Graziela Gonçalves contou ao Fantástico detalhes da tentativa de internação involuntária do vocalista do Charlie Brown Jr., morto na última semana; " É uma honra ver o que ele era, o que ele é para as pessoas", afirmou o filho do cantor
Graziela Gonçalves, mulher de Chorão, e Alexandre, o filho dele, falaram ao programa Fantástico, da Rede Globo, sobre a morte do cantor.
A estilista contou novamente que havia conseguido na justiça a permissão para a internação involuntária de Chorão, que há um ano e meio havia intensificado o uso de cocaína. “Era uma coisa que eu estava me odiando por fazer. Eu falei para o filho dele: ‘Não interessa, o teu pai pode me odiar para sempre, mas se isso for salvar a vida dele, que ele me odeie, então”, disse. Graziela revelou que não conseguiu interná-lo porque os funcionários do hotel onde Chorão estava hospedado não permitiram. “Uma dessas pessoas falou: ‘Não, eu não vou deixar’”, contou ela. “As pessoas o protegiam porque achavam que eu que estava exagerando. Eu sinto que falhei [chorando]. A gente sempre fala ‘por que eu não voltei no dia seguinte?’. Eu sou um ser humano, e também achei que ia ter outra chance. Eu não tive.”
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Graziela afirmou que Chorão usava cocaína em casa, mas que nos últimos meses em que o casal esteve junto, o comportamento dele havia mudado. “No final, sim [ele usava drogas dentro de casa]. No meu pensamento, era ‘eu prefiro ele aqui, que ele longe’, só que chegou um determinado momento que ele começou a sair de casa para usar, para eu não ver, para eu não brigar com ele.” Ela também disse que o vocalista da banda Charlie Brown Jr. não usava cocaína diariamente, tendo intervalos “de dois ou três dias” no uso. “Essa droga, ela tem uma capacidade... é o corpo, mas parece que tem outro ser ali, as reações são outras, o jeito é outro, o olhar é outro”, continuou.
Alexandre, 23 anos, filho de Chorão, também falou à reportagem. “As letras sempre foram muito autobiográficas. Sempre foi muito verdadeiro (...). Eu era o fotógrafo da banda nesses últimos meses, a gente se aproximou bastante. Tinha horas que eu ficava assim: ‘Caraca, essa galera toda está cantando, gritando, se esgoelando pelo meu pai’. É uma honra ver o que ele era, o que ele é para as pessoas”, contou. Alexandre mostrou um skate que pertenceu a Chorão, que ele havia encontrado no carro do músico. “Esse skate aqui é dele [voz embargada]. Eu fiz uma promessa agora, pra ele, que pelo menos uma vez por mês eu vou botar isso aqui pra rodar.”
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A esposa de Chorão finalizou a entrevista fazendo um apelo. “Que isso sirva de lição para essa molecada não achar que droga é brincadeira, que é fácil, que é só uma curtição, porque não é. Não é.”
A morte de Chorão
Alexandre Magno Abrão tinha 42 anos e foi encontrado morto no apartamento que, segundo amigos de familiares, era o espaço comumente usado por ele para se drogar. O corpo foi achado pelo segurança e pelo motorista do cantor, Victor Vasconcelos e Kleber Atalla, respectivamente. O imóvel, localizado em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, estava muito danificado por dentro, com um buraco na parede, tacos arrancados, portas e interruptores quebrados, e até um ar condicionado arrancado da parede. Chorão tinha problemas para controlar a agressividade, principalmente quando estava sob efeito de cocaína, reportam conhecidos. Ele tinha ainda ferimentos em uma das mãos, no pé e no rosto. Além do medicamento Lexotan e do anestésico bucal Nene Dent, havia no apartamento um pó branco, que a polícia acredita ser cocaína, e um canudo feito com uma folha de cheque.
O velório e o sepultamento de Chorão aconteceram em Santos. Cerca de cinco mil pessoas passaram pela Arena Santos, onde ele foi velado. Após as investigações – em duas semanas, exames devem revelar a causa da morte –, o corpo do vocalista será cremado, como era o desejo dele.