Cantora deu início à turnê de 50 anos de carreira com show no aniversário da cidade
Sem grandes polêmicas, que marcaram as apresentações da roqueira em 2012, ano que supostamente marcaria sua aposentadoria prematura dos palcos, Rita Lee provou na noite desta sexta-feira, 25, porque é a rainha do rock brasileiro e um dos símbolos mais adorados de São Paulo. Em pouco mais de uma hora de show, durante a comemoração dos 459 anos da capital paulista, no Vale do Anhangabaú, ela obteve aplausos entusiasmados e botou todo mundo para dançar. Antes dela haviam se apresentado Zélia Duncan, Criolo e Emicida, e Arnaldo Antunes.
Com o centro de São Paulo praticamente lotado, apesar da incessante chuva de verão, Rita Lee, 67 anos, interpretou seus maiores sucessos, deu início às comemorações de 50 anos de carreira e declarou, em vários momentos, seu amor pela cidade. Em “Mania de Você”, cantou “Sampa, você me dá água na boca”. Depois afirmou que “se não fosse São Paulo, o Brasil seria menos”. Também não deixou de dizer “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Com o telão mostrando imagens aéreas da cidade durante a canção “Vírus do Amor”, ela garantiu: “Dizem que santo de casa não faz milagre? Ói eu aqui outra vez”. Uma brincadeira na medida certa para o inesperado retorno aos palcos. E ainda chamou o recém-eleito prefeito Fernando Haddad, aniversariante do dia, de “bonitinho e gostosinho”.
Em uma declaração dada poucos minutos antes do show, o guitarrista e marido de Rita Lee, Roberto de Carvalho, garantiu que eles tiveram 10 dias para ensaiar e, portanto, não fariam mais do que o trivial. Porém, prometeu que o show seria quente. E foi o que aconteceu com a apresentação de treze hits de diferentes fases da vasta carreira de Rita, todos eles cantados e dançados com entusiasmo pelo público. A cantora entrou no palco abraçada com a bandeira da cidade e interpretou, entre outras, “Agora Só Falta Você”, que abriu o show (nesse momento Roberto aproveitou para fotografar o público); “Reza”, o sucesso mais recente; “Doce Vampiro”, tendo ao fundo do palco a imagem de uma Lua; “Ovelha Negra”, acompanhada por imagens do álbum de família; a junção de “Banho de Espuma” com “Chega Mais”; “Papai Me Empresta o Carro”; “Ando Meio Desligado”; “Lança Perfume”; e “Flagra”, que apresentava no telão imagens de clássicos do cinema. No bis, acompanhada de sete músicos, incluindo duas backing vocals, o marido e o filho Beto Lee, a artista entrou com uma alegoria de cobra presa nas costas para interpretar “Erva Venenosa (Poison Ivy)”.
Rita Lee já havia sido a estrela principal das comemorações dos 450 anos de São Paulo, em 2004, e, segundo Roberto de Carvalho, a torcida é para que daqui nove anos eles estejam novamente num palco público da cidade que ela declara amar tanto, apesar dos problemas: “Cidade maltratada, suja e violenta. Eu já briguei muito por São Paulo. A porra não para e não vai parar”, ela disse. E o filho e guitarrista Beto Lee garantia antes do show: “O James Brown, para ganhar forças, ameaçou se aposentar quantas vezes? 50 anos de carreira não é para qualquer um. Hoje em dia qualquer um grava disco. O difícil é ter carreira. Ela continua fazendo história e vou tocar para ela e por ela nesse palco mais baixo, que nos deixará mais próximos das pessoas, numa proximidade frutífera”.
Foi o que aconteceu e muito provavelmente quem esteve no Vale do Anhangabaú saiu com vontade de ouvir Rita Lee cantar mais e fazer uma apresentação com mais novidades e consistência. Mas o fato é que, para seus detratores, ela provou mais uma vez que está muito viva e bem disposta a continuar contribuindo com o rock brasileiro e defendendo sua cidade-natal. Não é a toa que Caetano Veloso, na canção “Sampa”, definiu Rita como a “mais completa tradução” da metrópole.