‘Rainha da Cetamina’ vai se declarar culpada pela morte de Matthew Perry por overdose
Segundo o acordo com os promotores, Jasveen Sangha admite ter vendido a cetamina injetada em Matthew Perry no dia em que ele morreu
Nancy Dillon
A mulher de Los Angeles acusada de vender a cetamina líquida injetada em Matthew Perry pouco antes de sua morte em uma jacuzzi há dois anos fez um acordo judicial com os promotores. As informações são da Rolling Stone.
Apelidada de “Rainha da Cetamina” nos documentos do tribunal, Jasveen Sangha, 42, concordou em se declarar culpada de cinco acusações federais, incluindo a de ter fornecido a droga que resultou na morte do ator, informaram autoridades nesta segunda, 18. Pelo acordo, Sangha também admite ter vendido quatro frascos de cetamina à vítima Cody McLaury em agosto de 2019. McLaury morreu horas após overdose.
Inicialmente, Sangha enfrentava nove acusações. Os promotores aceitaram retirar quatro delas na sentença, que envolviam suposta conspiração e posse de outras drogas. O novo acordo faz dela a quinta e última ré a se declarar culpada no caso de grande repercussão ligado a Perry.
Ainda não foi marcada a audiência em que Sangha mudará sua declaração de inocente para culpada. Na sentença, ela pode pegar até 20 anos de prisão federal por manter uma chamada “casa de estoque” de drogas, até 10 anos por cada uma das três acusações de distribuição de cetamina e até 15 anos pela acusação de distribuição que resultou em morte ou lesão grave. (O advogado de defesa de Sangha não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.)
O julgamento com júri de Sangha estava previsto para começar em 23 de setembro. Ela está presa desde sua detenção em agosto passado. Quando foi indiciada, os investigadores informaram ter apreendido 79 frascos de cetamina e “vários quilos de comprimidos de metanfetamina” em sua residência, durante uma batida em março de 2024.
Perry, conhecido mundialmente por interpretar Chandler Bing na sitcom Friends, morreu em 28 de outubro de 2023, aos 54 anos, devido aos efeitos agudos da cetamina, segundo a autópsia. O ator lutava publicamente contra um vício severo em drogas e chegou a escrever em sua autobiografia de 2022, Amigos, Amores e Aquela Coisa Terrível, que “já deveria estar morto”. No livro, ele relembra a primeira bebida alcoólica aos 14 anos, o vício em analgésicos após um acidente de jet ski e uma vida adulta marcada por internações e recaídas.
Nos autos, os promotores afirmam que Sangha vendeu 25 frascos de cetamina líquida a Perry em 14 de outubro de 2023 e outros 25 dez dias depois, usando como intermediário Erik Fleming, um dos coacusados. Segundo eles, Sangha sabia que o ator era o comprador. Os frascos eram de vidro sem rótulo, sem indicação da potência do entorpecente, que era aplicado por injeção intramuscular. Em mensagens de texto anexadas ao processo, Sangha escreveu: “Não tem marcação, mas é incrível – ele toma um e experimenta, e tenho mais se ele gostar”. Ela cobrava US$ 160 por frasco, enquanto Fleming revendia a US$ 220.
No dia da morte do ator, seu assistente, Kenneth Iwamasa, aplicou três injeções da cetamina fornecida por Sangha, disseram os promotores. Quando voltou de fazer compras, encontrou Perry boiando de bruços na jacuzzi de sua casa no bairro nobre de Pacific Palisades, em Los Angeles. Após a notícia da morte, Sangha contatou Fleming e pediu, em mensagens, que ele apagasse toda a conversa. Ela também alterou as configurações do aplicativo Signal para que as mensagens entre os dois fossem automaticamente deletadas.
As autoridades ressaltam que Sangha sabia, ou deveria saber, dos riscos das drogas que vendia: em 2019, McLaury já havia morrido com cetamina fornecida por ela em seu organismo. Na época, ela chegou a pesquisar no Google: “A cetamina pode ser listada como causa da morte?” após um parente da vítima responsabilizá-la pela overdose fatal.
Sangha foi apontada como uma das duas rés principais do caso, revelado em 2024. O outro era Salvador Plasencia, médico que também vendeu cetamina líquida a Perry nas semanas anteriores à morte. No mesmo dia em que ambos foram presos, os promotores anunciaram que já haviam obtido acordos de delação de Iwamasa e Fleming. Também firmaram acordo com outro médico, Mark Charvez, que fornecia cetamina a Plasencia.
Iwamasa foi o primeiro a cooperar, antes mesmo de o caso ser revelado. Em 7 de agosto de 2024, ele se declarou culpado de conspiração para distribuir cetamina causando morte, admitindo ter injetado Perry repetidas vezes sem treinamento médico. Sua sentença está marcada para 19 de novembro de 2025. Fleming se declarou culpado no dia seguinte, em 8 de agosto, por conspiração e distribuição de cetamina, resultando em morte; sua sentença será em 12 de novembro. Charvez será sentenciado em 17 de setembro.
Em junho, os promotores anunciaram que Plasencia também fechou acordo, declarando-se culpado em 23 de julho em um tribunal federal no centro de Los Angeles. Sua sentença está marcada para 3 de dezembro de 2025.
“Esses réus se aproveitaram dos problemas de dependência do Sr. Perry para enriquecer”, disse o então procurador federal Martin Estrada em entrevista coletiva no ano passado. “Eles sabiam que o que faziam era errado. Sabiam que estavam colocando em grande risco a vida do Sr. Perry, mas fizeram mesmo assim. No fim, esses réus estavam mais interessados em lucrar com Perry do que em cuidar de seu bem-estar.”
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