Encabeçado pela brasileira Carina Schulze e pelo sócio dela, Aaron Berger, o projeto é uma parceria com o estúdio mexicano Ánima e com o próprio instituto californiano
O poético e artesanal O Menino e O Mundo (foto) chamou atenção em inúmeros festivais de cinema e cativou audiências mundo afora. Aclamado pela crítica, o trabalho do cineasta Alê Abreu foi indicado ao Oscar deste ano e movimentou o mundo da animação. Aproveitando o próspero momento do setor audiovisual no país, além da demanda por mão de obra, Carina Schulze e o sócio dela na produtora Chatrone, responsável por Festa no Céu, indicado ao Globo de Ouro, pretendem tornar cada vez mais recorrentes casos como esse. “Queremos continuar expandindo o mercado de animação e dando voz aos talentos nacionais”, conta Carina à Rolling Stone Brasil. Para que isso seja possível, os dois pretendem importar para cá até 2017 o curso completo de animação da California Institute of Arts, uma das universidades particulares mais conceituadas na área, e em que estudaram Tim Burton, Sofia Coppola e o criador de Hora de Aventura, Pendleton Ward.
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O acordo está sendo feito entre a Chatrone, em parceria com o estúdio mexicano Ánima (que trouxe às telinhas a versão animada de Chaves), e o próprio instituto de artes da Califórnia. Carina explica que a ideia do projeto veio depois de ela ter notado um forte êxodo de profissionais brasileiros devido à ausência de um mercado de animação nacional. “Quando voltei ao Brasil, depois de mais de dez anos morando fora, fiquei maravilhada com a qualidade das animações e com o talento dos animadores. Mas percebi que muitos dos artistas que admirava estavam, na verdade, morando em Los Angeles ou então no Canadá.”
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Buscando consolidar um mercado de animação no Brasil e criar novas oportunidades de profissionalização na área, Carina e o sócio dela, Aaron Berger, entraram em contato com o presidente da CalArts, Steven Levine, e a reitora Jeannene Przyblyski. “Nós queríamos entender como trazer os cursos de uma das melhores faculdades do mundo para a América Latina”, explica a responsável pela série infantil Gaby Estrella. “Embora tenha conhecido muitos artistas talentosos na América Latina, ainda não existe um programa estruturado de desenvolvimento e formação de artistas capaz de gerar a mão de obra necessária para atender a demanda de um mercado internacional em crescimento”, enfatiza.
A fundadora da Chatrone explica ainda que, em um primeiro momento, a empreitada será incorporada à grade de universidades estabilizadas. “Nossa intenção é começar com programas de cursos dentro de faculdades já existentes que funcionariam com um currículo igual ao da CalArts. Também traremos professores e profissionais do instituto original.” Ela esclarece que ao importar a grade acadêmica da faculdade californiana os estudantes do curso no Brasil recebem o mesmo diploma que os alunos da Califórnia. “Em uma etapa mais adiante, temos o objetivo de transformar essa cartela de cursos em uma faculdade com um programa acadêmico completo de animação”, completa.
“As pessoas precisam de entretenimento e de um escape nas horas boas e às vezes até durante os tempos mais difíceis", reflete. "Desenvolvendo e executando projetos de boa qualidade e acessíveis ao mercado internacional, ficamos menos atrelados às flutuações e inconstâncias do mercado nacional. Precisamos criar e produzir não somente para o Brasil, mas sim para o mundo todo”, ela conclui.