Rock in Rio 2017: encontro de Ney Matogrosso e Nação Zumbi é interessante, mas não incendiário
Cantor ex-Secos & Molhados ficou aquém da capacidade performática e vocal em dia de Nordeste no palco Sunset
Lucas Brêda, do Rio de Janeiro
Publicado em 22/09/2017, às 22h26 - Atualizado às 23h04O dia no palco Sunset foi dedicado ao Nordeste e a temperatura no palco esteve alta. A abertura foi do Sinara (que recebeu o baiano Mateus Aleluia), o BaianaSystem colocou todo mundo para pular e o Grande Encontro fez a plateia cantar. Nação Zumbi, acompanhado por Ney Matogrosso, fechou a programação - de maneira menos intensa, mas ainda interessante.
Como o Nação Zumbi é comandado por Jorge du Peixe (um frontman não performático), Ney Matogrosso era o grande ponto focal em cima do palco. Ele, contudo, parecia acanhado. Cantou quando tinha de cantar, mas permaneceu paralisado com o microfone na mão em grande do show. Não chegou a comprometer, mas não atingiu a capacidade performática e vocal esperada pelo público.
O repertório careceu de clássicos do Nação Zumbi da época de Chico Science, como "Manguetown" e a "A Cidade", e valorizou faixas do último disco da banda, autointitulado, lançado em 2014 (entre elas "Cicatriz" e "Um Sonho"). Uma decisão corajosa para um festival de público tão genérico como o Rock in Rio. Já a porção Ney Matogrosso foi repleta de clássicos do Secos & Molhados (começou com "Mulher Barriguda" e foi de "Sangue Latino" a "Rosa de Hiroshima") e versões apropriadas de "Refazenda" (Gilberto Gil) e "A Ordem é Samba" (Jackson do Pandeiro), que ele gravou em 2004 com Pedro Luis e a Parede.
O set casou: Ney Matogrosso cantando em cima das guitarras de Lucio Maia é histórico e a voz dele namorou muito bem o grave de Jorge du Peixe. O encontro entre Matogrosso e o Nação Zumbi vale a pena, ainda que o protagonismo aquém de Matogrosso e um repertório não exatamente bombástico, como pede o Rock in Rio, fizeram do show o menos animado do dia nordestino no palco Sunset.
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