Desde 2006, a Rolling Stone Brasil trouxe centenas de capas e reportagens memoráveis para o jornalismo brasileiro - conheça as pessoas que fizeram parte desta jornada
A Rolling Stone chegou ao Brasil há 15 anos. Nasceu do sonho de Luis Maluf que, em 2006, quis trazer a proposta da maior publicação de cultura dos EUA para cá. Ao longo desse período, foram 146 edições, nove edições de colecionador e quatro “Melhores da música brasileira.” Hoje, a Rolling Stone Brasil é online, e tem milhões de visitantes mensalmente. Em uma série de entrevistas em vídeos com pessoas que fizeram parte da marca, Ademir Correa - atual Diretor Digital e primeiro redator da revista - conta essa história.
Começou quando Luis leu uma Rolling Stone dos EUA com David Bowie na capa. Ficou impressionado com a diversidade de assuntos e facilidade de misturar um ao outro: “Falavam sobre música e estilo ao mesmo tempo. Era um mix de como Bowie rompia tendências e era uma pessoa a frente do tempo na música e no estilo. Pensei: ‘Precisamos disso!’ E nossas primeiras campanhas foram isso, mostrar como falávamos de mais de uma assunto. Era o único lugar com comportamento, música, entretenimento, política.”
+++ LEIA MAIS: Como Ziggy Stardust caiu na Terra e levou David Bowie ao estrelato
De lá, foi tentar emplacar. Luis trabalhava na revista da MTV, e pensou em oferecer a empreitada para André Mantovani, então CEO da marca. Não foi um retorno positivo. Depois, foi trabalhar para Caras, e levou a proposta com ele - mas também foi negada. Abriu para mais editoras, e teve retorno de seis - inclusive da Abril - mas o capital inicial dessas era alto demais. No final, Luis entrou em acordo com a Spring - na qual José Roberto Maluf, seu pai, e Miguel Civita eram sócios.
Os primeiros projetos traziam grandíssimos nomes da música brasileira na capa - primeiro, Seu Jorge. Depois, pensaram em Raul Seixas, o “nosso” rock ‘n roll. Civita ligou para o irmão, que morava nos EUA, para contar a novidade. “Meu irmão pegou as Rolling Stone que tinha e me disse: ‘mas não tem rock aqui!’” E me deu um estalo, pensei ‘estamos errados.’ Não podíamos ter o Raul Seixas na capa, seríamos rotulados de uma revista de rock, e não éramos - era uma revista de cultura pop. Precisávamos descobrir quem era esse ícone da cultura pop [na época].” A escolhida foi Gisele Bündchen.
+++ LEIA MAIS: 30 anos sem Raul Seixas: quais foram as 10 músicas mais buscadas do Maluco Beleza?
Nos 15 anos seguintes, a Rolling Stone se consagrou por trazer conteúdos diversos e completos. Eram textos longos, caprichados e bem recheados. O formato acabou virando “a cara” da marca - e, a revista, referência no estilo de jornalismo. Foram centenas de matérias memoráveis - da capa com Gisele, passando pela entrevista tripla com Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) nas eleições presidenciais de 2010, e chegando na imersão do Vintage Culture, DJ brasileiro e capa em 2020.
A partir de 2019, a Rolling Stone Brasil migrou do meio impresso para o digital. Com isso, as grandes questões também migraram - como fazer uma revista com conteúdo pop em tempos de internet. “Temos um palco muito grande, para muita gente. Encontramos muita gente boa - é desafiador entender onde vamos desenvolver mais, com qual artista vamos ter uma conversa legal. Hoje, um artista pode nem ter um disco e ser gigantesco. O Lil Nas X, por exemplo, estourou com uma música. É saber lidar com esse volume de informação,” explicou Yolanda Reis, editora online.
Se for para resumir a Rolling Stone Brasil em uma frase, Luis Maluf sabe bem: “Uma marca que fala tão bem de rock, de contracultura. Uma marca que expressa rebeldia pelo simples fato de existir.”