Na primeira noite de apresentações no Ginásio do Ibirapuera, Roberto Carlos faz sequência de músicas sensuais para aquecer plateia
Solto, falante e bem humorado. Esse foi o Roberto Carlos que abriu a série de nove apresentações no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, temporada que faz parte das comemorações dos 50 anos de carreira do cantor e compositor. E mesmo com os 12 graus apontados pelos termômetros próximos ao local, o show foi quente. Se não pelo ritmo, que privilegiou as baladas, pela temática usada em boa parte dele: a sensualidade.
Sim, Roberto Carlos pode não ter os lábios carnudos de Wando, os olhos verdes de Chico Buarque, mas mexe com a libido feminina como poucos cantores brasileiros. E, para provar, mandou uma sequência de músicas descritas pelo próprio como sensuais. "A primeira desse tipo foi meio tímida", falou logo após "Proposta". "Depois, a coisa foi se soltando...". E Roberto preparou o terreno para "Seu Corpo", uma música lado B, que não chegou a ser hit estrondoso, mas tão ou mais direta do que as seguintes, "Os Seus Botões", "Café da Manhã" e "Cavalgada". E no meio dessa série, closes das mãos e do paletó branco semi-aberto do Rei apareciam no telão. Os gritos femininos não foram poucos.
Mas o show não foi só esse furor todo. Roberto passou pela fase gospel, pelo fetiche por baixinhas, por Lady Laura e pelos irmãos das boleias. "Ficava encantado pelas histórias dos caminhoneiros que passavam pela minha cidade. Se não fosse cantor, estaria num caminhão", confidenciou Roberto.
As 11 mil pessoas que lotaram o Ginásio do Ibirapuera viram um Roberto Carlos jovial que, sem a edição da TV, se mostra mais falante, simpático e brincalhão, principalmente com os membros da sua banda, a RC9. Após ser apresentado à plateia, o pianista Antonio Wanderley se levanta, pedindo mais aplausos. "E eu, que vejo essa cena há 30 anos? Mas não estou reclamando não, viu!", disse Roberto, que elogiou repetidas vezes sua banda e o naipe de cordas da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, que reforça o time nessas apresentações especiais.
É difícil sair de um show do Roberto Carlos sem enumerar ao menos umas 10 músicas que não foram tocadas, importantes não só para a sua carreira, mas também para a música brasileira (a década de 60, por exemplo, pouco apareceu nessa noite). Nesses nove shows que o cantor faz em São Paulo, ele pode tranquilamente bancar um repertório diferente para cada noite que, mesmo assim, ainda surgirão fãs descontentes com a falta desta ou daquela.
DVD e ingressos
Esse show foi bem diferente do apresentado no Maracanã. Quem não puder ir aos shows em SP (ainda há ingressos disponíveis para a arquibancada), poderá assistir ao registro em DVD do show no estádio carioca. Mas o coro de 11 mil vozes no verso "como é grande o meu amor por você" é melhor do que qualquer home teather de última geração.