalês-americano Chepang, que se autodenomina “immigrindcore”, vem ralando no universo Faça Você Mesmo há uma década, conquistando devotos com sua abordagem única do gênero ruidoso — incluindo samples de pop nepalês. Neste ano, eles assinaram com a Relapse, e o quarto álbum, Jhyappa, vê a banda detonar nove faixas em menos de 20 minutos. Em um aceno ao primeiro EP, Lathi Charge, Jhyappa elimina qualquer excesso para entregar um grindcore urgente, sustentado por uma espinha dorsal fortemente metálica. As letras em nepalês, divididas entre os vocalistas Bhotey Gore e Mountain God, transitam entre o pessoal (a frenética e curiosamente motivadora “Ek Hajar Jhut”) e o político (a fervilhante e dançante “Drivya Shakti”), culminando em um momento inesperadamente zen no encerramento “Bindhai”. — K.K.

11º lugar: The Bestiary, Castle Rat

Uma regra testada pelo tempo no metal é que um visual chamativo não significa nada sem músicas à altura. Em seu segundo LP, Castle Rat — que se descreve como uma “banda de heavy metal de fantasia medieval”, liderada pela guitarrista e vocalista Riley Pinkerton, também conhecida como Rat Queen, que sobe ao palco parecendo ao mesmo tempo uma lutadora profissional e uma princesa guerreira — mostrou que fez bem a lição de casa. Embora as performances flertem com o brega, a música tem profundidade de sobra, combinando um doom arrastado à la High on Fire via Black Sabbath com uma atmosfera bruxesca e um artesanato quase artesanal. “É importante para nós dar às pessoas um mundo para o qual possam entrar fora do próprio”, disse Pinkerton recentemente à New Noise; assim, The Bestiary é tão envolvente e transportador quanto qualquer outro LP de metal lançado neste ano. — H.S.

10º lugar: The Return of Magick, Rwake

Rwake nunca fez as coisas do jeito “certo”. Se tivesse feito, os doom metallers talvez tivessem suavizado seu som monolítico, mudado-se para uma cidade mais badalada ou se comprometido com uma agenda de turnês extenuante que poderia aumentar o reconhecimento do nome e render um dinheiro extra; em vez disso, a exportação mais pesada de Little Rock, Arkansas, escolheu crescer em seus próprios termos. Seu sexto LP, The Return of Magick, lançado após uma pausa de 13 anos, é absolutamente impressionante. A banda equilibra seu sludge tectônico característico com floreios progressivos, êxtases técnicos, interlúdios psicodélicos (“In After Reverse” é um verdadeiro derretedor de cérebros) e um trabalho de guitarras afiado da dupla de força Austin Sublett e John Judkins. — K.K.

9º lugar: Hymns in Dissonance, Whitechapel

Seitas, demônios e os sete pecados capitais fizeram deste álbum um dos mais sombrios — e também um dos mais divertidos — do ano. O ginasta vocal do Whitechapel, Phil Bozeman, grita e rosna ao longo de 10 faixas que narram um portal infernal e o líder de um culto que quer reabrir sua goela escancarada. Produzido por um dos três (!) guitarristas do grupo, Zach Householder, Hymns in Dissonance é metal sem freio, tanto no som quanto nas letras. Quem não sente vontade de semear o caos ao som de músicas chamadas “Prisoner 666”, “Diabolic Slumber” e “Bedlam”? É uma audição intensa, mas a atenção do Whitechapel a cada detalhe diabólico faz dele um dos discos mais bem executados do ano. — Joseph Hudak

8º lugar: Near-Death Travel Services, Deadguy

Quando Deadguy lançou seu segundo LP após um hiato de três décadas neste verão, não estava apenas dando sequência a qualquer disco. Fixation on a Co-Worker, a estreia da banda de metalcore em 1995, há muito tempo é cultuada como um clássico do underground — um ataque desvairado de hardcore metálico que tocou fundo em qualquer ouvinte que já tenha sentido a própria sanidade escorrer pelo ralo preso a um trabalho de escritório esmagador. Ao dar play na faixa de abertura de Near-Death Travel Services, “Kill Fee”, chega a ser quase preocupante o quanto a banda ainda soa insatisfeita, se contorcendo e cambaleando por seus riffs característicos, ásperos como unhas num quadro-negro, enquanto o vocalista Tim Singer uiva sobre lidar com um mundo “cheio de pistas estreitas e jogos viciados”. O restante do disco segue no mesmo tom, com uma descarga implacável de noise-core atrás da outra, conseguindo, de alguma forma, superar a barra quase inalcançável de Fixation. — H.S.

7º lugar: Ethereal Horizons, Blut Aus Nord

Blut Aus Nord sempre evitou a previsibilidade em seu favor. Agora, dois álbuns dentro da ruidosíssima trilogia Disharmonium, o mentor Vindsval decidiu mudar completamente de rota e lançar, em vez disso, um belíssimo álbum de black metal melódico: Ethereal Horizons. O LP remete à grandiosidade gélida da trilogia Memoria Vetusta da banda, mas acrescenta uma dose de dissonância moderna e nuvens de prog rock guiado por sintetizadores ao seu devaneio onírico em médio andamento. Será que a inclinação luminosa e cósmica do disco — especialmente no encerramento radiante “The End Becomes Grace” — sinaliza a chegada de mais uma nova era? O tempo dirá. — K.K.

