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Quando todos os artistas do pop se tornaram o DJ Khaled?

Vários dos popstar do mundo - Ed Sheeran, G-Eazy e Justin Bieber, entre outros - olham para a fórmula blockbuster para garantir o sucesso

Charles Holmes / Rolling Stone EUA Publicado em 12/07/2019, às 20h06

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Novo disco de Ed Sheeran traz a técnica pioneira do DJ Khaled: encha-o com o máximo de estrelas que conseguir (Foto: Shutterstock)
Novo disco de Ed Sheeran traz a técnica pioneira do DJ Khaled: encha-o com o máximo de estrelas que conseguir (Foto: Shutterstock)

Durante anos, críticos, ouvintes e fãs se fazem a mesma pergunta: “o que o DJ Khaled faz de verdade?” Ninguém realmente queria saber a pergunta, porque a resposta sempre teria de ir além. Mas, na verdade, DJ Khaled estava construindo um caminho de sucesso que fizesse certo sentido. Se o disco está minguando, os superstars  estão diminuindo, e os hits são cada vez mais imprevisíveis, o excesso somente vira uma estratégia bem pensada. 

Mais estrelas. Mais singles. Mais feats. Mais hinos. Mais ganchos. Mais jargões, mídias, memes, marketing, vídeos. E, principalmente: mais parcerias. Khaled ficou anos observando seus inúmeros hits evoluírem enquanto ele percebia os fatos óbvios. Singles com feats vão melhor do que músicas solo, e rappers populares e suas músicas ostentação vão bem. Isso é simples, mas 13 anos depois de seu breakout, a estratégia de corte criada por Khaled agora é empregada pelos principais nomes do pop. 

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E em lugar nenhum isso fica mais claro do que em No. 6 Collaborations Project, novo disco de Ed Sheeran. O disco de 15 música  traz a artimanha que fosse espera de algo que vai virar um grande hit de grande produtora: uma roupagem amigável (como as colabs com Khalid e Justin Bieber), grime ameno (Stormyz) e trap limpo (Travis Scott). E de sua maneira mais sem sentido, o álbum explode em tesão - e de algum modo alguém, não sei quem, deveria ser preso por deixar as letras “ela tem o hmmm, olhos castanhos, coxas caramelo / cabelo longo, sem aliança” chegar no feat de Camila Cabello e Cardi B, “South Border.” De modo semelhante, ouvir o dueto de Ed e Ella Mai , enquanto cantam “Estou aqui para o que você precisar, precisar / Para colocar tudo em mim” como em um mundo alternativo onde Usher é um conceito divertido, mas em uma execução boba. Sheeran é esperto o bastante para unir disparates: essas músicas todas vão entrar na playlist infinita de pop dos streamings e rádio. Sua gentrificação do pop, todas as individualidades dos sub-gêneros que Sheeran adora foram retirados para o consumo em massa. 

Justin Bieber, que apareceu no novo disco de Sheeran, também investiu mais e mais em grupos grandes e homogêneos. Desde seu Purpose em 2015, basicamente abandonou seu brilho solo no mundo dos superstar para fazer feats. Billie Eilish, Sheeran, duas faixas com DJ Khaled e Gucci Mane estão na lista de artistas que tocaram com ele. O retorno de Justin para os holofotes parece distante, mas ele manteve seu nome em pauta com vários lançamentos. 

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Nos últimos anos, outro popstar de nome entrou na teoria de que mais-é-melhor com ótimos resultados. Calvin Harris teve um verão de peso em 2017 graças a Funk Wav Bounces Vol.1,que teve Frank Ocean, Migos, PARTYNEXTDOOR, DRAM, Lil Yachty, Schoolboy Q, Young Thug, Pharrell, Ariana Grande, Travis Scott, Khalid, Nicki Minaj e vários outros. 

Maroon 5 se aproximou das paradas nos últimos anos com colabs. “Algo único para esta banda é que sempre olhamos para todos os estilos de música, desde nosso primeiro disco até agora, mas não vimos o rock”, disse Adam Levine, frontman, para Variety. “Não sei onde está o rock. Se está por aqui, ninguém me avisou. Toda a inovação e coisas incríveis que acontecem na música vêm do rap. É melhor do que tudo o mais. Rap é estranho e avant-garde e real, e por isso todos amam.”

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Como performance, o método de feats pode mudar a percepção do rapper de sucesso e crítico. G-Eazy, por exemplo. Mesmo que há tempos seja leal à parte comercial, o rapper se consagrou com uma falta de suporte distinta da comunidade do rap. Recentemente, Gerald dominou a arte de transformar sua plataforma de charts como uma vitrine para artistas negros em ascensão. E no remix de “No Limit” de G-Eazy,Cardi-B entregou uma de suas melhores criações, rapidamente desfazendo as ideias de que ela era artista de um hit só.

Em “West Coast”, o artista cedeu os holofotes para novos talentos como Blueface e ALLBLACK, enquanto se encontrava com reis da Califórnia atuais como YG e fazia raps com um sample do clássico de 1996 de Richie Rich, “Let’s Ride”. Antes e durante isso ele colaborou com várias outras lendas regionais: Juicy J, Juvenile, E-40, Snoop Dogg. E o resultado mais surpreendente é que G-Eazy frequentemente provou que é adepto de tirar seus compatriotas (ou pelo menos manter ambos) do rap. É uma estratégia que lhe rendeu hits, mas também respeito. 

Depois de quase uma década de questionar o que DJ Khaled faz, a resposta agora é clara. Pegando a rota mais óbvia para o sucesso para ele - mais, mais, mais - ele fez barulho e influenciou como a música pop é feita hoje. 

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