País ocupa 56º lugar em ranking que considera doses aplicadas a cada 100 habitantes
A enfermeira Mônica Calazans foi a primeira vacinada no Brasil, no dia 17 de janeiro de 2021. Desde então, conforme dados divulgados na quarta, 21 de abril, 27.523.231 pessoas receberam a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 no país. O número corresponde a 13% da população brasileira, e ainda está longe do necessário para o país retornar, minimamente, à normalidade.
Quando se trata da segunda dose do imunizante, o número é ainda menor: 10.947.310 pessoas, que corresponde a 5,17% da população do Brasil. Ao considerar o número de casos por 24 horas - apenas na quarta, 21, foram registrados 79,719 - percebe-se a necessidade de aumentar o número de imunizados.
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Contudo, o ritmo de vacinação no país é lento, e diversos fatores apontam para esse atraso.
É preciso explicar que a conta em relação à vacinação no Brasil pode ser feita de maneiras diversas. Ao somar o total de doses aplicadas, o Brasil aparece em 5º lugar no ranking global de dados oficiais compilados pela Universidade Oxford - patamar esperado para o 6º país mais populoso do mundo.
No entanto, ao considerar o número de doses aplicadas a cada 100 habitantes, o Brasil cai no ranking. Nesse caso, o país aparece em 56º entre 166 nações e territórios, conforme noticiado pela CNN na quarta, 21.
Sendo assim, é preciso questionar: Por que o Brasil está atrasado na vacinação?
O principal problema enfrentado pelo Brasil atualmente é a falta de vacinas. Essa questão resulta de diversos fatores, e um dos principais é a recusa do governo federal em comprar vacinas das fabricantes.
Em 2020, o Brasil negou um acordo proposto pela Pfizer de 70 milhões de doses de imunizantes. A fabricante fez três propostas - todas negadas. Por isso, o país perdeu o lugar para outras nações, e agora está atrasado na negociação.
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A maioria dos lotes das grandes fabricantes já foram vendidos, conforme noticiado pela BBC, e agora o Brasil depende dos imunizantes nacionais ou de vacinas que ainda não são totalmente confiáveis, como a russa Sputnik V e a indiana Covaxin.
Com a falta de acordos por parte do governo federal, institutos brasileiros de pesquisa iniciaram tentativas para compras de imunizantes e insumos. Segundo a BBC, a Fiocruz, negociou para a compra da Oxford-AstraZeneca, e o Butantan negociou com a chinesa Sinovac para a produção da CoronaVac.
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Apesar de aceitar a proposta da FioCruz, o governo negou o acordo do Butantan: “Da China nós não compraremos,” disse Bolsonaro, em outubro de 2020, à Jovem Pam. Em janeiro, apenas, o presidente aceitou comprar os insumos da Sinovac, o que atrasou a importação dos insumos e, consequentemente, a produção dos imunizantes.
Segundo a BBC, o governo federal não fez uma boa definição de quem é prioridade para tomar a vacina. Os grupos prioritários determinados somam 77,2 milhões de pessoas: de idosos com mais de 90 anos a diversos profissionais da saúde e da educação.
Sem coordenação federal, cada município organizou a vacinação de uma forma. Apenas em 8 de fevereiro o governo definiu uma ordem de preferência dentro do grupo prioritário, mas a primeira remessa do imunizante já estava acabando. Assim, vários idosos foram privados da vacina e o país precisou retomar faixas etárias.
A campanha nacional de vacinação foi inaugurada em janeiro de 2021 de forma indefinida. Dessa forma, diversas pessoas não tiveram acesso a informações sobre a importância de ser imunizado ou datas e locais para receberem o imunizante.
Além disso, a falta de uma campanha definida fez com que diversos profissionais de saúde não recebessem orientações definidas a respeito da aplicação, armazenamento e uso de frascos abertos.
Segundo a BBC, diversas doses foram jogadas fora. Em muitos locais, pessoas do público-alvo não apareceram para serem vacinadas e os profissionais de saúde não receberam instruções sobre o que fazer com os frascos abertos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a iniciativa de colaboração internacional Covax Facility, mas há uma série de limitações, conforme descrito pela Folha de São Paulo.
Na iniciativa, as vacinas são distribuídas conforme a população dos países - e o Brasil tem direito a apenas 9 milhões de doses. Os critérios epidemiológicos não são considerados, mesmo que algumas nações representem um maior risco para a crise sanitária global. Além disso, também há o atraso da entrega dos imunizantes.
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Além da falta de imunizantes, diversas pessoas que tomaram a primeira dose não receberam a segunda, e não estão imunizadas contra a Covid-19. O intervalo entre as picadas deve ser de 14 a 28 dias para a Coronavac e três meses para a AstraZeneca, mas muitos perderam o prazo.
Segundo matéria do El País, os motivos do atraso são vários: de fake news a falta de uma campanha nacional. O veículo informou que a desigualdade também afeta o número de pessoas que vão aos postos para tomar a segunda dose.
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Outra causa do atraso é, justamente, a falta de vacinas. Há algumas semanas, por exemplo, a aplicação da segunda dose foi suspensa em Natal pela falta dos imunizantes.
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