A frase “a vida é uma m*rda, mas ótimos discos nos ajudaram a sobreviver” poderia ser aplicada a qualquer número de anos anteriores. Mas, em 2020 a música foi atingida duramente com casas de shows fechadas e turnês canceladas. Por necessidade, esse se tornou um ano voltado para dentro, de ouvir profundamente e de procura por consolo.
Os 50 melhores álbuns de 2020 da Rolling Stone EUA:
50. "Live Forever", Bartees Strange
49. "Love Is the King", Jeff Tweedy
48. "Growth", Kareem Ali
47. "Good Souls Better Angels", Lucinda Williams
46. "The Price of Tea in China", Boldy James and the Alchemist
45. "Power Up", AC/DC
44. "Starting Over", Chris Stapleton
43. "Aftermath", Elizabeth Cook
42. "Alphabetland", X
41. "Haunted Painting", Sad13
40. "McCartney III", Paul McCartney
39. "Fake It Flowers", Beabadoobee
38. "Inner Song", Kelly Lee Owens
37. "Color Theory", Soccer Mommy
36. "Traditional Techniques", Stephen Malkmus
35., "Got to Be Tough", Toots and the Maytals
34. "Private Lives", Low Cut Connie
33. "A Hero's Death", Fontaines D.C.
32. "After Hours", The Weeknd
31. "Petals for Armor", Hayley Williams
30. "Sixteen Oceans", Four Tet
29. "Shamir", Shamir
28. "Reunions", Jason Isbell and the 400 Unit
27. "Good News", Megan Thee Stallion
26. "To Love Is To Live", Jehnny Beth
25. "Manic", Halsey
24. "Rare", Selena Gomez
23. "Plastic Hearts", Miley Cyrus
22. "Positions", Ariana Grande
21. "Honeymoon", Beach Bunny
20. "Never Will", Ashley McBryde
19. "Ungodly Hour", Chloe x Halle
18. "Græ", Moses Sumney
17. "Shore", Fleet Foxes
16. "Map of the Soul: 7", BTS
15. "Ho, Why Is You Here?", Flo Milli
14. "Women in Music Pt. III", Haim
13. "City on Lock", City Girls
12. "Letter to You", Bruce Springsteen
11. "Chromatica", Lady Gaga
10. "Punisher", Phoebe Bridgers
Depois que Phoebe Bridgers lançou Boygenius, com Lucy Dacus e Julien Baker, em 2018, e Better Oblivion Community Center com Conor Oberst, em 2019, a expectativa era alta para o segundo álbum completo da cantora e compositora indie. Ela entregou mais e mais um pouco. Cada faixa desperta uma carga emocional à medida que suas composições afiadas contam contos de festas de aniversários com temas náuticos ("Moon Song"), derramam lágrimas de crocodilo em um carro ("Savior Complex") e a faz sentir, bem, nada ("Chinese Satellite"). Apenas Bridgers colocaria uma música folk impressionante como “Graceland Too” próxima do tornado épico que é “I Know the End”, mas esse tipo de energia de gênio louco é a sua marca registrada. (SOU)
9. "What’s Your Pleasure?", Jessie Ware
Esse fantástico disco de dance-pop saiu quando nenhum de nós podia ir a um clube de dança, mas não importa, é para isso que servem os quartos. Em seu 4º álbum, a cantora londrina aumentou o glamour do Studio 54, garantindo a todos permissão para ir além das cordas de veludo. As três primeiras faixas sozinhas funcionam melhor ouvidas tarde da noite, como um espantoso globo de discoteca: da apaixonada "Spotlight" à faixa-título cheia de sintetizadores e altamente agradável "Ooh La La", que começa com um carro buzinando. Se há algo que queremos em 2021, cabe a Ware lançar essa joia em vinil dourado. (SOU)
8. "Eternal Atake", Lil Uzi Vert
O tão aguardado segundo álbum do rapper da Filadélfia está próximo de um lugar onde um sample do hit meloso dos Backstreet Boys, "I Want It That Way", de 1999, se mistura com uma faixa agitada construída em torno da trilha do videogame "Space Cadet 3D Pinball", da Microsoft. Poucos artistas podem se igualar à força esmagadora de Lil Uzi Vert. "Homecoming" canaliza a combatividade do hip-hop do final dos anos 80 e "Lo Mein" funciona como um aríete. Impressionantemente, o rapper traz a mesma potência de um tijolo para baladas como "I’m Sorry", uma faixa sobre arrependimento em que ele pede desculpas por "tudo o que já disse". (Elias Leight)
7. "Saint Cloud", Waxahatchee
Em "Saint Cloud", a cantora e compositora Katie Crutchfield mergulhou em suas raízes do Alabama para criar um som americano despojado, com influências de Lucinda Williams e Emmylou Harris (basta olhar para a capa do álbum em que Crutchfield está em cima de uma caminhonete com rosas vermelhas em sua caçamba e você vai entender.) A composição de Crutchfield é pura e atinge você como um soco no estômago - se ela está comparando o amor ao mel na colher (“Can't Do Much”) ou refletindo sobre flores colhidas na garrafa de uma Topo Chico (“Lilacs”). Lançado no mês em que a pandemia foi declarada emergência nacional, é o tipo de conforto que não sabíamos que precisaríamos tanto. (SOU)
6. "RTJ4", Run the Jewels
