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Para dançar chorando, Carne Doce lança o clipe de "Comida Amarga"; assista

Vídeo mostra a vocalista Salma Jô solitária em uma festa, produzido em parceria com o Couple of Things, projeto formado pelos filmmakers Diana Boccara e Leo Longo

Pedro Antunes Publicado em 27/03/2019, às 16h00

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Salma Jô, do Carne Doce, no clipe de "Comida Amarga" (Foto: Reprodução)
Salma Jô, do Carne Doce, no clipe de "Comida Amarga" (Foto: Reprodução)

Há uma melancolia nessa voz tão particular de Salma Jô, um grave que parece sair das suas entranhas, como se rasgasse tudo por onde passa até, enfim, sair pela boca. Esses sentimentos que parecem vomitados, quando são libertados, são a chave da Carne Doce.

Salma, em entrevista na época do lançamento de Tônus, o terceiro álbum do grupo, eleito pela Rolling Stone Brasil como o 3º melhor disco de 2018 (veja a lista completa aqui), disse que banda tinha uma vontade de expor o nervo e colocar o dedo nas feridas (sejam elas sociais, amorosas, etc).

Veja se não dói, por exemplo:

“Nenhum disfarce no teu olhar / Eu já venci / Já não sou mais gostosa / Você goza triste em mim / Eu cato as sobras / Dos teus sinais / Eu sou a sobra / Junto com as sobras", canta Salma em "Comida Amarga", enquanto os arranjos, sem poluir, criam o ambiente para que a hipnose seja criada e mantida na sessão instrumental que encerra a canção.

Para Salma, a canção que abre Tônus "representa bem o álbum e até a banda, pois tem a nossa marca de linguagem simples e honesta, com um tom confessional e de dedo na ferida". Olha aí ele, o tal "dedo na ferida". "A idéia do fim do romance, de perder o amor do outro, também é uma inspiração recorrente. Gosto desse amargor com o instrumental dançante", avalia.

Em parceria com o duo de filmmaker Diana Boccara e Leo Longo (juntos chamados sob o nome de Couple of Things), em um novo projeto deles chamado Videoclipers, o Carne Doce transformou "Comida Amarga" em videoclipe, lançado aqui na Rolling Stone Brasil - assista no player abaixo.
O vídeo foi construído dentro desse ambiente amargo e melancólico. Salma é colocada em uma festa, no qual é possível ver cada indivíduo numa tentativa de se encaixar naquele contexto.

"Muita gente descreveu o disco como ‘para dançar chorando’, e foi exatamente essa ideia que passamos pra Diana e pro Leo, que entenderam tudo”, explica a vocalista e letrista do Carne Doce.

“Numa festa", conta Diana, também responsável pela direção do vídeo, ao lado de Longo, "é muito comum ver pessoas tentando se encaixar em diferentes situações, pertencer a grupo, sendo que muitas vezes estão apenas buscando aceitação, buscando se enxergar pelos olhos dos outros. E na verdade, estão se desconectando delas mesmas."

Ela segue, com um spoiler sobre o final do clipe (se não quiser saber o final, pule para o próximo parágrafo: "Pensando nisso, sabíamos como o clipe deveria terminar: num momento de encontro, aceitação e sedução entre Salma e seu próprio ‘eu’ refletido no espelho”, conta Diana, responsável pela direção, ao lado de Leo.

Vale explicar: o Videoclipers é um novo projeto da dupla de filmmakers com a ideia de gravar 16 videoclipes em diferentes partes do País, em plano sequência e sem orçamento. A proposta é fortalecer a profissão daqueles que criam videoclipes, assim como filmmaker faz filmes, e por aí vai.

O vídeo de "Comida Amarga" tem a densidade da canção, mas afasta-a ela de uma relação de casal (o ex-casal, ou ex-amante, qualquer que fosse a relação entre eles). O clipe é responsável por levar o significado da faixa para um ambiente mais introspectivo, de "encontro do eu".

"Comida Amarga" o clipe tem a participação de 39 figurantes e é o quinto vídeo do projeto do Couple of Things.

Assista abaixo:

Veja também o making of do vídeo: