Nova regra da Academia prevê que se as músicas não atingirem determinado padrão de qualidade, a cerimônia do ano excluirá a categoria
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou na sexta, 26, novas mudanças para o Oscar. A mais polêmica delas poderá implicar na exclusão do prêmio de melhor canção se, em determinado ano, as faixas concorrentes não forem consideradas boas o bastante. A decisão chega dias após o anúncio de que, a partir de 2010, o Oscar terá 10 indicados à estatueta de melhor filme, em vez dos cinco habituais, como vinha sendo feito desde 1945.
Segundo a edição online da revista Variety, a ideia é preservar a categoria, que este ano consagrou "Jai Ho", de A. R. Rahman (Quem Quer Ser um Milionário?).
A comissão responsável pela categoria (são cerca de 230 membros votantes) conduz, anualmente, complexa pré-seleção, na qual membros da Academia assistem a clipes com as músicas elegíveis dentro do contexto de cada filme. Os votantes, então, pontuam cada concorrente, numa escala de 6 a 10. A nova regra prevê que, caso nenhuma das faixas consiga nota mínima de 8.25, o prêmio não será distribuído no ano. Se pelo menos uma música alcançar a pontuação, ela será nomeada junto à segunda canção mais votada, ainda que esta tenha nota inferior a 8.25.
Dentro das regras prévias, a categoria precisava ter de três a cinco músicas. Ao contrário do prêmio de melhor filme, a alteração não significa aumento do número máximo de concorrentes, embora possa zerar o número de faixas no páreo.
"Nós estamos tentando aumentar a qualidade", explicou o compositor Bruce Broughton, presidente da ala musical da Academia, segundo o site da rede britânica BBC. Para Broughton, a Academia viha sendo cobrada, pois grande parte da recente safra musical deixa a desejar quando "comparada às músicas do passado".
A deliberação, já em vigor, de apenas considerar canções contextualizadas dentro do filme estaria ligada à tentativa de zelar pelo valor da contribuição musical à produção, em vez de privilegiar o potencial comercial da trilha sonora. De acordo com a Variety, alguns membros da Academia não estariam satisfeitos com o aumento de músicos e compositores de pop-rock nos créditos de filmes. A manobra, no entanto, deixou de fora concorrentes como "The Wrestler" (vencedora do Globo de Ouro deste ano e tema de O Lutador), de Bruce Springsteen.
Algumas estratégias da Academia saíram pela culatra. Peter Gabriel, por exemplo, decidiu não participar da edição deste ano - ele apresentaria "Down To Earth", de WALL-E, escrita em parceria com Thomas Newman. Em vídeo disponível na rede, o músico britânico explicou o porquê de sua recusa. "Apesar de ter apenas três [músicas] indicadas, só foram oferecidos entre 60 e 65 segundos para cada. Não acho que seja tempo suficiente para fazer justiça à canção."
A intenção era alavancar a audiência do programa, há anos em queda. Se por culpa da tática, não se sabe ao certo, mas o fato é que a audiência de 2009 teve melhora de 13% em relação ao ano anterior, com cerca de 32 milhões de espectadores, segundo pesquisa da Nielsen Media Research.
Ao mesmo tempo em que diminuíram o tempo de apresentação dos candidatos à melhor canção, os organizadores do Oscar não se furtaram de incluir um número de dança com Hugh Jackman, mestre-de-cerimônias da 81ª edição do Oscar, e integrantes da franquia High School Musical.
Outra mudança no Oscar mudará para novembro, em uma noite de gala para 500 convidados, a distribuição de honras como o Prêmio Humanitário Jean Hersholt (ganho, este ano, por Jerry Lewis) e o Oscar honorário por contribuição à indústria hollywoodiana.
A 82ª edição do Oscar acontecerá em 7 de março. Os indicados deverão ser conhecidos no dia 2 de fevereiro.