Em entrevista, a cantora comemora a guinada internacional ao lançar o 111, o primeiro EP trilíngue da carreira
Os últimos dois meses foram intensos para a estrela do pop brasileiro - e agora, do mundo -,Pabllo Vittar. No final de outubro, a cantora comemorou a guinada internacional ao lançar o 111 (lê-se “cento e onze”), o primeiro EP trilíngue da carreira.
No mês seguinte, foi a primeira brasileira a se apresentar na cerimônia da MTV Europe Music Award e a ganhar o prêmio de Melhor Artista Brasileira.
Agora, Vittar concedeu uma entrevista para a Rolling Stone EUA e fez um recorte sobre a elaboração do novo projeto - que já tem uma segunda parte à vista e com previsão de lançamento para 2020 -, o estrondoso sucesso e a própria representação política que tem dentro do movimento LGBTQ+.
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"Eu sou quem eu sou: um garoto gay, drag queen, super feminino. Eu falo a minha verdade por meio da minha música", explica para a Rolling Stone EUA.
Em contraste aos registros anteriores, Não para Não e Vai Passar Mal, o novo 111 1 - que recebe a data do encantado aniversário da cantora, dia 1 de novembro - é o mais experimental, capta sons de todos os lugares do globo e potencializa o próprio vocal por meio das nuances de samba e funk.
"Aprendi muito como artista durante o processo [de fazer este disco] e conheço minhas técnicas de corpo, voz e palco muito melhor”, diz Vittar.
111 1 é uma celebração trilíngue das pistas de dança, uma reunião sônica em que o inglês, espanhol e português se estrelaçam livremente.
As colaborações representam com exatidão a dualidade de Vittar: uma com um dos grandes nomes do pagode da Bahia, Psirico, na faixa de abertura, "Parabéns" e a assistência da força pop britânica Charlie XCX, com "Flash Pose". O passeio pela língua espanhola em "Ponte Perra" fecham perfeitamente o ciclo eletrônico e pop pensado pela cantora.
"Charli é uma artista que eu sempre amei", diz Pabllo sobre a hitmaker - que já apresentava Vittar em seu hino pop em "I Got It".
"Esse interesse em experimentar é algo que temos em comum. Estou aqui para qualquer ideia maluca que ela possa ter em mente."
Vittar é uma estrela pop emblemática do nosso tempo. Apaixonada pelas músicas de todas as partes do mundo - ela cita Rosalía e Tomasa del Real do Chile como favoritos e clama pelos colegas do BaianaSystem e Attooxxa -, Vittar também pode ser conhecida como "Blink", apelido dado ao fadom do grupo de K-Pop, Blackpink.
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"Adoro o modo como a música e a dança se unem para criar algo extraordinário, e como eles conseguem dominar o mundo [apesar de] falar línguas que a maioria de nós não conhece”, reflete.
A presença vital de Vittar na música pop não vem sem tons políticos. Somente no último ano, 167 pessoas trans foram mortas no Brasil, e o clima político só tornou o espaço ainda mais inseguro para a população LGBTQ + com a presidência de Jair Bolsonaro.
"Como artista, não posso simplesmente me calar e assistir a todas as atrocidades que estão acontecendo no Brasil", diz ela. "É meu dever falar o mais alto que puder, lutar contra isso e tentar gerar consciência sobre tudo".
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O fato da maior exportação do momento do país ser uma estrela pop trans, Vittar se apresenta como "um farol de esperança" para muitos. Hoje a artista supera até os números de RuPaul nas mídias sociais.
"Adoro fazer música pop porque, por alguns minutos, você pode esquecer tudo e se divertir. Isso é música. O palco é sagrado para mim; é um escudo que me protege... é onde posso me libertar de qualquer preconceito e violência"
111 1 já está disponível em todas as plataformas digitais.
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