Ritual de passagem
Em sua primeira visita ao Brasil, os britânicos do White Lies tocaram os hits de seu álbum de estreia e deram uma prévia do que vem por aí no segundo disco, intitulado Ritual
Por Stella Rodrigues
Publicado em 11/12/2010, às 18h46Conforme Charles Cave, o baixista do White Lies, havia adiantado em entrevista ao site da Rolling Stone Brasil (que você pode ler aqui), o primeiro show da banda em território nacional ganhou um set list bastante exclusivo em uma apresentação que foge do estilo das outras que a banda andava fazendo ultimamente. Depois de diversas performances solo do primeiro e único disco do White Lies, To Lose My Life Or Lose My Love, e mais outras muitas participações em festivais de prestígio do mundo todo, o White Lies desembarcou com sua turnê no Brasil, na última sexta, 10, para um show fora do comum, já que eles eram a atração principal do Design for Humanity, evento beneficente promovido pela marca de roupas Billabong que envolveu moda, arte e música. Tudo isso aconteceu no Hotel Unique, em São Paulo.
A apresentação do White Lies aconteceu para um público animado, mas relativamente pouco numeroso - já que o espaço também não era tão grande assim -, e pode ser definida como parte de um ritual de passagem do trio. Ao mesmo tempo em que Charles, Harry McVeigh (vocalista e guitarrista) e Jack Lawrence-Brown (baterista) colocam um ponto em uma primeira e bem-sucedida fase, começam a promover o segundo álbum, Ritual, que será lançado no próximo mês. Para tanto, um set list equilibrado de músicas já conhecidas do primeiro trabalho e novidades marcou a apresentação deles no Brasil, sendo que sete das 12 faixas tocadas pertenciam a To Lose My Life....
Um pouco antes de a banda subir ao palco, eram raros os que faziam plantão no gargarejo. A farta distribuição de bebidas que acontecia nos bares do evento e a exposição de arte do lado de fora pareciam ter a atenção da maior parte do público, até então, dando a (falsa) percepção de que muitos não estavam ali realmente para o show, mas sim para as outras atividades do evento, como o desfile que havia terminado pouco antes. Mas essa impressão errônea foi desfeita assim que as luzes se apagaram. Com uma área VIP que permitia encostar o umbigo no palco, a primeira fila foi tomada de fãs assim que começaram os primeiros acordes de "A Place to Hide". Assim, o White Lies provou, logo de cara, que era mesmo a grande atração da noite e que a maioria dos presentes tinha seus sucessos na ponta da língua.
A apresentação seguiu com "Holy Ghost", que integra Ritual. Ao contrário do que costuma acontecer, a aparição de faixas inéditas no set list não fazia o ritmo do show desandar. Embora ninguém soubesse cantar, todo mundo continuou dançando, batendo palma e curtindo a novidade. Mas foi com "To Lose My Life" que a noite esquentou de vez. Para quem estava encostado no palco, ou seja, com ótima visão, mas longe das caixas de som do ambiente, a voz do frontman chegou a ser encoberta pelo coro que se fez. Veja abaixo:
Na sequência, foi a vez de "Bigger Than Us", primeiro single de Ritual. O público entoou a faixa, a única já lançada do segundo disco, com a mesma destreza que cantou as canções do primeiro álbum. Depois da inédita "Peace & Quiet", mais um hit, "E.S.T.", que incendiou outra vez o espaço de eventos do Unique. O grupo, de poucas palavras, parecia esquecer o cansaço de um ano todo na estrada e se alimentar da empolgação do público. Quanto mais a plateia gritava, mas energia eles mostravam no palco. Em "E.S.T." isso ficou bem claro, foi momento em que o trio e seus dois músicos de apoio mais suaram e cansaram.
"From the Stars", música menos conhecida do disco de estreia, que separou os "muito fãs" dos fãs, foi um momento mais tranquilo do show, seguido por outra inédita, "Strangers". Mas durou pouco, pois logo chegou "Unfinished Business", seguida de "Farewell to the Fairground", no ponto alto da sexta à noite, quando a festa realmente ganhou cara de balada. Durante "Farewell...", inclusive, um grupo de fãs mais animadinho resolveu invadir - mais de uma vez - e dançar na passarela que estava montada ali para o já referido desfile que aconteceu anteriormente. Eram poucas pessoas, mas deram bastante trabalho para os seguranças. O trio londrino viu tudo achando graça.
Os fãs tiveram a chance de conhecer uma última inédita, "The Power & the Glory", antes da música que encerrou a noite, "Death", uma das mais celebradas e, também, mais pedidas ao longo da exata uma hora de performance.