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Percussionista Naná Vasconcelos morre no Recife aos 71 anos

Vítima de câncer, músico ganhou oito prêmios Grammy foi eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo

Redação Publicado em 09/03/2016, às 11h35 - Atualizado às 11h44

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Naná Vasconcelos - Site oficial / Beto Figueroa
Naná Vasconcelos - Site oficial / Beto Figueroa

O percussionista Naná Vasconcelos morreu na manhã desta quarta-feira, 9, aos 71 anos de idade. O consagrado músico pernambucano estava internado no Hospital Unimed III, tratando de complicações de um câncer de pulmão, e sofreu uma parada respiratória, segundo o site da Folha de S. Paulo.

De acordo com o Diário de Pernambuco, Vasconcelos estava internado desde a semana passada – quando supostamente passou mal durante um show em Salvador, na Bahia – e seu quadro piorou nos últimos dias. Ele foi diagnosticado com o câncer em 2015 e passou por tratamentos com sessões de quimioterapia.

O músico nasceu Juvenal de Holanda Vasconcelos, no Recife, em 1944. Ele ganhou o apelido da mãe, Petronila, na época em que morava em Olinda, como uma maneira de encurtar “Juvenár”. Vasconcelos aprendeu a tocar sozinho e desde os 12 anos já se apresentava profissionalmente em clubes e bares. Ele nunca fez aulas de música e nem entrou na faculdade.

O percussionista começou a gravar quando se mudou para o Rio de Janeiro e trabalhou com Milton Nascimento em dois discos nos anos 1960. Ele ainda chegou a se apresentar com o Quarteto Livre – acompanhando Geraldo Vandré na performance de “Pra Não Dizer que Não Falei de Flores” no III Festival Internacional da Canção – e tocou com Gilberto Gil e Gal Costa antes de excursionar pelo hemisfério norte com o saxofonista argentino Gato Barbieri.

Em 1971 e 1972, ele gravou os dois primeiros discos da carreira, Africadeus (em Paris) e Amazonas. Com o multi-instrumentista Egberto Gismonti, ele teve uma das mais emblemáticas parcerias da carreira, gravando três álbuns – Danças das Cabeças, Sol do Meio-Dia e Duas Vozes – em oito anos.

Ele integrou o grupo Codona – com Don Cherry e Colin Walcott – em Nova York, gravando com Talking Heads e B.B. King, entre outros, na década de 1970. Ele também tocou com nomes como Pat Metheny, Paul Simon, Miles Davis, Art Blakey e Tony Williams, além de se apresentar no festival de jazz de Montreaux, na Suíça.

No Brasil, ele participou de gravações de Mundo Livre S/A e Caetano Veloso e até produziu o disco de estreia de Cordel do Fogo Encantado (autointitulado, de 2001). No cinema, Vasconcelos tocou nas trilhas de Procura-se Susan Desesperadamente (1985), dirigido por Susan Seidelman e estrelado por Madonna e Rosanna Arquette, e Down by Law (1986) (no Brasil, Daunbailó), de Jim Jarmusch.

Recentemente, ele contribuiu com a trilha sonora do filme O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, que foi indicado ao último Oscar na categoria Melhor Animação. Também participaram da trilha Barbatuques e GEM (Grupo Experimental de Música), além do rapper Emicida.

Ícone da percussão e do berimbau no mundo, Vasconcelos venceu oito prêmios Grammy e foi eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista norte-americana especializada em jazz Down Beat.

No Recife, ele comandou pelos últimos 15 anos um time de 400 batuqueiros de maracatu na abertura do carnaval da cidade.

De acordo com o Diário de Pernambuco, Vasconcelos disse – em entrevista ao Viver –, em dezembro do ano passado: “Minha maneira de pensar a percussão vai continuar viva depois de mim.”

Naná Vasconcelos deixa duas filhas, Jasmim Azul e Luz Morena.