A série da NBC acabou no início de 2020 - e os ensinamentos da produção são muito importantes para repensarmos a atualidade
No início de 2020, The Good Place, série produzida pela NBC, foi cancelada na quarta temporada. Apesar do fim, a produção está disponível na Netflix, e hoje, mais do que nunca, é importante ser assistida.
A proposta da série é apresentar a vida após a morte de um jeito inusitado, divertido e repleto de reflexões éticas e morais. A produção acompanha Eleanor Shellstrop (Kristen Bell), uma mulher egoísta que, por uma falha no sistema, vai parar no “Good Place” (lugar bom, na tradução para o português).
Tal local seria a representação do famoso Céu, símbolo presente, entre outros lugares, na Bíblia. No entanto, além de questões religiosas, a série se destaca por uma discussão essencial sobre a índole humana - algo muito necessário quando refletimos sobre o mundo atual em que vivemos.
Na série, Chidi dá aulas de ética para os personagens, para que eles sejam melhores pessoas. Apesar de ser um tema tratado com leveza e, às vezes, de forma cômica, a questão moral tem grande importância na produção - e pode ser essencial para pensarmos o mundo fora das telas.
Além de refletir sobre as atitudes humanas e os debater acerca do “certo” e “errado”, a série foca nas motivações centrais das atitudes humanas. A produção levanta a questão de que o caráter do indivíduo pode ser colocado em cheque mesmo com ações que parecem inofensíveis, mas cuja motivação é egoísta e desonesta. É aquele velho “Faça o bem sem esperar nada em troca”.
Mais importante do que decorar os inúmeros pensadores citados ao longo da série, como Kant e Aristóteles, a produção dá a possibilidade de refletir sobre filosofia e ética a partir de personagens hilários e possíveis de serem enxergados em uma sociedade não-fictícia.
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Em meio a um ano de 2020 caótico, precisamos repensar as atitudes humanas - e The Good Place é ótima para isso. A pandemia de coronavírus, assim como os protestos do movimento Black Lives Matter, deixou ainda mais escancarados os resultados de más escolhas dos seres-humanos.
São questões relacionadas a um racismo sistêmico, ao aquecimento global, discurso de ódio, machismo e a desigualdade que sempre ocorreram, mas que, às vezes, ganham mais visibilidade. Durante a pandemia de coronavírus, enxergamos essas reivindicações em locais de evidência. Contudo, é interessante pensarmos sobre as ações de cada um para, de fato, ocorrer uma mudança.
Não é fácil pensarmos sobre uma ética humana ou sobre as diversas filosofias e teorias que abordam o tema, mas The Good Place pode oferecer grandes reflexões sobre o que, de fato, as suas atitudes refletem no mundo.
Principalmente quando entramos na discussão sobre redes sociais, a discussão moral pode ser colocada em prática. Atualmente, com discurso de ódio e fake news, perde-se a noção de certo ou errado - e a liberdade de expressão vira desculpa para as mais diversas manifestações de egoísmo e preconceito.
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Portanto, a série pode ser um importante ponto de partida para a reflexão de forma sutil e lenta, aprofundando os temas a cada episódio e temporada.
A série não é uma busca pela perfeição de cada sujeito, muito menos sobre a jornada em busca da perfeição - algo que fica aparente ao longo dos episódios. De fato, a produção busca essa reavaliação das nossas atitudes para com o mundo em que vivemos.
Por isso, The Good Place proporciona um ótimo trabalho de reflexão interna. As questões pessoais dos personagens conseguem dialogar com o espectador, apresentando, ao contrário da utopia da perfeição, a ideia de que é possível melhorar.
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