Os ex-Beatles se reencontraram em 1974 durante o "lost weekend" de Lennon, quando ele só queria saber de cocaína - tanto que o vício batizou o trabalho
Desde o fim dos Beatles em 1970, Paul McCartney e John Lennon focaram em fazer sucesso em suas carreiras solos. Até sua morte em 1980, Lennon gravou 11 discos, alguns em parceria com sua esposa, Yoko Ono. McCartney lançou 17 álbuns solo, o último, Egypt Station, em setembro de 2018.
Em 1974, quando Lennon preparava-se para gravar Rock N’ Roll(1975) e produzia Pussy Cats(1974) de Harry Nilsson, convidou vários músicos para um dia de diversão em estúdio: Stevie Wonder, Keith Moon, Klaus Voorman (artista gráfico dos Beatles e baixista) e… Paul McCartney. De lá, entre gravações e brincadeiras, nasceu um disco, A Tooth and a Snore - o primeiro e único gravado pela dupla desde o fim dos Beatles. O álbum nunca foi lançado oficialmente.
Na data, McCartney e Lennon estavam retomando uma amizade quase arruinada. Ele e Linda McCartney (esposa de Paul à época) foram visitar o colega em sua casa. Naquele ano, Lennon vivia o chamado “lost weekend” (fim de semana perdido), período em que o músico se separou de Yoko e estava de caso com sua assistente e teve problemas com drogas e depressão, principalmente álcool e cocaína, e isso fica claro na gravação do estúdio.
Entre as brincadeiras de gravação, pode-se ouvir Lennon oferecendo cocaína a Wonder. “Você quer cheirar, Steve? Uma fileirinha? Tá passando por aí.” Em inglês, “you wanna snort, Steve? A toot? It’s going round” - e daí veio o nome do trabalho, A Toot and a Snore.
O disco não foi lançado oficialmente. Caiu no conhecimento do público pois Lennon o citou em uma entrevista de 1975. Os fãs ficaram intrigados com a reunião rara de Lennon e McCartney, e em 1992 A Toot and a Snore foi lançado como um disco pirata. Tem, ao todo, nove faixas, sendo três delas versões de “Stand By Me”, lançada no ano seguinte em Rock N’ Roll, de Lennon, e um medley (“Cupid”/”Working on the Chain Gang”/”Take This Hammer”).
Ouça A Toot and a Snore: