Adeptos da pirataria gastam cerca de £ 77 anuais em produtos da indústria fonográfica, contra £ 44 de quem rejeita download ilícito
As pessoas com hábito de baixar faixas ilegalmente na internet são, ao mesmo tempo, as que mais gastam para adquirir música. É o que diz um estudo britânico divulgado pelo jornal The Independent.
Segundo a Ipsos Mori, empresa especializada em pesquisas, os adeptos da pirataria desembolsam cerca de £ 77 (R$ 220) anuais para produtos da indústria fonográfica - £ 33 (R$ 94) a mais do que quem alega nunca ter adquirido indevidamente download protegido por direitos autorais.
A conclusão vai em contrapartida à tese de que a pirataria é o grande algoz da indústria musical, e num momento crucial para a questão: Lorde Peter Mandelson, secretário de Negócios britânico, anunciou recentemente que, a partir de abril, o governo britânico enviará cartas de alerta para infratores; em 2011, se não houver baixa de 70% no download de conteúdo ilegal, provedores poderão ser forçados a cortar a internet de quem persistir.
Em um ano, cerca de sete milhões de cidadãos no Reino Unido baixam música ilegalmente. A ação representa um golpe de £ 200 milhões (US$ 573 mi) para o mercado, segundo a Indústria Fonográfica Britânica. Recentemente, artistas como Lily Allen, Noel Gallagher e James Blunt se alinharam às companhias para combater a pirataria.
"A última abordagem do governo não vai ajudar a curar uma indústria doente", afirmou Peter Bradwell, da organização Demos, que comissionou o estudo realizado pela Ipsos Mori. "Políticos e companhias musicais precisam reconhecer que a natureza do consumo de música mudou, e consumidores estão exigindo preços mais baixos e acessos mais fáceis." Atualmente, os shows fornecem quase 75% do faturamento dos 35 artistas mais bem remunerados do mundo, sendo que a venda de álbuns só participa de 10% do valor total.
A pesquisa, que abrangeu 1000 usuários de internet, entre 16 e 50 anos, descobriu que uma entre 10 pessoas admitem baixar música, ainda que o ato fuja ao encontro da lei. Número tímido em comparação ao levantamento divulgado, no começo do ano, pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica. De acordo com a entidade, 95% das músicas conseguidas pela internet são de origem ilegal.
Mark Mulligan, da Forrester Research, lança nova luz sobre a questão: "As pessoas que trocam arquivos são aqueles interessadas em música. Elas estão usando o compartilhamento como mecanismo de descoberta. Temos uma geração de jovens que não tem conceito de música como uma commodity paga".