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Com poesias pessoais e espírito dos anos 1990, Courtney Barnett estreia no Brasil esta semana

"Muitas vezes é difícil ser honesta, mesmo que seja só com você mesmo", diz a cantora australiana sobre seu estilo de composição

Lucas Brêda Publicado em 15/11/2016, às 14h06 - Atualizado em 16/11/2016, às 13h43

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A cantora australiana Courtney Barnett durante show no The Forum, em Londres, (Inglaterra) - Rex Features/AP
A cantora australiana Courtney Barnett durante show no The Forum, em Londres, (Inglaterra) - Rex Features/AP

“Estou em casa faz uns dois meses, então estou compondo um monte”, comemora a cantora e compositora Courtney Barnett, em entrevista por telefone à Rolling Stone Brasil. O tempo livre na Austrália, terra de origem dela, tem sido raro nos últimos anos, especialmente depois do lançamento de Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit (2015), estreia dela em disco. O álbum elevou a popularidade da artista a níveis mundiais e rendeu uma indicação ao Grammy na categoria Revelação, posições invejáveis nos festivais mais respeitados do planeta e turnês subsequentes.

Apesar de valorizar o período caseiro, Courtney voltou à estrada por razões necessárias: enfim tocar na América do Sul. Depois de shows em Lima, no Peru, e em Buenos Aires, na Argentina – um deles pelo festival Music Wins –, ela se apresenta em São Paulo, em uma das edições especiais do Popload Gig em comemoração aos dez anos da marca que dá nome ao evento. A estreia dela em solo brasileiro acontece na próxima quarta, 16, no Audio, que recebe a banda Edward Sharpe and the Magnetic Zeros na mesma noite.

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“É muito animador, esse álbum nos levou para o mundo inteiro”, diz ela, refletindo sobre a disseminação veloz de seu trabalho. “É maluco que a música possa viajar e fazer essas conexões e que já sejamos convidados para lugares na América do Sul.” As apresentações no continente acontecem depois de a australiana praticamente rodar o mundo, desenvolvendo em cima dos palcos – com performances inesperadamente elétricas e intensas – as versões em estúdio das canções. “Estamos chegando naquele ponto em que você se torna melhor musicista e consegue fazer isso se divertindo. É uma sensação muito boa. Tem momentos que são de cansaço e tudo mais, mas eles costumam ser engolidos pelos momentos de animação. Principalmente quando você lembra de onde está e do que está fazendo.”

Em cima do palco, Courtney escancara as influências da música dos anos 1990 – de Nirvana a Sonic Youth – com um estilo desleixado, notável entrega e o gosto por gritos e ruídos. Apesar de a agressividade ser representada nas gravações, a cantora é dinâmica no estúdio: flerta com a psicodelia e com o folk e encontra brilhantismo especialmente nas letras, tratando de tédio, incertezas, solidão e temas pessoais – muitas vezes tidos como banais – com sacadas infames e rara sinceridade.

“Não lembro exatamente [como comecei a escrever e desenvolver esse estilo]”, afirma. “Sempre escrevi de um jeito muito parecido, mas quando comecei a fazer música, tive que mudar um pouco, adaptar, para encaixar. Mas é basicamente assim que as coisas são na minha cabeça.” Apesar de expressar naturalidade ao falar da poesia, Courtney admite dificuldade ao tratar dos assuntos mais pessoais. “É bastante assustador, mas acho que o ponto disso é realmente se abrir para tentar descobrir o que está acontecendo”, analisa. “Acho que é um jeito estranho de fazer isso, sabe? Se abrir para milhares ou milhões de outras pessoas que se relacionam com sua música [risos]. É uma crisezinha engraçada pela qual passo.”

Ela acrescenta: “Eu até escrevo sobre outras pessoas e outras coisas nas minhas histórias, mas sempre de um ponto de vista muito pessoal. Muitas vezes é difícil ser honesta, mesmo que seja só com você mesmo. Fazer isso e encaixar em uma letra, em uma música, que outras pessoas vão ouvir – é um conceito bem assustador.”

“Isso não tira meu sono e até gosto do fato de as pessoas se identificarem com as coisas que eu compartilho com elas”, Courtney pondera, de maneira quase tão astuta quanto uma de suas letras, comparando a sinceridade poética das músicas com a superexposição gerada pelo vasto uso das redes sociais. “Não sei, na vida atual, não há nada mais comum do que compartilhar sua vida pessoal e sua privacidade. Só estou contando uma história.”

As guitarras e os questionamentos internos de Courtney geraram, recentemente, uma situação curiosa: uma controversa votação no Twitter a elegeu como dona de uma das canções mais odiadas atualmente. A música da australiana citada foi “Pickles From The Jar”, enquanto a “vencedora” da votação foi – sim, acredite – “Imagine”, de John Lennon. “Me parece uma coisa boa que as pessoas odeiem [minhas músicas], além de gostarem, sabe? Muitas pessoas odeiam a voz de Bob Dylan”, diz ela, caindo na risada.

Popload Gig com Edward Sharpe and the Magnetic Zeros e Courtney Barnett

16 de novembro (quarta-feira), às 21h

Audio Club – Av. Francisco Matarazzo, 694 – Água Branca – SP

Entre R$ 200 (pista) e R$ 400 (camarote), há meia-entrada