Nenhum jornal britânico noticiou a apresentação de protesto
Se a maioria dos rockstars tocasse uma das músicas mais icônicas deles em frente ao prédio do Ministério do Interior britânico, a mídia iria cobrir. A não ser que o músico em questão seja Roger Waters, do Pink Floyd, principalmente se ele cantar apoio ao encarcerado fundador do WikiLeaks, Julian Assange.
Os maiores veículos jornalísticos ignoraram completamente a performance de Waters em frente ao ministério na noite da última terça, 3 de setembro. Uma pesquisa feita pelo banco de dados de jornais ProQuest encontrou “nada” de qualquer jornal inglês sobre o evento.
Uma pesquisa do Google News encontrou apenas a cobertura da apresentação pelo World Socialist Web Site, o Irish Examiner, jornal baseado no Equador, Telesur, e alguns veículos de imprensa turcos, assim como os russos RT e Sputnik, mas nada de nenhum jornal ou emissora britânicas.
E não foi por falta de divulgação: o evento foi fortemente promovido no Twitter pelo WikiLeaks e pelo próprio Waters, então parece que a falta de cobertura pela mídia do Reino Unido foi uma decisão consciente e um boicote, ao invés de puro desconhecimento.
Apoiadores de Assange tuitaram sobre a falta de atenção na mídia, e alegaram que jornais como o The Guardian são ferramentas da inteligência britânica para influenciar a população. “Se Roger Waters tocasse em qualquer rua do mundo seria uma grande notícia na mídia do país,” outro apoiador tuitou.
O membro do partido dos trabalhadores do Reino Unido Chris Williamson publicou que foi “o único membro do parlamento” a ir comparecer, e que a prisão de Assange é uma “agressão contra a liberdade de expressão e contra o jornalismo.”
A jornalista australiana Caitlin Johnstone criticou como a mídia cobriu “entusiasticamente” o concerto do bilionárioRichard Branson contra o presidente venezuelano Nicolas Maduro na fronteira do país em fevereiro - “porque era uma notícia que se encaixava com a narrativa correta da grande mídia.”
Assange foi preso em abril por violar as condições de fiança no Reino Unido e fugiu para a Embaixada do Equador em Londres, onde passou sete anos sob asilo, com medo da extradição por expor segredos do governo dos EUA.