Há muito tempo o Run the Jewels é herdeiro do Public Enemy, fazendo uma política de esquerda com tangentes malucas e produção iconoclasta do hip-hop. Mas a conexão nunca foi mais evidente do que em "RTJ4", lançado no auge dos protestos que se seguiram à morte de George Floyd pela polícia. Entre rimas afiadas sobre jovens negros em desvantagem e policiais racistas (“Walking in the Snow”) e “caras bobos” como Trump no Twitter (“Goonies vs. E.T.”), Killer Mike e El-P criaram a trilha sonora para uma revolução. Em quase todas as faixas, a dupla dialoga perfeitamente com o ano mais turbulento de que se tem memória, assegurando aos ouvintes ao longo do caminho que, se eles podem, você também pode. (Kory Grow)
5. "Future Nostalgia", Dua Lipa
O segundo álbum de Dua Lipa teria sido uma viagem disco magnífica mesmo nos melhores anos possíveis. Mas, "Future Nostalgia" foi crucial para um ano em que essas batidas foram o mais próximo que chegamos de uma pista de dança. É uma onda de dança atemporal, com Lipa brilhando a noite toda como Madonna ("Hallucinate") ou Gloria Gaynor ("Don't Start Now") ou Olivia Newton-John ("Physical"). “Querido, continue dançando como se você não tivesse escolha”, ela diz em "Physical", e enquanto "Future Nostalgia" estiver tocando, você não consegue imaginar como faz para desacelerar. (Rob Sheffield)
4. "Rough and Rowdy Ways", Bob Dylan
Quando Dylan voltou dos reinos das sombras este ano, quase uma década havia se passado desde o seu último álbum de canções originais, o rabugento "Tempest", de 2012. Durante esse tempo, ele sussurrou algumas coisas pop nada doces, ganhou um Prêmio Nobel e afiou a sua lâmina. "Rough and Rowdy Ways" é um tour-de-force lírico, repleto de piadas ultrajantes ("My Own Version of You"), jactâncias divertidas ("I Contain Multitudes") e irreverentes tributos aos grandes que vieram antes dele ("Goodbye Jimmy Reed”). Ele está assombrado pelos fantasmas do século 20 e pulou no absurdo de sobreviver até o século 21. Por baixo de tudo isso, há uma sensação de melancolia que atinge seu pico na sublime balada de fim de estrada "Key West". Espantosas por si mesmas, essas músicas se somam ao álbum mais engraçado, surpreendente e multidimensional de Dylan desde "Love and Theft". (Simon Vozick Levinson)
3. "YHLQMDLG", Bad Bunny
"Yo Hago Lo Que Me Da La Gana" é mais variado e mais focado do que o excelente álbum de estreia de Bad Bunny, "X 100pre", de 2018, com mudanças estilísticas imprudentes; das "várias músicas em uma" de “Safaera” à hard rock “Hablamos Mañana”, que é próxima de alguns de seus mais insistentes e afiados hits. "La Santa" mescla uma melodia bonita com vocais de Bad Bunny gritando para o céu e uma batida de reggaeton severa com grande efeito, enquanto a estrela do reggaeton Yaviah enriquece o verso em “Bichiyal”. Bad Bunny lançou mais dois álbuns em 2020, mas nenhum superou o poder de fogo implacável de "YHLQMDLG". (Elias Leight).
2. "Fetch the Bolt Cutters", Fiona Apple
Fiona Apple sempre prosperou ao desafiar expectativas, desde dizer ao pop que o mundo era uma besteira até levar anos (e anos) para aperfeiçoar as suas óperas de rock alternativo. Mas, ninguém poderia esperar a audácia de "Fetch the Bolt Cutters", ou a maneira como Apple expressa o seu espírito independente em uma orquestra de bateria, percussão, latidos e miados. Ela salta à frente dos "VIPs e wannabes" na faixa-título cantando "sempre fui muito esperta para isso", busca amizade com uma mulher que está namorando seu ex ("Ladies") e reflete sobre uma pessoa dizendo que ela tinha o potencial que precisava quando era criança (“Shameika”). Quando ela canta "chute-me por baixo da mesa o quanto quiser, eu não vou calar a boca", em "Under The Table", ela está falando sério, porque esse potencial foi realizado. (Kory Grow)
1. "Folklore", Taylor Swift
Não é exagero dizer que "Folklore", de Taylor Swift pode entrar para a história como o álbum definitivo da quarentena, e não apenas por causa de sua gravação caseira e folk. Sem a pressão de ter que escrever sucessos de rádio ou realizar a sua habitual agenda prolongada de lançamentos de álbuns - cheia de videoclipes, easter eggs e apresentações no Good Morning America - Swift trocou as armadilhas ultra pop de seu álbum anterior, "Lover", por um projeto que colocou o seu talento único de compositora à frente e no centro. Independentemente do que você ache da credibilidade "indie" do álbum, com contribuições de Aaron Dessner, do The National, e Justin Vernon do Bon Iver, os 16 contos de amores perdidos, maioridade e redenções de "Folklore" nos forneceram consolo e catarse exatamente quando nós mais precisávamos. Músicas como “August” e “Mirrorball” vão persistir muito depois que essa pandemia acabar - e o mesmo acontecerá com Taylor Swift. (Claire Shaffer)