Filme de Spike Lee acompanha veteranos da Guerra do Vietnã, aborda questões raciais e esbanja Marvin Gaye na tracklist
Professor de cinema da New York University (NYU)Spike Leeprovou em Destacamento Blood(2020), da Netflix, ser um bom educador. Baseado em fatos, o longa acompanha cinco veteranos da Guerra do Vietnã (1955 - 1975) em uma viagem para encontrar restos mortais do comandante Stormin (Chadwick Boseman) e ouro deixados no local.
Outro professor trabalhou com Lee no filme: Kevin Wilmott, da Universidade de Kansas, co-escreveu o roteiro de Destacamento Blood. Juntos, deram uma aula de história para um país que nega a derrota na guerra.
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Indicado como Melhor Trilha Sonora Original no Oscar 2021, Destacamento Blood não é uma obra-prima de Spike Lee, mas vale a pena assistir. Confira quatro motivos para prestar atenção no filme:
Destacamento Bloodnão tem grandes indicações ao Oscar 2021. Porém, concorre na categoria de Melhor Trilha Sonora Original.
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A parceria de sucesso para a música do filme começou com a contratação do trompetista Terence Blanchard, responsável pela trilha sonora. Para ter ideia do renome do músico: venceu quatro das seis indicações ao Grammy na carreira.
De acordo com Itapema Fm, o disco é repleto de clássicos do Marvin Gaye e outras canções R&B de sucesso. Lançado em 2020, o disco homônimo ao filme está disponível nas plataformas digitais.
Em busca de ouro e dos restos mortais do comandante, Paul (Delroy Lindo), Otis (Clarke Peter), Eddie (Norm Lewis), Melvin (Isiah Whitlock Jr.) e David (Jonathan Majors) viajam dos EUA até o Vietnã.
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A volta ao local representa uma forma de ressignificar as memórias dos cinco amigos. Flashbacks com personagem de Boseman explicam o passado e o futuro - isso responde como se tornaram quem são.
Apesar de viverem aventuras e conhecerem a cultura vietnamita de outra maneira, a história termina em tragédia. O enredo também trata questões raciais.
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A história do ator de Pantera Negraficou mais conhecida quando morreu em agosto de 2020. Ninguém sabia sobre a luta travada durante quatro anos contra o câncer de cólon.
Na época, a notícia tornou pública a condição preocupante de Boseman ao filmar grandes obras do cinema. Destacamento Blood, inclusive, foi um dos longas feitos durante a quimioterapia.
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Como ninguém além da esposa e alguns familiares de Boseman sabiam do estado de saúde, o elenco do filme de Lee ficou insatisfeito com o tratamento diferenciado do ator no set.
"Minha esposa me perguntou como era trabalhar com Chadwick, e eu disse que o tratavam como se fosse alguém 'especial', porque estava cercado por bajuladores no set de filmagem," relembrouPeters em entrevista ao Good Morning Britain. "Sinto-me arrependido quando me lembro desses pensamentos."
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Com as críticas sociais e a lembrança da história dos EUA, Spike Lee faz o seu melhor: diverte e instiga o telespectador.
Com personagens como Paul (Delroy Lindo), foi possível apresentar questões passadas para pensar o presente e entender como os amigos se tornaram quem são - uma alusão à vida comum.
Os aspectos sociais em Destacamento Blood, como o privilégio do dinheiro ou a questão racial, são mais uma assinatura de Lee.
O diretor entregou um filme inteligente, divertido e apreensivo. Ao entreter, surpreende ao entristecer e desesperar com os acontecimentos finais da obra.
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