A escolha dos principais lançamentos de cinema internacional do ano, de 'Vingadores: Ultimato' a 'Nós'
Na metade do caminho, 2019 com certeza passou seus dias sem criar, ainda, uma produção para aumentar as expectativas do que o cinema pode fazer. (Desculpa, Vingadores: Ultimato - você é marvel-hoso, mas você não é Pantera Negra.) Mesmo assim, as novidades não são completamente terríveis. As performances de Lupita Nyong (Nós), Taron Egerton (Rocketman), Andre Holland (High Flying Bird) e Honor Swinton Byrne (The Souvernir) com certeza merecem atenção, reconhecimento para prêmios e tudo o mais.
E se existir ainda, para este ano, algum documentário musical melhor do que as pérolas para Aretha Franklin (Amazing Grace) e Bob Dylan (Rolling Thunder Revue), então estamos prontos para outra Era de Ouro. De fato, existiram fractais de glória para saborear em meio à avalanche de reboots que Hollywood tentou nos soterrar.
Aqui, em ordem alfabética, está a lista dos 12 filmes considerados os melhores de 2019 até agora.
Por mais que a perfeição seja quase intangível, o documentário com imagens inéditas de Aretha Franklin consegue bem próximo disso.
Em janeiro de 1972, a rainha do soul - com 29 anos na época - usou a música como instrumento para clamar a Deus em frente à congregação da New Temple Missionary Baptist Church, em Los Angeles.
As gravações, no entanto, levaram quase meio século para serem lançadas porque o diretor Sydney Pollack não conseguia sincronizar a imagem e o som. Foi então que a tecnologia acabou entrando em cena e… Aleluia!
Durante o vocal eufórico de Aretha Franklin ao cantar “Amazing Grace”, o reverendo James Cleveland vira de lado e se debruça de chorar, como um bebê. Mas é o que você faria caso presenciasse um verdadeiro milagre.
Aqui está a produção da Marvel que custou tão caro e que lucrou ainda mais (cerca de US$ 2,7 bilhões até o momento). E a luta continua para que ele supere Avatar (US$ 2,8 bilhões) e atinja o posto de campeão em bilheteria.
Mas o que realmente impressiona é o fato de que o longa é - inegavelmente - bom. Dirigido pelos irmãos Russo, Vingadores: Ultimato traz, de fato, aquela sensação épica de encerramento para os 22 filmes do Universo Cinematográfico Marvel, que começou com a história do Homem de Ferro, em 2008.
Certamente, é duro nos despedir de alguns dos nossos heróis favoritos, mas o filme se torna inesquecível ao invocar a emoção de ver os Vingadores reunidos para mais uma batalha massiva - e de partir o coração.
Aparentemente, o público não deu a devida atenção para esta comédia extraordinária. Mas é ele quem perde. Em uma estreia majestosa como diretora, Olivia Wilde equilibra a comicidade e a gravidade necessárias ao retratar a história de duas garotas estudiosas que, antes da formatura, decidem compensar o tempo perdido.
Neste retrato de resiliência feminina do roteirista e diretor Kent Jones, Mary Kay Place dá a melhor performance de sua carreira interpretando a viúva, Diane, que está determinada a evitar os becos sem saída e obstáculos existenciais que o destino coloca em seu caminho.
Ela quer fazer o bem - se pequenas coisas como seu filho (Jake Lacy) ser viciado em drogas e as armadilhas da vida comum não tornasse tão difícil manter a fé. Jones e Place capturam o ritmo de uma mulher à beira de situações que os definem como artistas de cinema de primeira linha.
O cinema da China está pegando fogo com tantas boas criações. Ash is the Purest White, do escritor e diretor Jia Zhangke, usa uma narrativa dramática de crime para acusar os danos ambientais e morais em nome do progresso.
A Longa Jornada Noite Adentro, de Bi Gan, encontra um significado sob uma paisagem de sonhos que inclui uma sequência 3D de quase uma hora.
Mas o primeiro lugar pertence a An Elephant Sitting Still, de Hu Bo. Com quatro horas de duração, a história dos adolescentes presos em um cenário industrial gira em torno do roubo de um celular.
