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Entre a psicodelia vertiginosa e o folk bucólico, (Sandy) Alex G chega pela primeira vez ao Brasil

O compositor norte-americano e ídolo indie toca em São Paulo, no Sesc Pompeia, nos dias 16 e 17 de janeiro

Igor Brunaldi Publicado em 16/01/2020, às 15h00

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(Sandy) Alex G (Foto: Tonje Thilesen)
(Sandy) Alex G (Foto: Tonje Thilesen)

Como é possível perceber logo no título dessa matéria, pluralidade sonora é um dos principais traços das composições de (Sandy) Alex G, músico que fez o primeiro show da carreira em território nacional na noite da última quarta, 15, em Porto Alegre, e toca em São Paulo nos dias 16 e 17, no Sesc Pompeia.

Destaque do cenário underground há uns bons dez anos, Alex pode ser considerado hoje um ícone do indie, e não é muito complicado de entender como ele conquistou esse status: basta abrir o catálogo extenso dele na sua plataforma de streaming preferida e dar play em três ou quatro músicas aleatórias. 

Finalizado esse processo aventureiro de descoberta, é seguro garantir que o caráter camaleônico desse artista atípico surpreendeu os seus ouvidos, e possivelmente também a sua cabeça.

Caso tenha dado sorte na escolha aleatória, você provavelmente presenciou as (pelo menos) três vertentes mais amplas de Alex G

A primeira delas, e talvez mais comum, é a do folk bucólico e melancólico, do tipo de som que combina perfeitamente com uma tarde tranquila passada à beira de um riacho, cercado por plantas e, quem sabe, algum animal que passe correndo por ali eventualmente. "Forever", do disco Trick (2015), pode ser usada para representar esse grupo de faixas em questão.

Na segunda, apesar de manter o ritmo vagaroso, o músico deixa de lado o instrumental orgânico para se transformar no mais sintético que consegue, com efeitos na voz e a incorporação de uma psicodelia inesperada. Em alguns casos (que se manifestam também no primeiro espectro analisado), a música chega até a lembrar algo como uma canção de ninar indie. Para exemplificar, ouça "Salt", do álbum Beach Music (2015).

E do mesmo jeito que chegou, a calmaria se vai, para dar espaço à terceira e última vertente presente na discografia dele: o punk explosivo extraído direto de uma mente conturbada. Essas são talvez as composições que mais assustam o ouvinte despreparado e se distanciam de tudo citado até agora. E por incrível que pareça, apesar dessa mudança brusca, a barulheira vertiginosa dessa fase ainda soa como (Sandy) Alex G.

Ouça como exemplo "Brick", do disco Rocket (2017).

Mesmo depois de tantas transições (que acontecem incontáveis vezes dentro de um mesmo disco), o mais impressionante é como ele consegue misturar tudo isso, as vezes, em uma única canção. É hibridismo musical que não tem mais fim.

Apesar desse compromisso que ele parece ter de percorrer diferentes gêneros musicais, tudo isso é, na realidade, uma simples manifestação um tanto quanto natural de inúmeras ideias que surgem na cabeça dele. Ou, como ele mesmo contou em entrevista à Rolling Stone Brasil, "apenas tento fazer música que seja divertida de ouvir".

E para completar, admitiu que não vê nada de muito peculiar e fora da curva nas próprias composições, e que também não sabe direito como elas refletem o universo que carrega dentro de si. "As vezes sinto que estou mentindo para mim mesmo com as minhas músicas, e outras vezes sinto que estou revelando verdades para mim mesmo. Depende do meu humor", disse.

Mas uma coisa de que ele tem certeza, é do impacto que o cinema tem no trabalho dele, e citou os longas Aniquilação (2018), Donnie Darko (2001), Frankie & Johnny (1991) e A Bruxa (2016) como os que mais influenciaram o modo como escreve as letras: "Acho que tem elementos desses filmes na maioria das minhas composições".

Alex contou por fim, com humildade e sensatez as vezes raras de serem encontrada em artistas jovens de sucesso, que apesar de achar surreal tocar no Brasil, tenta não pensar nessa conquista dessa forma. Afinal de contas, "pessoas irem a shows e apoiarem música no geral, até nos Estados Unidos, é surreal".

E sem esboçar qualquer indício de nervosismo que poderia sentir por ter apresentações agendadas em um país tão longe de casa, ele prometeu, para quem já é fã, "uma performance barulhenta e energética das músicas do House of Sugar e de alguns discos anteriores".

Para quem não está familiarizado com o som dele, mas talvez opte por ir ao show para conhecer uma banda nova, ele garantiu "um show de rock divertido".

Ouça abaixo "Gretel", hit do aclamado disco lançado em 2019, House of Sugar.