Após as polêmicas (e acertos) das últimas edições, a principal premiação da indústria cinematográfica acontecerá sem um mestre de cerimônia mais uma vez
Ter um apresentador na premiação mais importante do cinema costumava definir o tom da noite, render boas discussões - como a aparição de Chris Rock para comentar a polêmica do #OscarsSoWhite em 2016 - e as piadas na internet no dia seguinte. No entanto, pela quinta vez na história (e segunda consecutiva), o Oscar2020 não terá um mestre de cerimônia.
A primeira vez aconteceu na 61º edição, em 1989, quando o produtor responsável pela edição, Allan Carr, tentou reinventar a premiação ao sugerir apresentações artísticas. Isso, é claro, resultou em momentos constrangedores e performances desastrosas.
Em 2019, o evento repetiu parcialmente o modelo quando Kevin Hart foi escalado para ser o responsável pela abertura do Oscar, mas desistiu do posto de mestre de cerimônia quando alguns tuítes homófobicos que ele havia escrito ganharam força na internet. Em algumas das mensagens, ele chegou a expressar o temor de ter um filho gay.
Para tentar amenizar a situação, a Academia disse que ele deveria se desculpar ou desistir da posição. Com isso, Hart, aos 39 anos, explicou em uma sequência de vídeos no Instagram que as mensagens eram de quase uma década atrás e que ele "amadureceu".
No Twitter, ele pediu desculpas à comunidade LGBTQ+ pelas "palavras insensíveis do passado".
"Lamento ter machucado as pessoas. Eu estou evoluindo e quero continuar fazendo isto. Meu objetivo é unir as pessoas, não separar. Muito amor e apreço pela Academia. Espero que possamos nos encontrar de novo".
Inicialmente, a falta de uma figura como cartão de visita do evento - assim como há três décadas - parecia a receita certa para um completo e novo desastre. No entanto, o programa que durou 3 horas e 17 minutos acabou sendo bastante proveitoso.
A transmissão, por exemplo, teve um aumento signitivativo nas classificações em relação a 2018 - a cerimônia foi vista por apenas 26,5 milhões de pessoas, considerada a menor número de todos os tempos. Enquanto a edição de 2019 conquistou um total de 29,6 milhões de espectadores na TV norte-americana, dando um sinal de que a cerimônia poderia estar se recuperando após sucessivas quedas de público.
Agora, para 2020, o modelo será o mesmo da edição anterior: sem nenhum host. O anúncio foi feito na última quarta, 8, por Karey Burke, presidente da ABC Entertainment, emissora responsável pela transmissão oficial da premiação.
“Juntamente com a Academia, decidimos que não haverá anfitrião tradicional, repetindo para nós o que funcionou no ano passado. [A premiação] grandes valores de entretenimento, grandes números musicais, comédia e poder de estrela. ”
Além do tuíte publico na rede social do evento:
This year’s #Oscars at a glance:
— The Academy (@TheAcademy) January 8, 2020
✅ Stars
✅ Performances
✅ Surprises
🚫 Host
See you Feb. 9th!
Como enfatizado por Burke, o sucesso do Oscar de 2019 influenciou na decisão de seguir sem o apresentador.
É claro que popularidade de alguns dos indicados a Melhor Filme como Nasce Uma Estrela, protagonizado por Lady Gaga, e o blackbuster Pantera Negra, ajudaram neste ganho.
Mas no fim, os espectadores e críticos surpreendentemente ficaram satisfeitos com o resultado da transmissão. E espera-se que isso aconteça neste ano, já que as superproduções como Coringa e Era Uma Vez Em... Hollywood são de alto nível e tem grande expectativa do público.
Se antes havia uma incerteza por parte da Academia, agora, eles se sentem confortáveis em quebrar uma tradição que dura mais de 30 anos para manter o foco principal da cerimônia: os filmes indicados.
O Oscar 2020 acontece no dia 9 de fevereiro de 2020.
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