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Quem é esse barbudo?

Enigmático e carismático, Ciarán Hinds empresta seu talento a Aberforth Dumbledore em Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

Juliana Resende/BR Press Publicado em 18/07/2011, às 13h12

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Irreconhecível como Aberforth Dumbledore em <i>Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2</i>, Ciarán Hinds contracena com o também irlandês Pierce Brosnan, na comédia independente <i>Salvation Bouvelard</i> - Divulgação
Irreconhecível como Aberforth Dumbledore em <i>Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2</i>, Ciarán Hinds contracena com o também irlandês Pierce Brosnan, na comédia independente <i>Salvation Bouvelard</i> - Divulgação

(Belfast, BR Press) - Ciarán Hinds é daqueles atores que não se esquece - e que são reconhecidos mesmo com vários rebocos de maquiagem na cara. Se bem que, em Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 ele está quase irreconhecível. Esse versátil e talentoso norte-irlandês de 58 anos atua na última aventura do bruxo na pele de Aberforth Dumbledore, irmão mais novo do conhecido Albus Dumbledore, o grande bruxo-mestre de Howgarts.

Aberforth Dumbledore apareceu somente em Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007), mas vivido por outro ator (Jim McManus). Só mesmo sendo pottermaníaco para lembrar desse personagem. Mas agora, defendido por Hinds, ele se tornou uma das figuras secundárias mais marcantes do amplo rol de personalidades excêntricas que pululam no universo potteriano. "Ainda não sei como fui parar lá", brinca, com a mesma naturalidade que conta ter deixado Belfast para "ser um ator de teatro".

Por trás da barba

Quanto à inesperada participação em Harry Potter, Hinds diz: "Eu me diverti muito e confesso que fiquei um pouco tenso arrastando toda aquela barba no set". Ciáran Hinds acabara de filmar a superprodução, quando foi premiado na décima edição do Belfast Film Festival, com o troféu-pia. "Estou muito honrado", diz, em um tom entre jocoso e amável como pede o prêmio, bem no espírito da capital efervescente norte-irlandesa, onde o ator nasceu e inaugurou a tal premiação por sua "Contribuição Fora de Série para o Cinema e TV". Dias antes, ele havia sido premiado no Tribeca Film Festival, como melhor ator, pelo filme The Eclipse, disponível em DVD na Amazon on Demand.

Informal, low profile e simpático como um bom irlandês, Hinds concedeu uma entrevista exclusiva à BR Press, entre um café e um cigarro, no bar do tradicional Europa Hotel - onde, nos anos 70 e 80, durante os anos de chumbo do conflito na Irlanda do Norte, a imprensa internacional se hospedava. Sendo de Belfast e mesmo morando em Paris, Hinds diz que ainda se sente muito irlandês. Por acaso, em The Eclipse ele faz um dos poucos papéis irlandeses de sua extensa carreira - um pai viúvo aspirante a escritor, que vive de luto assombrado pelo fantasma da mulher, na cidadezinha de Cobh, em County Cork, na República da Irlanda.

Hollywood

O diretor de The Eclipse, Conor McPherson, ele conheceu enquanto estava em cartaz na Broadway com The Seafare

No caso de Hinds, não importa "o menino" que interprete - o déspota Caesar, no seriado da HBO Roma; o agente secreto, em Munique (2006); o gângster católico, em Na Mira do Chefe; um pedófilo, em Life During War Time (2009); de seu primeiro papel cinematográfico, em Excalibur (1981), aos personagens épicos nos filmes britânicos, como Jornada pela Liberdade (2006) e Persuasão (1995) -, haverá sempre um quê de clássico, algo de Charlton Heston, com aquele olhar profundo que transpassa a tela quando o ator entra em cena.

Agora, esses olhos são de Aberforth Dumbledore, que faz da despedida de Harry Potter algo literalmente mágico. "Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint estão fazendo isso por toda a vida Eu cheguei e não tinha ideia de quem, como e o quê Digo, eu tinha de ser o irmão mais novo de Dumbledore que tem cerca de 190 anos - eu, então, provavelmente, teria uns 156 [risos]". Ainda assim, Hinds abraçou o papel com sua habitual generosidade, apesar de revelar, baixinho, que seu sonho "é ser convidado para fazer pequenos filmes irlandeses, nos condados de Derry e Donegal". "É bom para minha alma irlandesa", afirma.