6º lugar: Everest, Halestorm

Quando Lzzy Hale e companhia se uniram ao produtor de Eric Church, Jay Joyce, em Into the Wild Life (2015), os fãs temeram que a banda estivesse indo para o country. Em vez disso, eles fizeram um de seus discos mais pesados até então. O mesmo vale para Everest, um trabalho feroz e multifacetado comandado por Dave Cobb, produtor de confiança de Chris Stapleton. Everest é tão grandioso quanto o pico que lhe dá nome e oferece uma experiência sonora opulenta (vale colocar os fones para a orquestral “Darkness Always Wins”), pontuada pelos solos tecnicamente ornamentados do guitarrista Joe Hottinger e pelo vocal rouco, mas sempre cheio de alma, de Hale. Na faixa-título, ela faz um balanço da jornada à frente e dos caminhos difíceis que ela e a banda percorreram até aqui: “All my life, I’ve had to fight / And don’t know why, I just keep going”, canta Hale. Após seis álbuns, Halestorm segue escalando a montanha do rock. — J.H.

5º lugar: Observance, Primitive Man

O trio de doom metal Primitive Man sempre se alimentou do ódio contra os monstros da humanidade, especialmente os fascistas. Em 2025, precisamos deles mais do que nunca — e eles entregaram. Observance, o quarto álbum completo do trio de death/sludge, apresenta um retrato sombrio de um homem deprimido, assombrado pelos horrores do mundo exterior e consumido pela dor de existir. Desde o primeiro momento enegrecido e sangrento do disco, em “Seer”, Primitive Man se apoia fortemente no lado mais doom de seu som, arrastando cada nota por uma lama apodrecida e sufocando qualquer resquício de luz sob camadas de distorção. Os andamentos lentos e trêmulos da banda só amplificam o horror em faixas como “Transactional”, um hino dilacerado à alienação. Aqui, Primitive Man captura o espírito do tempo de 2025 — suas desumanidades, seu ódio, seu desespero — e Observance se recusa a nos deixar desviar o olhar. — K.K.

4º lugar: Parasomnia, Dream Theater

Há cerca de 15 anos, o baterista do Dream Theater, Mike Portnoy, sofreu um lapso de razão e deixou a amada banda de prog metal que ajudou a fundar em 1985. Agora, com o “stickman” de volta à formação, o quinteto soa completo novamente em Parasomnia, seu 16º álbum de prog metal atlético, construído sobre o trabalho quase impossível de digitação do guitarrista John Petrucci, as espirais de sintetizadores de Jordan Rudess e o controle estonteante de Portnoy sobre algo em torno de 16.346 tambores e pratos. Em “A Broken Man”, escrita pelo vocalista James LaBrie, eles alternam marchas entre compassos nada apropriados para headbanging, como 5/8 e 5/4; já em “Midnight Messiah”, composta por Portnoy, Petrucci conduz um furacão de notas durante o solo, mas nem isso quebra a banda. Nessa última faixa, LaBrie canta: “The dream will never end” — o que não é nada ruim. — Kory Grow

3º lugar: Skeletá, Ghost

Ghost atingiu marcos importantes na carreira neste ano, liderando a Billboard 200 e esgotando seu primeiro show como atração principal no Madison Square Garden. Mas ainda mais impressionante foi o que os suecos do pop metal conquistaram em seu sexto álbum de estúdio. Desde a estreia em 2010 com Opus Eponymous, o autor por trás do Ghost, Tobias Forge, sempre combinou uma mitologia elaborada e um aparato teatral luxuoso com um domínio sólido da composição. Ainda assim, Skeletá representou um verdadeiro salto de nível: todas as faixas parecem à altura da nova escala de arenas da banda, do hino rock-operístico “Satanized” à balada poderosa e lacrimosa “Excelsis” e, talvez melhor de tudo, à sinuosa e sinistra “Missilia Amori”, que poderia facilmente ser uma faixa perdida de Hysteria. Pela primeira vez, o conteúdo emocional das músicas — arrogância e pathos, blasfêmia gelada e diversão marota — soou tão impactante quanto o famoso espetáculo exagerado do grupo no palco. — H.S.

2º lugar: The Spiritual Sound, Agriculture

Dois minutos após o início de “My Garden”, a primeira faixa de The Spiritual Sound, Agriculture lança um koan zen digno de reflexão: “A morte é o maior filho da p*ta”. As guitarras guincham e os pratos colidem de forma tempestuosa. E então, abruptamente, a banda suaviza tudo com um refrão que soa quase como Sonic Youth. O grupo recheou cada uma das 10 faixas de seu segundo álbum com viradas musicais bruscas, fazendo dele um dos discos de metal mais empolgantes e vanguardistas dos últimos tempos. Entre as texturas exploradas estão o pulsar trêmulo do black metal (“Flea”), o terror extremo da guitarra noise (“The Weight”) e o golpe duplo de “Bodhidharma”, uma meditação arrastada e grunge, seguida de “Hallelujah”, uma canção folk-rock à la Dinosaur Jr. construída sobre os mesmos acordes. A morte pode até ser o maior filho da puta, mas Agriculture vem logo atrás. — K.G.

1º lugar: Private Music, Deftones

O melhor de Private Music, o décimo LP da banda, é como ele preserva a estética central do Deftones — a justaposição entre riffs abrasivos de alt-metal e um anseio profundo e sensual que remete ao marco da virada do milênio White Pony — e, ainda assim, soa renovado. Destaques como a cortante e inquietante “Cut Hands”, a balada poderosa e enevoada “I Think About You All the Time” e o hino “Ecdysis” parecem entrar instantaneamente para o cânone do Deftones, cada um lembrando a força incomum de permanência do grupo. Em um momento em que toda uma nova geração de bandas pesadas de vanguarda exibe orgulhosamente a influência de seu catálogo — incluindo os recentes parceiros de turnê Fleshwater e os punks ingleses do Higher Power —, Private Music mostra que os Deftones ainda estão escrevendo capítulos novos e arrebatadores. — H.S.

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