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Paul McCartney enfrenta chuva e emociona com show “padrão” em São Paulo

Ex-beatle tocou nesta terça, 25, na inauguração para eventos do novo estádio do Palmeiras

Lucas Brêda Publicado em 26/11/2014, às 05h04 - Atualizado às 10h56

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Paul McCartney se apresenta em São Paulo, no Allianz Parque, o novo estádio do Palmeiras - Roberto Larroude
Paul McCartney se apresenta em São Paulo, no Allianz Parque, o novo estádio do Palmeiras - Roberto Larroude

Sem novidades, tanto para quem acompanhou a atual turnê de Paul McCartney pelo Brasil, quanto para quem esteve nos últimos shows do ex-beatle em São Paulo, há quatro anos. E nem precisava. Macca conseguiu criar momentos sublimes de pura emoção – mesclados com um clima de celebração – na apresentação que fez no Allianz Parque, o novo estádio do Palmeiras, nesta terça, 25.

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As 45 mil pessoas que esgotaram os ingressos para ver McCartney ainda tiveram de enfrentar uma chuva irregular, que atrapalhou a chegada no local devido ao trânsito e fez o show atrasar em 45 minutos. O empecilho, à princípio, não foi problema, já que logo de cara o baixista fez o público dançar com “Eight Days a Week”, lançada pelos Beatles há 50 anos, no disco Beatles for Sale.

Com a simpatia e carisma que lhe é peculiar, McCartney saudou os fãs, falando “um pouquinho de português”, como ele mesmo explicou. Até o fim da noite, diversas gírias foram proferidas, de “Sampa” a “bombando”, passando por “molecada” e “meu”. A relação do músico com o Brasil, cada vez mais estreita, foi uma das inspirações para o mais recente disco dele, o ótimo New, que chegou às lojas em 2013.

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Do álbum, McCartney tocou “Save Us”, segunda no setlist, e mais tarde encaixou “New” e “Queenie Eye” em uma sequência que não deve nada ao resto do repertório – um dos mais estrelados em turnê no mundo atualmente. Ele ainda jogou os holofotes sob “Everybody Out There”, chamando a plateia para participar da execução da nova canção.

Mas os momentos mais intensos, como não poderia deixar de ser, ficaram reservados aos hinos dos Beatles e Wings. Em “Let Me Roll It” – tocada logo após “All My Loving” e “Listen to What the Man Said” – McCartney mostrou que está em ótima forma, fazendo tanto esforço para cantar a nota mais alta da música quanto para dobrar a manga da camisa. A faixa ainda contou com uma inserção de “Foxy Lady” na guitarra, que bonita homenagem a Jimi Hendrix.

Após “Paperback Writer”, McCartney homenageou a esposa Nancy Shevell com “My Valentine” ao piano. Em seguida, ele trocou o símbolo do coração feito com as mãos para as asas do Wings, puxando “Nineteen Hundred and Eighty-Five” e “The Long and Winding Road”. Com a potente e tocante “Maybe I'm Amazed”, o baixista revisita uma época esquecida de carreira solo dele, subsequente ao término dos Beatles, no começo dos anos 1970.

Trocando o piano pelo violão, Macca foi à frente do palco novamente para a sessão acústica, com “I've Just Seen a Face”, “We Can Work It Out”, “Another Day” e “And I Love Her”. O ex-beatle foi erguido para tocar uma música sobre os “direitos civis”, “Blackbird”, e mexer com as entranhas dos fãs na sempre emotiva homenagem a John Lennon, “Here Today.”

Ouça a íntegra de The Art of McCartney, disco de covers de músicas do ex-Beatle.

Com um cancioneiro vasto, o baixista consegue encaixar diferentes canções em setlists extensos sem deixar de lado a estrutura que tem levando à estrada há anos. As apresentações seguem com a mesma cara, a de McCartney, que convida o público a um passeio bem guiado pelo que há de mais íntimo na vida dele, com homenagens a pessoas importantes, boas lembranças e canções sinceras que narram a história de um dos maiores gênios da música.

E um dos momentos mais saudosos e grandiosos desta carreira são os anos em que ele esteve junto aos Beatles. Para os beatlemaníacos, ele dá um prato cheio: “Lady Madonna”, “All Together Now”, “Eleanor Rigby” e duas pérolas de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, “Lovely Rita” e “Being for the Benefit of Mr. Kite!” – sendo a última delas a única do repertório que é cantada por John Lennon na versão original.

Se a plateia já estava animada até então, é absurdo o alarde causado pela tradicional lembrança de George Harrison em “Something”, que leva McCartney ao ukulele. O clima passou a ser de festa em seguida, com “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, “Band on the Run” e “Back in the U.S.S.R”.

Os celulares acesos em “Let It Be” ganham destaque com as estruturas do confortável Allianz Parque, que fazem as arquibancadas parecerem imensas “paredes” em volta da pista. Após a estrondosa “Live and Let Die” (com as clássicas explosões e fogo), “Hey Jude” encerrou a primeira parte do show, crescendo em intensidade junto com a chuva, que ajudou a criar um espetáculo bonito, mas desconfortável.

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De volta para o primeiro bis, McCartney assumiu novamente o baixo para puxar “Day Tripper”, “Hi Hi Hi” e “I Saw Her Standing There”. O ex-beatle saiu do palco novamente e, quando a chuva já fazia com que parte do público fosse embora, ele voltou para a performance intimista de “Yesterday.”

Quando foi devolver o violão a um roadie, McCartney fingiu que iria se retirar do palco e, em um diálogo cômico com o assistente, pegou o baixo novamente para “Helter Skelter”. A música reascendeu a plateia e, em sequência, o ex-beatle voltou ao piano para a nostálgica e emocionante tríade final, “Golden Slumbers”, “Carry That Weight” e “The End”, retirada do álbum Abbey Road.

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Quatro anos após a última passagem por São Paulo, McCartney encerra o show de retorno com um “até a próxima”. O eterno baixista dos Beatles deixa claro que está contente em criar laços com o Brasil e que o país, se ainda não é rota obrigatória dos grandes shows do mundo, já está no mapa das futuras turnês de Paul McCartney.

A próxima parada dele já está definida: em São Paulo, no mesmo Allianz Parque, nesta quarta-feira, 26.