O engenheiro de som da banda contou em seu livro a reação de George Martin ao ouvir a faixa
Grande parte das músicas dos Beatles foram construídas a partir de colaborações entre os integrantes jutamente com o auxílio do produtor George Martin. A ideia de "A Day In The Life", por exemplo, foi trazida por John Lennon, contou com a participação de Paul McCartney e finalizada por Martin.
Já no caso do clássico "Yesterday", McCartney conta que a música veio para ele em um sonho. Ele se esforçou para pensar na letra certa, mas, acabou deixando-a de lado. Novamente, foi o produtor que fez a faixa nascer - e, pela primeira vez, sem a ajuda dos outros integrantes dos Beatles.
Se Beatles e o produtor se entendiam tão bem, por que George Martin odiou tanto "I Am The Walrus"? Quem relembrou e escreveu sobre essa história foi Geoff Emerick, engenheiro de som da banda, em seu livro Here, There And Everywhere - Minha Vida Gravando Os Beatles (lançado em 2006).
+++LEIA MAIS: Por que a turnê dos Beatles de 1966 foi a última?
Ele escreve que quando Lennon chegou ao estúdio com "I Am The Walrus", o George Martin não conseguiu ver a faixa como uma obra de arte. Na realidade, ele odiou a música e não entendeu o que o cantor queria com aquela melodia tão simplória.
“George [Martin] se virou para mim e disse: ‘O que ele acabou de cantar?’ Ele não conseguia acreditar no que ouvia”, contou Emerick. O engenheiro de som, por sua vez, viu potencial na faixa.
+++LEIA MAIS: Por que George Harrison participou pouco do disco Sgt. Pepper's, dos Beatles?
O quinto beatle disse ao músico: "John, eu tenho que ser honesto com você e tenho uma pergunta: O que você espera que eu faça com isso?".
A canção é tocada em apenas duas notas, diferente do que os fãs do grupo estavam acostumados. Além das limitações musicais, o desgosto do produtor foi principalmente pela letra, porque Martin pensava que com ela, eles poderiam ter uma dor de cabeça com a censura da BBC.
Mesmo com a aversão inicial de Martin, os Beatlescontinuaram trabalhando em "I Am The Walrus". A faixa pode até ser “sem sentido” como John Lennon a chamava, mas, os vocais combinados com os arranjos do produtor, fizeram a música se tornar uma improvável obra de arte.