Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta, 19, ex-ministro da Saúde Pazuello disse que Bolsonaro não deu ordens diretas para uso de cloroquina
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello falou nesta quarta, 19, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não determinou uso de cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento de Covid-19. Declaração foi feita em depoimento à CPI da Covid (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga atuação do governo federal durante pandemia.
Segundo informações do UOL, Renan Calheiros (relator da CPI da Covid) questionou o Pazuello se a indicação dele para o Ministério ocorreu com o objetivo de recomendar uso desses medicamentos (sem eficácia comprovada) contra Covid-19.
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Em seguida, o ex-Ministro disse que Jair Bolsonaro (sem partido) não determinou oficialmente o uso de cloroquina e hidroxicloroquina: “O presidente nunca me deu ordens diretas para nada.” O uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença é um dos principais focos da CPI da Covid, instalada no dia 27 de abril de 2020.
Pazuello comandou a pasta durante 10 meses, no período mais crítico da pandemia de Covid-19 no Brasil. Em depoimento, o ex-ministro explicou que, durante a gestão, conseguiu encontrar Bolsonaro apenas uma ou duas vezes por semana.
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Além disso, comentou sobre as determinações de Bolsonaro para o Ministério da Saúde: "As orientações foram fazer a coisa acontecer o mais rápido possível".
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Nesta quarta, 5 de maio, Jair Bolsonaro (sem partido) comentou sobre a CPI da Covid, que investiga a atuação do governo federal durante a pandemia. Durante declaração, o presidente chamou de “canalha” quem não concorda com o tratamento precoce contra a doença e não "apresenta alternativa". As informações são do G1.
Um dos pontos de investigação da CPI da Covid é a promoção governamental de medidas sem eficácia comprovada contra a doença, como o tratamento precoce. Bolsonaro é um dos defensores do uso desses medicamentos, como hidroxicloroquina, e afirma que se curou da Covid-19 graças ao remédio.
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No Palácio do Planalto nesta quarta, 5, Bolsonaro disse: "Canalha é aquele que é contra o tratamento precoce e não apresenta alternativa. Esse é um canalha. O que eu tomei [para tratar a Covid], todo mundo sabe. Ouso dizer que milhões de pessoas fizeram esse tratamento. Por que é contra?"
Segundo o G1, o presidente também disse esperar que a investigação da CPI também seja feita em relação ao resultado do uso de hidroxicloroquina em Manaus no início de 2021: "Espero que a experiência de Manaus com doses cavalares de hidroxicloroquina seja completamente desnudada pelos senadores. Por que não se investe em remédio? Por que é barato demais? É lucrativo para empresas farmacêuticas ou para laboratórios investir no que é caro? Nós conhecemos isso."
Durante o discurso, Bolsonaro sugeriu aos senadores integrantes da CPI que ouçam profissionais defensores do tratamento precoce: "Essa CPI, eu tenho certeza, parlamentares, senadores, em especial, vai ser excepcional no final da linha. Que vai mostrar sim o que alguns fizeram erradamente com os bilhões entregues pelo governo para os seus respectivos estados e municípios. Junto àqueles que são isentos e apoiam a verdade, senadores, estamos sugerindo que seja convocado ou convidado autoridades que venham falar do tratamento precoce."
Além de não prevenir contra a Covid-19, o chamado tratamento precoce pode ter diversos efeitos colaterais. Muitas vezes, os medicamentos são usados em altas dosagens e sem acompanhamento médico, o que pode causar hemorragias, doenças no fígado e insuficiência renal.
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Também chamado de “kit-covid”, o tratamento com remédios sem eficácia pode ter diversas complicações no organismo, além de atrasar a busca por atendimento após o diagnóstico de Covid-19.
Em entrevista ao Estadão, o médico Valmir Crestani Filho explicou: “Em um dos últimos plantões, atendi um paciente que estava tomando cloroquina e usando oxigênio em casa. Ele chegou azul. Tive de intubar na hora.”
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Além de defender o tratamento precoce, Bolsonaro também insinuou que o vírus foi criado em “laboratório.” Sem mencionar a China, o presidente questionou se a pandemia seria, de fato, uma “guerra química”.
"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês," disse.
A hipótese já foi descartada pela OMS, conforme noticiado pelo G1. A organização realizou um estudo que indicou ser "extremamente improvável" que o vírus tenha sido criado devido a um incidente em laboratório.