Mas isso é apenas um pretexto que revela as tensões que fervem sob uma sociedade à beira de um colapso. A potência do filme vem do modo como Hu detalha a infra-estrutura política do seu país. Ironicamente, o diretor cometeu suicídio aos 29 anos, logo após completar o seu primeiro e único filme. É uma obra prima.
Mais uma vez, o diretor Steven Soderbergh mostra que você não precisa de muito dinheiro para criar uma maravilha. O diretor de Traffic, vencedor do Oscar, grava esse drama esportivo em um iPhone enquanto acompanha o brilhante André Holland em uma corrida final da NBA.
Para Soderbergh e o roteirista Tarell Alvin McCraney (Moonlight), o basquete é um jogo de vida ou morte e feito para gladiadores. Prepare-se para uma corrida matadora.
É impossível. Como essa série que quebra todas as regras continua a superar ela mesma? Keanu Reeves encontrou o papel de sua vida em John Wick, um assassino marginal e amável com um prêmio de US$ 14 milhões pela sua cabeça. O diretor Chad Stahelski, ex-dublê de Reeves, coreografou a desordem como se fosse o George Balanchine do tumulto. É divertido. É artístico. É completamente ultrajante.
Existiram alguns documentários peculiares este ano, desde o revelador Apollo 11 e o sexual Ask Dr. Ruth até The Brink, sobre a mente de Steve Bannon.
Mas a principal escolha, da diretora Racher Lears, mostra quatro candidatas progressistas dos Estados Unidos que querem desbancar os homens que não fazem nada.
O foco, naturalmente, está em Alexandria Ocasio-Cortez, a supernova que detonou o representando do congresso de Nova York Joe Crowley e o mandou para casa. Está disponível na Netflix.
Ao invés de prever se esta cinebiografia de Elton John poderia se igualar ao sucesso esmagador do filme de US$ 900 milhões de dólares sobre Freddie Mercury, Bohemian Rhapsody, foque em como Rocketman triunfa em seguir seu próprio caminho.
Taron Egerton não apenas vive o jovem, gay e viciado Elton, ele canta suas canções e adota no palco a persona estridente e ofuscante que permitiu ao tímido cantor e compositor esconder seus medos atrás do glitter. É uma performance estupenda que permite ao filme de Dexter Fletcher surgir como um mito único e estonteante.
O título em si já pega, mas o que envolve mesmo é a maravilhosa aventura de Dylan e Scorsese, diretor do filme. Isso porque ele investiu na ideia de sair do formato de filme de show.
Sim, há imagens da turnê Rolling Thunder Revue em meados dos anos 1970. E nós ouvimos Dylan falar. No entanto, o cineasta acrescenta cenas de uma ficção de 1978 chamada Renaldo and Clara, estrelada e dirigida por Dylan.
Com isso, torna-se obscura a linha entre o que é real e o que é ficção. Embarcamos em um ciclo de provocações que ilumina e ofusca como uma música de Dylan.
O filme causa uma polarização. Alguns odeiam The Souvenir porque são incapazes de acompanhar a maneira como a roteirista e diretora Joanna Hogg espalha suas memórias como uma jovem cineasta de Londres nos anos 1980.
Outros ficam felizmente perdidos quando a protagonista (Honor Swinton Byrne) supera o homem errado (Tom Burke) e as suas próprias inseguranças para criar uma versão de si mesma com a qual ela consiga viver. É um desafio que muda a vida - e 100% puro cinema.
Assisti ao segundo filme de terror de Jordan Peele no SXSW, em março deste ano, e ele ainda está mexendo com a minha cabeça. Lupita Nyong'o, em uma das maiores performances de alguém em um filme de terror na história, interpreta Adelaide, esposa de Gabe (Winston Dule) e mãe de duas crianças.
De férias na praia, a família é confrontada por uma versão meio zumbi deles mesmos que ameaça tomar a vida deles.
Adelaide parece saber mais do que ela aparenta, o que nos leva a um climax que certamente vai atormentar você nos seus sonhos. Peele é um mestre na arte de subverter um gênero de tal modo que o impensável se torna impressionantemente real.
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