“Larguei a banda para ir atrás do meu sonho”, afirma o músico, que investe no projeto solo Esteban e em uma parceria com Humberto Gessinger
Na última quinta-feira, 29, os fãs do Fresno foram pegos de surpresa por uma mensagem no Facebook oficial: um comunicado anunciava a saída de Rodrigo Tavares, que estava na banda desde 2006.
Embora não fizesse parte do line-up original, Tavares se tornou peça-chave, assinando composições ao lado do vocalista Lucas Silveira e ajudando a mudar a identidade visual do quarteto gaúcho.
O Fresno foi capa da edição 51 da Rolling Stone Brasil. Clique aqui para ler a matéria.
A notícia foi inesperada não só para o fiel público do Fresno, como para os demais integrantes. O baterista Bell Ruschel foi o primeiro a ficar sabendo. “O Lucas e o Vavo [Mantovani, guitarrista] tinham viagem internacional marcada, não quis contar antes de eles irem. Como eu tenho uma relação pré-Fresno com o Bell, e ele é um cara que vive na minha casa, falei a real para ele”, conta Tavares em entrevista à Rolling Stone Brasil.
Depois da volta de Lucas e Vavo, Tavares fez mais três shows com o Fresno. Logo após o terceiro deles, deu a notícia. “Ninguém esperava, né? O Vavo ficou surpreso. E o Lucas entendeu na hora a minha filosofia”, diz o músico. “Quando eu saí, deixei bem claro que a gente tinha o resto da vida para discutir o assunto, mas naquele dia eu não queria entrar em um nível estressante da conversa, então foi muito rápido. Foram cinco minutos. No dia seguinte a gente fez uma reunião séria. Acho que o Lucas, por ser aventureiro e cheio de projetos, me entende.”
Desde 2009, Tavares trabalha em um projeto solo intitulado Esteban, no qual exercitava a veia de compositor e matava a saudade do violão e da guitarra, seus instrumentos “de origem”, como ele explica. O baixo só chegou para valer na vida dele quando ele entrou para o Fresno. “Eu adorava fazer o que estava fazendo, mas querendo ou não, ainda não era a minha coisa, o meu lance. Era um sonho do Lucas e do Vavo”, ele conta, revelando um dos motivos que o fez querer deixar o grupo.
Tavares continua. “Não sei se a palavra certa é egoísmo, a galera pode achar que sim, mas eu queria fazer a minha parada. Teve gente que falou que eu sou corajoso, mas se eu ficasse na Fresno eu seria muito cagalhão. Uma hora estaria defendendo uma bandeira que já não era mais minha. Ficaria lá por emprego, pela grana do fim de semana, pela fama que a banda tem.”
Embora o rompimento tenha sido brusco, Tavares garante que a relação de amizade segue inabalada. Tanto que ele pretendia, após esta entrevista, passar no estúdio de gravação onde seus antigos companheiros de banda registravam uma canção inédita, que deve ser lançada em breve.
Novos projetos
Adiós, Esteban, o primeiro álbum de Rodrigo Tavares (ou, em carreira solo, apenas Esteban), deve ser lançado em breve. As gravações já foram finalizadas (ele regravou todo o álbum após o rompimento com o selo Midas Music, de Rick Bonadio), mas o cantor, compositor e instrumentista ainda não decidiu como o trabalho será disponibilizado ao público. “Já falei com um monte de gravadora, mas também não acredito mais em gravadora. Acredito mais em distribuidoras, em que a master é tua e você faz o que quiser com ela.” É possível que o trabalho saia antes em versão digital. O que é certo é que em abril será divulgado o clipe de “Canal 12”, além de um webclipe com imagens de shows (“tenho todos gravados, desde o primeiro, que não tinha ninguém, até o último, com milhares de pessoas”).
Além de Adiós, Esteban, em breve deve sair um EP gravado em parceria com Aaron Marsh, ex-vocalista da banda norte-americana Copeland. O EP, que nasceu depois de os dois se conhecerem pela internet, deverá ser batizado Me and Esteban.
Mas, no momento, o “filho” a que Tavares se refere com mais paixão é a parceria com o ídolo dele, Humberto Gessinger. Os dois já lançaram uma faixa juntos, “Tchau Radar”, que ganhará vídeo em breve. E eles continuam compondo, embora ainda não haja planos concretos para um disco. “Aí entra a minha voz de fã, claro que eu queria ter uma coisa lançada que envolvesse o nome do Humberto. Acho que provavelmente sim, vamos trabalhar juntos. Mas não sei o que isso vai virar”, afirma Tavares. “Ele é um cara que tem a [dupla] Pouca Vogal, e é um eterno Engenheiros do Hawaii. E eu sou um cara que também tenho o sonho de um trabalho. Larguei a Fresno para ir atrás do meu sonho.”