Post Human: Survival Horror, novo disco do Bring Me the Horizon, marca a volta da banda ao heavy metal, mas com novos ares [REVIEW]
Este é o oitavo álbum de estúdio da banda britânica
Felipe Grutter (@felipegrutter)
Publicado em 30/10/2020, às 07h00 - Atualizado às 07h10Com 16 anos de carreira, a banda britânica Bring Me the Horizon ficou bastante conhecida no cenário da música pelo heavy metal. Porém, em 2019, o grupo lançou o ótimo disco Amo, sem ser carregado pelo gênero através de guitarra, bateria e vocais pesados - por conta disso, recebeu muitas críticas por parte dos fãs. Nesta sexta, 30, eles lançaram o álbum Post Human: Survival Horror, que marca a volta dos músicos “às origens”.
Post Human é o oitavo álbum de estúdio da banda formada por Oliver Sykes (vocal), Jordan Fish (teclado), Lee Malia (guitarra), Matt Nicholls (baterista) e Matt Kean (baixo). O trabalho contém, ao todo, nove faixas, cuja sonoridade passa por uma pegada forte no heavy metal, igual ao que eles faziam antigamente, mas renovada - e isso é ótimo. Eles absorveram tudo o que deu certo em Amo e em toda trajetória deles para criar algo inovador.
Essa volta na sonoridade pesada é justificada pelo momento em que vivemos. O disco foi produzido durante a pandemia de coronavírus, então, o grupo extravasou todos sentimentos - seja de raiva, tristeza, entre outros - trazido pela crise sanitária através das músicas.
“Todos esses sentimentos precisam ser mostrados pela música, pelo som... é por isso que o disco tem raiva, rapidez, freneticidade”, disse Oliver Sykes em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Nós meio que abordamos a mensagem e como fazemos a música um símbolo dessa ideia”.
Em um quadro geral, o disco aborda questões existencialistas, com letras que falam sobre agonias, sentimentos, paranoias e até mesmo autoaceitação.
Logo na primeira música, “Dear Diary”, Bring Me the Horizon chega com os dois pés na porta, com Oliver alternando entre gritos e cantos mais calmos, acompanhado por instrumentos completamente frenéticos, cuja letra retrata as aflições do cantor em um dia ruim. A faixa dita e guia todo o tom do álbum.
Em seguida, vem “Parasite Eve”, que ajudou a definir o conceito de Post Human quando a banda começou a produzir o disco. “Ela tornou o álbum tão relevante sobre o que está acontecendo agora com a pandemia e tudo mais, e então nos pareceu que é isso que o álbum precisaria ser, sobre o que estamos passando”, revelou Sykes.
A poderosa “Teardrops”, último single lançado antes do lançamento do álbum, complementa todo o sentimento e agonia mostrada na canção anterior: “É como ficamos tão estressados, paranoicos / Tudo está ficando escuro / Nada me deixa mais triste do que minha cabeça / Estou ficando sem lágrimas, deixe machucar até parar [...] / Oh, Deus, tudo está tão fod***, mas eu não consigo sentir nada”.
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Post Human: Survivor Horror possui quatro ótimas colaborações com outros artistas. A primeira vem com Yungblud no single “Obey”, que, com uma pegada no metal alternativo e rock, fala sobre quebrar padrões da sociedade e ainda tece críticas ao sistema.
“Obedeça, esperamos que você tenha um ótimo dia / Obedeça, você não quer que a gente saia e brinque / Não há nada para ver aqui, está sob controle / Estamos apenas apostando com sua alma / Obedeça, o que quer que você faça / Só não acorde e sinta o cheiro da corrupção”, canta Oliver.
A segunda veio em “Kingslayer”, com a banda japonesa Babymetal, cuja letra aborda os mesmos assuntos que “Obey”, mas se diferencia com um som totalmente japonês que parece ter sido tirado da trilha sonora de um anime. Essa canção é precedida por “Itch for the Cure (When Will We Be Free?)”, a qual faz um prenúncio da música.
Além disso, temos “1x1”, em parceria com Nova Twins, a qual fala sobre autoaceitação e também lembra bastante uma canção do Amo, como “Medicine”, com vocais e instrumentos menos pesados. Já a quarta colaboração, com Amy Lee, deixarei para o final do texto.
Uma curiosidade: o processo de chamar artistas para participarem foi bem simples. “Foi legal, muito orgânico. Acho que porque estávamos todos em lockdown e as pessoas estão pedindo algo para se interessar. Sabe, pensamos que talvez fosse bem difícil [fazer tudo] de casa”, relembrou Oliver Sykes após ser perguntado como foram as colaborações.
Ele continuou: “Mas todo mundo falava: ‘Sim! vamos fazer isso, po***’. Eu enviei a música para o Yungblud, apenas uma demo. Ele ouviu e segundos depois disse: ‘Sim, vou fazer isso, estou indo para o estúdio agora’. Ele gravou os vocais, nós tínhamos apenas isso. Foi a colaboração mais rápida de todos os tempos”. Como o cantor apontou, o processo com os outros três artistas foi parecido.
Um dos destaques de Post Human é “Ludens”, música lançada no segundo semestre de 2019, a qual faz parte da trilha sonora do game Death Stranding. De todas as nove canções do disco, essa é a que mais tem a vibe de Amo.
Para criar a música, a banda partiu da “ideia de como olhamos para o jogo, as memórias da história dele”. “Há uma coisa sobre ‘Ludens’, onde o criador do jogo, Hideo Kojima, tinha essa visão do que é Ludens. Então, peguei tudo isso do game e levei para uma mensagem identificável, onde você precisa para ser seu próprio herói, seu próprio líder”, explicou Sykes.
Basicamente, o Bring Me the Horizon pegou o conceito de Death Stranding e, como exemplificado pelo artista, o tornou “sobre o que estamos passando como sociedade no mundo”.
Encerrando Post Human: Survival Horror, temos “One Day the Only Butterflies Left Will Be in Your Chest as You March Towards Your Death”, a música mais diferente de todo o disco, com instrumentais e vocais calmos. A medida que continua, ela fica com um tom mais épico, bem semelhante a uma daquelas trilhas marcantes de Hans Zimmer.
A canção fala sobre a fragilidade da vida humana, e como muita gente vive cometendo erros propositais que são danosos para todos em volta, mas “um dia, as únicas borboletas restantes estarão em seu peito enquanto você marcha em direção à morte”.
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Com todas questões humanas, Post Human: Survival Horror nos faz refletir sobre como lidar com a atual pandemia, mas também nos faz entender sobre como agir diante de situações desesperadoras e de tudo aquilo imposto pela sociedade. O retorno renovado ao heavy metal só mostra como Bring Me the Horizon soube evoluir com o tempo - e as críticas dos fãs - para criar algo novo e único na carreira deles.
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