R.E.M., Pearl Jam e Trent Reznor (Nine Inch Nails) estão entre os integrantes de uma coligação de artistas que pretende pressionar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a fechar de uma vez por todas a prisão de Guantánamo.
Localizado na província cubana homônima, onde os EUA mantêm base naval, o presídio recebeu centenas de suspeitos de terrorismo a partir de 2001, quando o país norte-americano, envolto numa espiral de paranoia pós-atentados de 11 de setembro, lançou-se na guerra contra o terror sob liderança do ex-mandatário George W. Bush.
Muitos artistas adotaram para si a responsabilidade de ajudar a desativar Guantánamo - causa mister na campanha eleitoral de Obama. O apoio maciço da classe musical tem explicação: uma das metas da Campanha Nacional para Fechar Guantánamo, lançada na terça, 20, é obrigar o Arquivo de Segurança Nacional, em Washington, a liberar documentos confidenciais que detalham o uso de música alta como tática de interrogação.
"Em Guantánamo, o governo dos EUA transformou uma jukebox em instrumento de tortura", disse Thomas Blanton, diretor executivo do Arquivo, um instituto de pesquisa não-governamental, à agência de notícias Associated Press.
Porta-voz da CIA, agência de inteligência norte-americana, George Little rebate: a música teria sido usada apenas por motivos de segurança, em vez dos alardeados "propósitos punitivos".
Em comunicado oficial, o REM mostrou as credenciais pacifistas. "Passamos os últimos 30 anos apoiando causas relacionados a paz e justiça. Aprender que algumas músicas de nossos amigos podem ter sido usadas como parte de táticas de tortura sem o conhecimento ou permissão deles, isso é horrível. É anti-americano, ponto final."
Os músicos - Rage Against The Machine, Jackson Browne, Steve Earle, Roseanne Cash, Billy Bragg e Bonnie Raitt entre eles - têm companhia de ativistas liberais e militares aposentados na causa.
Em novembro de 2008, um comitê governamental publicou documento com múltiplas referências à prática de reproduzir música em alto volume para os prisioneiros, que podiam passar anos sem acusação formal do governo. Certa vez, um interrogador teria subido o volume para "estressar" um encarcerado, Mohamedou Ould Slahi, cuja fé o levava a acreditar que a música era proibida. Aconteceu em 2003, quando ele foi "exposto a vários padrões de luz" e repetidas execuções da faixa "Let the Bodies Hit the Floor" ("deixe os corpos caírem no chão"), da Drowning Pool, banda de metal nativa do Texas, terra natal de Bush.
Em 2005, a CIA expôs sua versão do fato em relatório cobrado por Jayne Huckerby, do Centro de Direitos Humanos e Justiça Global, da Universidade de Nova York. "Mascarar sons e prevenir comunicação entre os detidos" estavam entre os motivos para aplicação de música alta.
Outros artistas que tiveram faixas, sem permissão, executadas no complexo cubano: AC/DC, Britney Spears, The Bee Gees e Marilyn Manson.