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Ron Howard fala sobre Jay-Z e da versão renovada de Arrested Development

“É hilário e muito corajoso”, diz o cineasta sobre a quarta temporada da comédia

Patrick Doyle Publicado em 16/09/2012, às 15h33

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Ron Howard terá que encontrar outro estúdio para realizar seu projeto de adaptação de <i>A Torre Negra</i> - AP
Ron Howard terá que encontrar outro estúdio para realizar seu projeto de adaptação de <i>A Torre Negra</i> - AP

Ron Howard é um dos maiores diretores de Hollywood, mas ultimamente ele tem se envolvido com trabalhos fora do reino dos blockbusters de estúdio e privilegiando outros tipos de projetos. "Meus filhos cresceram e acho que agora posso bancar o tempo de simplesmente ser pequeno, sabe, um pouco mais experimental", ele conta à Rolling Stone EUA. Aos 58 anos, Howard recentemente se juntou a Jay-Z em um documentário, que sai em 2013 e que ele dirigirá, a respeito do papel do rapper no Budweiser Made in America Festival. Ele também está servindo de mentor para James Murphy na estreia dele dirigindo um projeto e em breve retornará como o narrador dos novos episódios de Arrested Development. "É hilária e também muito corajosa em termos de estratégia para cativar o público com os personagens, e simultaneamente meio que reconfigurar a história deles nos novos contextos", disse sobre a nova temporada da série de comédia.

Você se divertiu na companhia de Jay-Z?

Sim, muito. A coisa toda foi interessante para mim. Nunca tinha entrevistado ninguém, para começar. Eu sou muito bom com os primeiros instintos e na primeiríssima vez que eu conheci [Jay-Z], há alguns meses, nos reunimos no escritório dele e havia algo nele que eu simplesmente respeitava. Acho que ele é muito verdadeiro a quem realmente é e tem muita clareza do que ele acha das coisas. Diria que é o oposto de volátil. Não sei qual é o oposto, mas ele é tremendamente focado. Já convivi com muitos artistas que também são bons com negócios, mas... em um momento eles soam como um artista e no seguinte parecem personagens de Mad Men. Jay-Z é um ótimo empresário e ele fala disso e gosta, ele não fica alternando. Ele tem um bom feeling do que acha que as pessoas vão gostar, porque ele meio que confia que, se ele gosta, há pessoas por aí que também vão gostar. E é isso que é interessante para mim: que ele é talentoso nessas areas, mas não percebo características cínicas e blasé.

E quando ele está no palco, a confiança que ele tem com o microfone é bem impressionante.

Eu pude assistir no pit, bem à beira do palco. Entendi algo em que eu nunca tinha pensado antes. Ele realmente se comunica, acho que é diferente de alguns dos outros artistas do hip-hop – eles eram ótimos no palco, muito dinâmicos e carismáticos -, mas de uma forma geral, toda ideia parecia ser uma comunicação com Jay-Z. Sempre achei isso de Sinatra. É uma conexão. É a história que eles estão te contando. Eu fiquei bem impressionado com isso. Eu nunca vi Eminem ao vivo, mas em 8 Mile – Rua das Ilusões, eu senti que isso estava acontecendo.

Você entrevistou o Odd Future. Como foi?

Gosto dos clipes deles. Estou rindo em um minuto e de queixo caído no próximo. Acho que são tão malucos e ótimos, gosto muito deles. Eu e [Tyler, the Creator] começamos a conversar e ele ficava me olhando, apertando os olhos e dizendo: "Você é doente. Você é doente" [risos]. Eu meio que sabia que era um elogio, mas fiz piada depois dizendo que “eu achava que estivesse com uma aparência normal!”

Eu estava tentando descrevê-los para alguém. É meio como se existissem os Irmãos Marx e o National Lampoon... essa coisa de caos coletivo. É bem legal ver esse tipo de anarquia e expressão própria se complementando tão bem. Na verdade foi Jay-Z que se interessou mesmo por eles. Ele me disse que ele, sabe, a Roc Nation, queria contratá-los e eles negociaram, mas acabou que no fim das contas o Odd Future não queria ser contratado. Eles queriam contar somente com eles mesmos.

Teve algum destaque no festival?

Acho que foi poder falar com D'Angelo.

Essa é uma entrevista muito rara.

É, eu não acho que ele tenha dado muitas. Eu não caracterizaria a entrevista como sendo inquisitiva, mas como o assunto era o evento, fiquei contente que pude compartilhar com ele o que estava ouvindo de todo mundo – que era que todo mundo estava impressionado com a reaparição dele e essa nova forma de ser músico. Ouvi isso de muitas pessoas. E eu repassei isso a ele, então, mais do que fazer a entrevista, fiquei feliz de poder contar isso a ele. E ele, acho, ficou lisonjeado de ouvir isso. Ele é muito concentrado e esforçado e acho que estava feliz de estar lá.

Quando você era mais jovem, por causa de Happy Days e Loucuras de Verão, as pessoas te associavam com música dos anos 50 e começo dos anos 60. O que você ouve?

Eu nunca fui muito consumidor e a gente não ouvia muita música em casa, exceto na época de Natal, quando era só Bing [Crosby], Nat King Cole e The Everly Brothers. Mas nunca se tornou uma paixão. Eu não ouvia música quando fazia lição de casa ou quando trabalho em um roteirio. Eu tendo a olhar a esmo o NPR e notícias.

É interessante também que esteja trabalhando com James Murphy.

Sim! Meus filhos cresceram e acho que agora posso bancar o tempo de simplesmente ser pequeno, sabe, um pouco mais experimental com o que faço nos períodos em que estou longe do cinema e da TV, que ainda são meu foco. James Murphy apareceu com esse projeto, Canon's Imagination. Esse é o segundo ano dele e ano passado nós fizemos e minha filha Bryce dirigiu o filme. As pessoas mandaram imagens indicando suas próprias fotos em categorias narrativas. O público votou e foram escolhidas dez finalistas. Ano passado, escolhi uma de cada categoria e entreguei para Bryce, ela tinha que dirigir o filme. Foi um sucesso, um ótimo experimento criativo. Queríamos alguém do mundo da música e James Murphy é tão criativo, visual, talentoso e inteligente. Então, estou muito curioso para ver o que ele vai fazer com esse exercício. Acho que vai me inspirar. Teoricamente, devo oferecer algum caminho e apoio, mas acho que ele é uma dessas pessoas que me deixam mais curioso para ver o trabalho do que preocupado com o programa como um todo.

Você trabalharia com Jay-Z novamente?

Eu faria um documentário sobre Jay-Z. Sim, faria. Quer dizer, o documentário atual não é exatamente sobre ele, mas ele é central. Mas se eu tivesse a chance e achasse que pudesse fazer um trabalho digno dele, sabe, acho um ótimo assunto. Ele certamente é um ótimo assunto.

Como está indo com Arrested Development?

Muito bem. Tem um ótimo artigo que alguém fez, uma entrevista com Mitch Hurwitz. É muito engraçada. A série é hilária e também é muito corajosa em termos de estratégia para cativar o público com os personagens, e simultaneamente meio que reconfigurar a história deles nos novos contextos.