DENÚNCIA

Paul Schrader, roteirista de Taxi Driver, é acusado de assédio sexual

Denúncia foi feita por uma ex-assistente que trabalhou com Schrader por cerca de três anos e afirma que foi agredida sexualmente no Festival de Cannes

Por Daniel Kreps, da Rolling Stone

Publicado em 06/04/2025, às 10h17
Paul Schrader (Foto: Rodin Eckenroth/Getty Images for AFI)
Paul Schrader (Foto: Rodin Eckenroth/Getty Images for AFI)

O diretor e roteirista americano Paul Schrader foi acusado de assédio sexual e agressão sexual por uma ex-assistente. A mulher também alega que o roteirista e diretor não cumpriu um acordo que havia sido firmado por ambas as partes.

Em um documento obtido pela Variety, a autora afirma que Schrader a agrediu sexualmente em maio de 2024, durante a estreia do filme Oh, Canada no Festival de Cinema de Cannes. "No festival de cinema, o réu Schrader exigiu que a Sra. Jane Doe [nome fictício para preservar a identidade da denunciante] fosse ao seu quarto de hotel. Ele aprendeu lá dentro, agarrou seus braços e forçou o rosto contra o dela para beijá-la a força", afirma o texto.

Três dias depois, o roteirista convocou a assistente para voltar ao quarto de hotel empacotar suas malas, alegando que estava "morrendo". Quando Doe chegou, Schrader supostamente "abriu a porta do seu quarto de hotel usando apenas um roupão aberto com seu pênis totalmente exposto."

"Enquanto a Sra. Doe tentava arrumar as malas do Sr. Schrader aterrorizada e em silêncio, ele comentou repetidamente: 'Estou tão suado. Suei através dos lençóis. Sinta como estão molhados.' A mulher finalizou as malas o mais rápido que pôde e saiu", diz o documento.

A assistente foi empregada pelo roteirista de Taxi Driver (1976) e diretor de Gigolô Americano (1980) entre maio de 2021 e setembro de 2024. "Depois que a Sra. Doe se recusou a ceder às investidas sexuais do réu, ele se retaliou contra ela e decidiu demiti-la", afirma o documento. "Dois dias depois, em plena consciência de seu comportamento ilegal e predatório, ele escreveu em um e-mail para ela: 'Eu errei. Se eu me tornei um Harvey Weinstein [produtor de cinema condenado por abuso sexual] na sua vida, você não tem escolha a não ser me deixar para trás".

De acordo com o texto, advogados de Doe e Schrader elaboraram um acordo de indenização "em troca de uma quantia confidencial a ser paga ao longo de sete meses." No entanto, enquanto a mulher assinou o acordo, após algumas "reflexões", Schrader se recusou, dizendo que "não poderia 'viver consigo mesmo' se cumprisse suas obrigações sob o Acordo de Indenização."

"Até hoje, a autora cumpriu todas as suas obrigações sob o Acordo de Indenização e Documento de Indenização, ou seja, não processou civilmente suas inúmeras reivindicações legais contra os Réus", afirma o documento — que busca restabelecer o acordo vinculativo.

O advogado de Schrader, Philip Kessler, disse à Variety que o acordo estava "carregado de imprecisões". "Consideramos essa reivindicação por quebra de contrato [apresentada por Doe] como desesperada, oportunista e frívola", afirmou, acrescentando que ele não pode ser aplicado pelo tribunal já que não foi assinado por Schrader. Kessler também citou postagens nas redes sociais desde então excluídas por Doe elogiando o roteirista e acrescentou que ela frequentemente se juntava a ele para jantares e festivais de cinema. "Em nenhuma dessas ocasiões a autora indicou algo além de entusiasmo sobre aparecer com o Sr. Schrader", disse.

Artigo publicado em 5 de abril de 2025 na Rolling Stone. Para ler o original em inglês, clique aqui.

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